Projeto de hotel falha e antigo sanatório de Paredes de Coura volta a hasta pública
Projeto turístico previsto para o antigo sanatório de Paredes de Coura, vendido em hasta pública em 2019, não vai avançar. O imóvel vai ser novamente colocado no mercado.
“O projeto inicial de fazer um hotel moderno, bonito, que conseguisse conciliar o turismo, bem-estar com percursos na natureza, acabou por se esboroar. A propriedade do sanatório voltou, outra vez, à ESTAMO [gestora de imóveis públicos que, em 2023, assumiu as competências da Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) no que diz respeito à gestão do património imobiliário público]”, avançou o presidente da Câmara Municipal de Paredes de Coura, Vítor Paulo Pereira.
Segundo o autarca socialista, a realização de uma nova hasta pública já tinha sido analisada com o anterior governo PS, contactos que vão ser iniciados com o novo executivo da AD. “Queremos que a nova hasta pública aconteça o mais breve possível. Ainda este ano”, referiu.
Em 2019, o antigo sanatório foi vendido a um “investidor local, que pediu anonimato, por 582.490 euros” na primeira hasta pública descentralizada para a venda de edifícios do Estado, que decorreu na Câmara Municipal de Paredes de Coura. “O promotor perde esse sinal e o projeto volta à estaca zero”, disse o autarca.
Vítor Paulo Pereira explicou que o projeto inicial falhou, porque os sócios que compraram o imóvel em 2019 tinham ideias diferentes sobre a unidade hoteleira a instalar no antigo sanatório e devido ao impacto da pandemia da Covid-19 no setor turístico.
Já perdemos oportunidades de receber eventos nacionais e internacionais porque não há uma estrutura hoteleira que consiga dar resposta. Temos turismo de habitação, mas o turismo de habitação cria alguns problemas. Os padrões e, os preços são diferentes.
As coisas [diferenças entre os sócios] até se resolveriam. Porque falámos no sentido de encontrar um ponto de conciliação. Entretanto a pandemia acabou por atrasar tudo. As pessoas ficaram mais cautelosas, com algum receio, o que aconteceu por toda a economia”, especificou.
Com a recuperação do setor do turismo em Portugal, Vítor Paulo Pereira quer ver avançar a nova hasta pública para que apareçam novos interessados que venham a “colmatar uma grande insuficiência” do concelho. “Já perdemos oportunidades de receber eventos nacionais e internacionais porque não há uma estrutura hoteleira que consiga dar resposta. Temos turismo de habitação, mas o turismo de habitação cria alguns problemas. Os padrões e, os preços são diferentes”, apontou.
O antigo sanatório “Presidente Carmona”, inaugurado em 1934, foi reconvertido 70 anos depois em hospital psiquiátrico, quando chegou a ter em permanência cerca de 60 pacientes. A desativação do espaço aconteceu em 2002, encontrando-se ao abandono. Em 2008, o então Centro Hospitalar do Alto Minho (CHAM) e atual Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), proprietário do edifício, anunciou a intenção de o vender, numa altura em que um grupo espanhol demonstrou interesse em transformar a área, com 140 hectares, num campo de golfe de montanha.
O investimento deveria rondar os 50 milhões de euros, mas a hipótese nunca se concretizou, em parte — diz a autarquia — devido à indefinição sobre a tutela do edifício, processo que envolvia os ministérios da Saúde e das Finanças.
Depois de ter sido assaltado várias vezes e local de criação de animais, o ex-sanatório de Mozelos chegou a ser utilizado por grupos de jovens para a prática de jogos de aventura e descoberta por entre o que ainda restava do antigo espaço de tratamento de doentes.
Prazo para transformar solar em Paredes de Coura em pousada rural termina em junho
O presidente da Câmara de Paredes de Coura disse hoje que a transformação de um solar setecentista em pousada rural, por investidores brasileiros, tem de começar até final de junho. Em causa está a Casa do Outeiro, um solar setecentista enquadrado em meio rural na freguesia de Agualonga, concessionado em novembro de 2021 por 50 anos ao abrigo do programa Revive.
Em declarações à agência Lusa, Vítor Paulo Pereira disse esperar que a transformação do imóvel “arranque no devido tempo”, garantindo que em termos burocráticos o projeto está concluído. “Se não arrancar até final de junho, ou se arranja outro investidor, ou teremos de fazer nova hasta publica”, explicou o autarca socialista.
Em nota enviada à imprensa, em 2021, a Câmara de Parede de Coura explicou que a concessão previa o pagamento, pelo investidor, de uma renda mínima anual de 13.800 euros (1.150 euros mensais).
A Casa do Outeiro “integra um conjunto notável de solares de Paredes de Coura, que na região são preferencialmente denominados Casas Grandes”. O solar “é uma construção de tipologia seiscentista, ladeada de capela, e que combina modelos de raízes erudita e popular, em que sobressaem os cunhais, cimalhas, molduras e ornamentos em granito”.
Se não arrancar até final de junho, ou se arranja outro investidor, ou teremos de fazer nova hasta publica.
O imóvel “teve a função agrícola como atividade predominante, face à extensão dos dois espigueiros existentes no terreno fronteiro à casa”. A “propriedade possui uma área total de 10.443,30 metros quadrados e uma área edificada de 2.353,54 metros quadrados, a que acresce ainda uma área de possível ampliação. Com “um amplo corpo de construção de diferentes épocas, a arquitetura da Casa do Outeiro vagueia pelo maneirismo, pelo barroco, e numa fase mais tardia, pelas linhas simples e direitas de finais do século XIX”.
Em junho de 2020, a Câmara Municipal de Paredes de Coura procedeu à alteração ao Plano Diretor Municipal (PDM) para “alargar” o uso do solar setecentista, permitindo a sua recuperação para fins turísticos, através do programa Revive.
O programa de reabilitação e valorização de património do Estado (Revive Património e Revive Natureza) é uma iniciativa conjunta dos ministérios da Economia, da Cultura e das Finanças, e “pretende recuperar imóveis que se encontrem devolutos ou em mau estado de conservação, que não tenham potencial para serem adaptados para fins de habitação, permitindo que neles se desenvolvam projetos turísticos com recurso a investimento público e privado”.
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