Lisboa isola-se do resto do país com competitividade acima da média europeia, mas Norte ganha na Saúde

Área Metropolitana de Lisboa continua a ser a região mais competitiva do país, posicionando-se acima da média europeia, de acordo com o relatório da UE. Mas é o Norte que lidera no indicador da saúde.

Apenas a Área Metropolitana de Lisboa (AML) continuou a apresentar níveis de competitividade acima da média europeia, entre 2016 e 2022, ficando o resto do país aquém dos indicadores europeus, principalmente os Açores, de acordo com o mais recente Índice de Competitividade Regional (ICR), publicado pela Comissão Europeia. Mas é a região Norte que lidera na área da saúde, tendo sido também a que mais evoluiu ao longo destes seis anos no ranking europeu.

A boa notícia acontece precisamente no indicador da educação — ensino obrigatório –, onde as regiões nacionais estão acima da média europeia. Já o mesmo não se pode dizer no que toca à estabilidade macroeconómica, uma vez que todas as cinco regiões do Continente — Norte, Centro, AML, Alentejo e Algarve — e as ilhas da Madeira e dos Açores se situam, em 2022, abaixo da média europeia com 83,3. “A estabilidade macroeconómica é essencial para garantir a confiança nos mercados, tanto para os consumidores como produtores de bens e serviços”, lê-se no relatório da Comissão Europeia, o primeiro a já não incluir o Reino Unido.

O ICR mede as diferentes dimensões de competitividade em todas as regiões da União Europeia (UE), mostrando que ainda existem grandes diferenças entre as regiões da UE, mas também que as menos desenvolvidas têm vindo a melhorar a sua competitividade. Este índice permite ter uma perspetiva europeia sobre a competitividade das regiões com base em 68 indicadores, sabendo-se, à partida, que as mais competitivas têm vantagens significativas em desenvolvimento económico e têm o PIB per capita mais elevado.

Este índice revisto dá uma visão mais aprofundada dos diferentes níveis de competitividade nas regiões da UE e é um instrumento precioso para uma melhor elaboração de políticas.

Elisa Ferreira

Comissária na União Europeia

Para Elisa Ferreira, comissária da Coesão e Reformas na União Europeia, “a competitividade territorial é a capacidade de uma região para oferecer um ambiente atraente e sustentável às empresas e aos residentes para aí viverem e trabalharem”. Segundo Elisa Ferreira, “este índice revisto dá uma visão mais aprofundada dos diferentes níveis de competitividade nas regiões da UE e é um instrumento precioso para uma melhor elaboração de políticas”.

No caso de Portugal, é no indicador da saúde que o Norte mais se evidencia ao superar a média europeia com 102,1 e ao destronar a AML que atinge os 96,4. Se analisarmos o desempenho da região Norte, em 2022, é também no parâmetro da educação básica que mais se destaca com 108,2 no ranking europeu a que se segue a inovação com 107,5.

Mas o cenário muda de figura ao nível da qualidade e eficiência das instituições, com o desempenho das regiões portuguesas abaixo da média europeia: a AML com 98,3, a que se segue a região Centro com 96,5 e depois o Norte com 92,6, e o Algarve e Alentejo acima dos 90. O indicador instituições capta a qualidade e eficiência destas, o nível de corrupção, assim como se “o clima institucional é favorável ao empreendedorismo”, lê-se no relatório.

Por oposição, as cinco regiões de Portugal Continental conseguem destacar-se neste ICR no que toca à sofisticação dos negócios, ainda que a AML continue a liderar, posicionando-se a uma grande distância das restantes com 164,7, a que se segue o Algarve com 121, o Centro com 109,8 e só depois surge a região Norte com 102,8. Já o Alentejo por apenas 1,5 não atinge a média europeia assim como as regiões autónomas da Madeira e dos Açores, com 91,5 e 88,4, respetivamente. A sofisticação do negócio representa a especialização e diversificação assim como o papel da região para alavancar a economia e responder à concorrência.

Uma grande discrepância entre as regiões europeias ocorre no parâmetro do ensino superior com os Açores a destacarem-se pelo pior desempenho (27,7), que fica muito aquém da média europeia e a uma grande distância da AML que se posiciona com 111,7. Ainda assim, todas as restantes regiões ficam a abaixo — Norte (85), Centro (81,2) — com a Madeira (68,9) e o Alentejo (59,1) a menos de metade da média europeia neste indicador fulcral para a produtividade e o crescimento económico.

Mais uma vez, a AML supera a média europeia ao nível da prontidão tecnológica com 110,9 e todas as restantes regiões continentais ficam a poucos pontos percentuais. O mesmo acontece ao nível da eficiência do mercado de trabalho com a região da capital lisboeta (102,4) a posicionar-se sozinha acima da média europeia, seguida muito de perto pelas restantes regiões — Centro com 99,5 e o Norte com 95,9.

Açores e Madeira distanciam-se da Europa na dimensão dos mercados

Ao nível do indicador dimensão dos mercados, as notícias não são as mais promissoras com os Açores (25,4) e a Madeira (25,9) a uma grande distância de atingirem a média europeia. E nem a AML o consegue, ficando a 0,2 pontos. Este índice visa “descrever a dimensão do mercado disponível às empresas, o que influencia diretamente a sua competitividade” e, por consequência, o empreendedorismo e a inovação, lê-se no relatório.

Também no tópico infraestruturas o panorama nacional não é o melhor, quando comparado com a União Europeia, com apenas a AML a posicionar-se acima da média europeia com 130,6 a que se segue o Algarve com 98,1 e só depois o Norte com 91,5. O pior desempenho é das regiões autónomas dos Açores (53,3) e da Madeira (57,6), muito aquém da média europeia. Mais uma vez, os Açores ficam abaixo da média europeia no indicador inovação com 37,4 seguidos do Algarve com 37,7, em contraposição com os 118,1 da região da capital portuguesa.

“As economias desenvolvidas precisam de ser na vanguarda das novas tecnologias, produzindo produtos e processos para manter a sua vantagem competitiva. O nível de capacidade de inovação de uma região tem impacto nas formas de que tecnologia é difundida dentro da região”, de acordo com o Índice de Competitividade Regional.

O Índice de Competitividade Regional mostra ainda que as regiões de Utrecht, Zuid-Holland e Île-de-France, que inclui a capital francesa, são as mais competitivas da UE. Já no Sul da UE, as regiões de Portugal, Espanha e a maior parte da Grécia melhoraram o seu desempenho.

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