Arranque “em pleno” da rede de autocarros Unir só no início de 2024, admite líder da Área Metropolitana do Porto
O presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP) admitiu que "já devia haver" horários e informações nas paragens de autocarro, conforme previsto no caderno de encargos.
O presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP), Eduardo Vítor Rodrigues, admitiu esta quinta-feira à Lusa que o arranque “em pleno” da Unir, nova rede de autocarros da região, possa acontecer apenas no início do próximo ano.
“Eu quero acreditar que no início do ano nós estamos a arrancar em pleno, e depois a partir daí é conseguir atingir os patamares de excelência”, disse hoje à Lusa o também presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.
Questionado sobre se o arranque tumultuoso da nova rede Unir pode ter sido uma má propaganda ao transporte público, e se conseguirá recuperar as pessoas afetadas pelas falhas, considerou que “da maneira que o serviço estava, é impossível ir para pior”.
“Eu acho que volvidos estes dias de ajustamento e de adaptação as coisas tendem a melhorar, e nós vamos é conquistar gente para o transporte público”, vaticinou.
Na terça-feira, a Unir, a marca criada para gerir a nova rede de 439 linhas que arrancou na sexta-feira na AMP, comunicou que está a refazer os horários dos lotes Norte Nascente, Sul Nascente e Sul Poente.
“Eu acho que na próxima semana teremos horários semi-definitivos e depois é aproveitar até ao fim do mês para ajustar tudo o que tivermos de ajustar”, disse.
Apesar do arranque tumultuoso, Eduardo Vítor Rodrigues considerou que foi positivo o adiamento do início da operação de novembro para dezembro, já que este “é um mês um bocadinho mais tranquilo, tem menos tempo de aulas, permite ajustamentos, permite libertar autocarros no período das férias para irem pintar, para se adaptarem”.
“Ainda na semana passada tínhamos um barco a chegar a Leixões com autocarros”, ao mesmo tempo que, no arranque da rede, eram notadas falhas no serviço regular e escolar, com autocarros descaracterizados e sem haver informação nas paragens.
Eduardo Vítor Rodrigues reconheceu, “sem querer desculpar”, que “já devia haver” horários e informações nas paragens de autocarro, conforme previsto no caderno de encargos, mas lembrou que no tempo dos anteriores operadores também “nunca houve, à exceção da STCP”.
“Temos nós próprios que fazer os ajustamentos devidos nos abrigos, nos postaletes, e temos que reconhecer que é um processo também duro por aquilo que significa de mudança e de resistência à mudança, e nalguns casos de boicote à mudança”, disse, referindo-se aos anteriores operadores.
Quanto às novas empresas, questionado sobre se ficaram abaixo das expectativas, Eduardo Vítor Rodrigues disse que estas “tiveram um conjunto de constrangimentos”.
“As pessoas falam nos três anos e meio ou quatro anos do concurso, mas verdadeiramente os operadores só tiveram título habilitante para ir ao banco, para comprar autocarros, para mandar vir motoristas de fora, quando o Tribunal de Contas deu o visto, que foi em final de abril”, justificou.
Ao mesmo tempo, referiu que as entidades estiveram ocupadas com “coisas invisíveis”, como garantir o alojamento às famílias dos cerca de 160 motoristas contratados no estrangeiro, nomeadamente em Cabo Verde e no Brasil.
Questionado se não era mesmo possível ter feito melhor neste arranque, o líder da AMP admitiu que “nem tudo correu bem”, mas defendeu que se trata de “uma mudança suficientemente radical para que as pessoas, de repente, passassem a ver situações completamente distintas” face à realidade anterior.
O líder da AMP disse ainda que a criação da empresa metropolitana (entretanto aprovada, mas ainda sem funcionar), que defendeu em 2020 e 2021, teria feito com que as coisas tivessem “corrido bem”, já que teria sido “a estrutura técnica fundamental” que a AMP não tem.
“Quando isto estiver a correr bem, as pessoas vão perceber que há aí muitos ‘papagaios’ que andam aí a atirar responsabilidades, que nunca fizeram nada por este projeto e que vão beneficiar deste projeto, e vai ser um grande projeto metropolitano”, vaticinou.
Porta da Queixa já recebeu quase 200 reclamações
A nova rede de transportes da Área Metropolitana do Porto (AMP) está a causar uma onda de indignação por parte dos passageiros. O Portal da Queixa já recebeu cerca de 200 reclamações dirigidas à UNIR, sendo que os atrasos, falta de autocarros e falta de informação são as principais.
Entre os principais motivos de reclamação dos passageiros estão: os atrasos, ou seja, o incumprimento dos horários programados dos autocarros, a gerar 72% das reclamações, seguido da falta de autocarros (22.6%). Segue-se a alteração de carreira (3,2%), referente a casos onde há mudanças sem aviso. A conduta inapropriada do condutor do autocarro também foi denunciada em 2,2% das reclamações registadas pelos utentes.
Entre 22 de novembro e 6 de dezembro, os passageiros publicaram na plataforma perto de 200 reclamações dirigidas à UNIR. A contestação começou antes do início da circulação dos novos autocarros, assim que os consumidores tiveram acesso à informação sobre as linhas e horários e reclamaram supressões de linhas. Foram 13 reclamações em novembro e já são contabilizadas 180 queixas em dezembro, sendo que, o maior volume de ocorrências foi registado no dia 5 deste mês, segundo dia oficial de operação da UNIR (61 reclamações), mais 7% do que no dia anterior (4 de dezembro), onde se observaram 57 queixas.
Gaia quer comprar ou arrendar terminal da UTC para fazer interface nos Carvalho
A Câmara de Gaia quer comprar ou arrendar à União de Transportes dos Carvalhos (UTC) o terminal da empresa, para construir no local um interface de transporte rodoviário de passageiros, disse à Lusa o presidente da autarquia.
“O nosso interface nos Carvalhos está pressuposto ser o interface atual da UTC. Estamos em negociações para arrendar ou comprar o terreno, e fazer lá o verdadeiro interface”, disse hoje à Lusa Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara de Gaia e da Área Metropolitana do Porto (AMP).
Em causa está o suposto interface dos Carvalhos, um dos principais pontos de ligação, no sul da AMP, entre as linhas da nova rede metropolitana de autocarros denominada Unir, que arrancou na sexta-feira.
Na segunda-feira, primeiro dia útil de operação da Unir, rede que veio substituir os serviços de cerca de 30 operadores privados rodoviários na AMP, a Lusa constatou que os autocarros paravam num espaço em frente aos Bombeiros Voluntários dos Carvalhos numa zona que, na prática, é um parque de estacionamento para automóveis.
No local não há abrigos, não há os prometidos postaletes com números das linhas, não há sequer o sinal de trânsito azul informativo de que se está numa paragem de autocarro e as pessoas estão de pé. Os veículos têm até dificuldade em dar meia volta dentro do ‘interface’, tendo que fazer uma manobra para chegarem à suposta paragem.
Eduardo Vítor Rodrigues reconheceu à Lusa que “o que há nos Carvalhos não é verdadeiramente um interface, é uma solução provisória, transitória”.
“Eu acredito que nas próximas semanas vamos ter o feedback definitivo e vamos ou adquirir ou arrendar, e montar ali um verdadeiro interface, que seja uma coisa digna”, disse à Lusa.
Segundo o autarca de Gaia, não foi possível comprar ou arrendar o atual espaço da UTC enquanto a empresa estava a operar no território.
“Até ao dia 30 de novembro, a UTC usava aquilo como seu interface, e não há maneira de, no dia 01 de dezembro, de repente ‘tira uma coisa e mete outra’, e de repente termos um interface agora da Câmara”, justificou.
(Notícia atualizada às 11h55 com mais informação)
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