Estudo propõe três soluções para dessalinizadora entre Odemira e Sines

Barragem de Santa Clara apenas garante fornecimento de água para quatro ou cinco anos. Não execução da dessalinizadora levará à "falência económica, social e ambiental" nesta zona do Alentejo.

A Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur (AHSA) anunciou esta quarta-feira as conclusões de um estudo prévio de viabilidade para a implementação de uma estação dessalinizadora na região do Perímetro de Rega do Mira. O projeto, que considera três potenciais localizações entre Odemira e Sines, visa colmatar a grave escassez de água e garantir a sobrevivência dos projetos agrícolas na região.

A análise elaborada pela empresa ADAN aponta para a “deterioração e limitação do abastecimento” da única fonte hídrica da região, a barragem de Santa Clara. Atualmente, esta infraestrutura dispõe apenas de quatro a cinco anos de garantia máxima de fornecimento de água, tendo por base um consumo agrícola anual de 12 milhões de metros cúbicos e uma precipitação anual de 350mm.

Perante o agravamento da situação e face às previsões meteorológicas desfavoráveis, o estudo encomendado pela AHSA sugere uma dessalinizadora terrestre e um reservatório conectado à rede da Associação de Beneficiários do Mira (ABM). “A não execução do projeto prevê a falência económica, social e ambiental da região, afetando especialmente a agricultura”, dramatiza a associação liderada por Luís Mesquita Dias.

O primeiro cenário contempla a hipótese de construção de uma estação dessalinizadora junto à costa do concelho de Odemira e, como tal, no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV), ainda que fora da área do Programa da Orla Costeira (POC). Isso permitiria o aproveitamento dos recursos naturais da região, assumindo, no entanto, cuidados ambientais rigorosos, a par de licenciamentos robustos, de acordo com o estudo.

Em alternativa, o estudo “Água do Atlântico para o Sudoeste Alentejano” avaliou a possibilidade de recorrer à estação de dessalinização prevista para Sines. A essa estação seria acoplado um adutor de água dessalinizada, que, por mar ou por terra, estaria ligado a Odemira, transportando a água para o reservatório de regularização – que, em qualquer dos casos, terá de ser construído.

No entanto, “questões legais e custos significativos” conduziram o exercício a um terceiro cenário, nomeadamente, o “regresso” da dessalinizadora a Odemira, à margem do Parque Natural, recuando-a cerca de três quilómetros de distância da costa, com uma estação terrestre integrada.

Segundo o estudo, realizado durante seis meses, “os três cenários da dessalinizadora avaliados poderão ser tecnicamente viáveis, contudo dependem da recolha de informação adicional, tal como a definição do envolvimento do setor privado e do Estado, fontes de financiamento como o PRR e o compromisso dos agricultores, entre outros”.

A não execução da dessalinizadora resultará na falência económica, social e ambiental do Perímetro de Rega do Mira. Estarão em causa cerca de 10 mil empregos diretos e 300 milhões de euros em exportações de produtos agrícolas.

Luís Mesquita Dias

Presidente da AHSA

“A escassez de água na barragem de Santa Clara representa uma ameaça séria para a região. Os agricultores têm feito um elevado esforço de racionalização do uso da água, passando de 40 milhões de metros cúbicos de consumo anual em 2019, para 12 milhões de metros cúbicos em 2023”, afirma Luís Mesquita Dias.

O presidente da AHSA sublinha ainda, citado em comunicado, que “a não execução da dessalinizadora resultará na falência económica, social e ambiental na região do Perímetro de Rega do Mira” e que “estarão em causa cerca de 10 mil empregos diretos e 300 milhões de euros em exportações de produtos agrícolas”.

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