“Não queremos turismo de massas”, diz Rui Moreira que quer descentralizar a oferta turística da cidade
Descentralizar a oferta turística do Porto, aliviando o centro histórico, aumentar o tempo de estadia dos turistas e atrair cada vez mais visitantes da América e da Ásia. São estas as estratégias.
Se há alguns anos, o Porto adotou uma “estratégia que passava pela massificação” para andar nas bocas do mundo e atrair cada vez mais turistas face ao “deserto que era a Baixa” da cidade, agora a linha orientadora é outra. “Já nos podemos dar ao luxo de fazer opções e segmentações, de optar por um turismo sustentável em termos ambientais e ao nível do impacto que tem na população”, afirma o presidente da Câmara Municipal, Rui Moreira, durante a apresentação “Visão de Futuro” para o setor.
Com os números de turistas a disparar no Porto – segundo a autarquia, 4.523.250 passageiros desembarcaram entre janeiro e setembro deste ano, no aeroporto Sá Carneiro, no Porto -, o independente Rui Moreira é apologista de que é preciso ter uma nova “Visão de Futuro” para o setor. Ou seja, aumentar o tempo de estadia na cidade e atrair visitantes da América e da Ásia, assim como descentralizar para “aliviar um bocadinho a pressão do centro histórico“, resume.
“Não queremos uma massificação de turismo, mas sim, um turismo mais sustentável. Pretendemos que venham à procura e à descoberta dos vários territórios”, começa por dizer o autarca independente. Por isso mesmo, serão criadas novas rotas pela cidade, novas experiências de marca, uma maior oferta de programas turísticos disponíveis. Além de a autarquia diversificar a oferta turística tradicional assim como apostar na promoção internacional do destino Porto de forma integrada e harmoniosa em toda a cidade.
Já nos podemos dar ao luxo de fazer opções e segmentações, de optar por um turismo sustentável em termos ambientais e ao nível do impacto que tem na população.
Ainda a propósito das opções do passado, quando “o Porto era um segredo na Europa, uma cidade praticamente desconhecida” por desvendar e se deu depois o boom turístico, Rui Moreira deixou bem claro que não é altura para arrependimentos, porque a estratégia da altura foi a mais indicada. “Andar na Baixa era andar num deserto” e muitas pessoas até tinham receio de andar na rua.
“Nessa altura, não podíamos, ser esquisitos. Queríamos turistas, empresas e desenvolvimento e não nos podemos arrepender do caminho que fizemos que permitiu que a cidade mudasse de uma forma absolutamente inesperada”. Aliás, vincou o autarca, “o turismo foi o acelerador que se precisava para mudar a cidade da sua vivência e economia”.
Nessa altura, não podíamos, ser esquisitos. Queríamos turistas, empresas e desenvolvimento e não nos podemos arrepender do caminho que fizemos que permitiu que a cidade mudasse de uma forma absolutamente inesperada.
Agora, é tempo de lançar uma nova visão para o Porto, “um dos destinos mais competitivos e sustentáveis”. Um turismo assente na sustentabilidade e não de massas. São estes os grandes planos do município e é assim que a autarquia quer que a cidade seja reconhecida como destino turístico, assente em pilares como descentralizar a oferta turística, aliviando o centro histórico, aumentar o tempo de estadia dos turistas e atrair cada vez mais visitantes da América e da Ásia. A vereadora do Turismo e Internacionalização, Catarina Santos Cunha, adiantou, por sua vez, que existe um grupo de trabalho, em parceria com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-Norte), para captar visitantes de mercados como o oriental e o norte-americano.
“Mas também percebemos que, ao longo deste tempo, se criaram um conjunto de pressões”, admite Rui Moreira. O objetivo é claro: “Contribuir para uma maior harmonia entre a cidade, os moradores e visitantes”, sublinha o autarca do Porto.
Entre as medidas a avançar estão, por exemplo, a elaboração de novos mapas turísticos, com novas rotas temáticas, a criação de normas e condições para regular a atividade dos animadores de rua, além da formação gratuita para capacitar e qualificar os profissionais do setor do turismo. Também vai ser desenvolvida uma etiqueta “Designed in Porto” que vai funcionar como um selo de qualidade e como elemento de promoção do design do Porto, avança a vereadora Catarina Santos Cunha.
Por fim, o presidente Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), Luís Pedro Martins, considera que este plano tem uma “visão holística, é olhar para a cidade como um todo”, e uma forma de contrariar a massificação, “evitando o excesso de turismo no centro histórico, nos mesmos bairros“.
Após a “apneia” da pandemia, os números estão aí para provar que não só houve uma retoma do turismo, como também disparou. Só o Porto cresceu 39,8% em julho quando comparado com igual período de 2019. Segundo a autarquia, residem no Porto mais de 55 mil estrangeiros, metade dos quais de nacionalidade brasileira. E calcula em 2.337 as empresas estrangeiras, bem mais do que as 1.496 registadas em 2019, antes da pandemia.
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