Linha Rubi vai acrescentar 12 milhões de utilizadores por ano ao Metro do Porto

As obras da Linha Rubi do Metro do Porto, entre a Casa da Música e Santo Ovídio, arrancam ainda este mês para estarem concluídas até ao final de 2026. Incluem uma nova travessia sobre o rio Douro.

As obras da Linha Rubi do Metro do Porto, entre a Casa da Música e Santo Ovídio, arrancam ainda este mês para estarem concluídas até ao final de 2026, sem hipótese de derrapagem por ser financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Esta nova “linha vai acrescentar mais 12 milhões de utilizadores por ano na rede de metro”, calculou esta terça-feira o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, durante a assinatura da consignação desta empreitada ao consórcio FCC, ACA e Contratas y Ventas, por 379,5 milhões de euros, nas Caves Ferreira, em Vila Nova de Gaia.

Tiago Braga destacou a importância da Linha Rubi para a coesão social e territorial, “num aumento anual de cerca de 12 milhões de utilizadores na rede de metro”, que tem atualmente em execução a expansão da linha Amarela e a construção da nova linha Rosa — esta última com conclusão prevista para o segundo trimestre de 2025.

Já a primeira fase do metrobus da Boavista estará pronta até ao verão deste ano, adiantou o mesmo responsável. No final destas empreitadas haverá uma espécie de “anel de serviço de metro e rodoviário”, ilustrou Tiago Braga, realçando que os utilizadores verão conjugados “os fatores tempo, conforto e fiabilidade, antecipando que “mais de cinco milhões” deixarão de utilizar o automóvel nas deslocações diárias.

O desincentivo à utilização do automóvel, em benefício do transporte coletivo, também foi destacado pelo autarca do Porto, durante a mesma cerimónia. “Hoje perde-se muito tempo e dinheiro em transportes de outra natureza. Estamos a desenvolver a oferta de transporte público de qualidade para depois criarmos inibições ao transporte individual. Vai ter que haver mais transporte coletivo”, defendeu Rui Moreira, assinalando o “extraordinário investimento público” na mobilidade urbana.

Crítico da fase de arranque da Linha Rubi, o presidente da Câmara do Porto reconheceu terem existido tensões durante o processo, mas considerou que elas permitiram “melhorar as decisões”. “Estou convencido que, quando tivermos a solução da mobilidade resolvida, as pessoas vão perceber que essa tensão valeu a pena e que quem levou a cabo estas obras, com dificuldades e constrangimentos, fez o que os cidadãos estavam à espera”, notou. Até porque, completou, “o transporte público é o futuro das nossas cidades [e] é preciso fazer investimento”.

Também o autarca de Vila Nova de Gaia assinalou o papel da futura Linha Rubi, que ligará Santo Ovídio à Casa da Música através de uma nova ponte, para o desenvolvimento económico e para a reabilitação urbana ao longo de todo o percurso. Assim como em prol da criação e afirmação de um território mais sustentável e acessível. Para Eduardo Vítor Rodrigues, este projeto tem “um papel vital” na transformação do território.

Houve tensões, mas foi essa tensão que permitiu melhorar as decisões. Quando tivermos a solução da mobilidade resolvida, as pessoas vão perceber que essa tensão valeu a pena e que quem levou a cabo estas obras, com dificuldades e constrangimentos, fez o que os cidadãos estavam à espera.

Rui Moreira

Presidente da Câmara Municipal do Porto

“A Linha Rubi é a espinha dorsal e um verdadeiro sistema de transporte público“, frisou o edil gaiense, defendendo, tal como o homólogo do Porto, que esta ligação será também uma “alternativa eficaz e eficiente” ao trânsito rodoviário. O autarca destacou ainda a importância desta linha homenagear “um setor económico marcante” para a região Norte e o país, uma vez que a nova travessia sobre o Douro terá a designação “Ponte D. Antónia Ferreira, a Ferreirinha”.

A 20 de dezembro, o Tribunal de Contas concedeu visto prévio ao contrato de construção da Linha Rubi. A empreitada foi atribuída ao consórcio Alberto Couto Alves (ACA), FCC Construcción e Contratas y Ventas, pelo valor de 379,5 milhões de euros, na sequência do concurso público internacional. A construção desta linha acrescenta 6,4 quilómetros à rede de metro na região do Porto e implica um investimento global de 435 milhões de euros financiados a fundo perdido pelo PRR.

Com oito estações – duas do lado do Porto (Casa da Música e Campo Alegre), e seis em Gaia (Arrábida, Candal, Rotunda, Devesas, Soares dos Reis e Santo Ovídio), a Linha Rubi contempla uma nova travessia sobre o Rio Douro — a “Ponte D. Antónia Ferreira, a Ferreirinha” — que será exclusivamente reservada à circulação do metro e à circulação pedonal e de bicicletas. A empresa já anteriormente disse que “será uma das poucas vias de comunicação deste tipo, em Portugal, que não se destina a uma finalidade rodoviária”.

O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, acompanhado pelo presidente do conselho de administração na Metro do Porto, Tiago Braga, e pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, durante a sessão de lançamento do concurso público internacional para a construção da Linha Rubi do Metro do Porto.JOSÉ COELHO/LUSA 10 maio, 2023

Já o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, presente na cerimónia desta terça-feira, considerou que a Linha Rubi representa um “eixo fundamental numa zona muito congestionada que vai fazer a ligação entre vários centros de procura, como a Casa da Música, o hospital da Arrábida e a Estação das Devesas, além de se juntar à estação de comboio que vai receber a Linha de Alta velocidade”.

Referindo que “estão em curso quase cinco mil milhões de euros de investimento na mobilidade urbana na próxima década”, Duarte Cordeiro destacou a importância de se planear a mobilidade urbana, reduzindo as viagens e aproveitando o teletrabalho, por exemplo, numa “forte aposta na mobilidade sem emissões”.

“O investimento na ferrovia é crucial, mas o investimento na mobilidade do país também”, frisou, por sua vez, o primeiro-ministro António Costa. Realçou ainda a importância do “investimento global com criação de condições de acessibilidade, de renovação das frotas dos metros e do STCP ou da Carris”. No final, deixou novamente o recado: “esta obra é financiada pelo PRR, foi uma oportunidade única. Mas tem um problema: tem de estar pronta até às 24h do dia 31 dezembro de 2026”.

O presidente da Metro do Porto reconheceu, contudo, que o final de 2026 “é um prazo exigente” para construir a Linha Rubi, tendo em conta que haverá até 16 frentes de obra para a executar a empreitada.

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