Brasileira transforma em Sintra resíduos das pedreiras em peças de design

Depois de 20 anos a trabalhar na indústria da pedra, Gisella Tortoriello teve a ideia de dar segunda vida aos resíduos. Das criações da Olivah, 60% são exportadas e já estão nos EUA, México e França.

Gisella Tortoriello, com “sangue brasileiro, mas coração português”, é arquiteta de formação, mas trabalha há mais de duas décadas na indústria da pedra natural. Está em Portugal há 17 anos a representar no mercado internacional as pedras nacionais de mármore, calcário e granito. Com a pandemia da Covid-19, a empreendedora teve a ideia de transformar os resíduos das pedreiras de mármore em peças de design. E assim nasce a Olivah. Passados três anos, 60% das criações da startup localizada em Sintra são exportadas para mercados como os EUA, México e França.

“Durante a pandemia comecei a juntar as duas coisas: a reaproximação à arquitetura e ao design, que é uma paixão e a minha área de formação, com a pedra natural que já está no meu caminho há muitos anos“, começa por contar ao ECO Gisella Tortoriello, que começou o percurso nas pedras no Brasil, depois em Nova Iorque e posteriormente foi convidada para vir para Portugal para a Eurogranipex, uma empresa luso brasileira que abriu na altura um armazém em Pero Pinheiro.

Durante a pandemia comecei a juntar as duas coisas: a reaproximação à arquitetura e ao design, que é uma paixão e a minha área de formação, com a pedra natura que já está no meu caminho há muitos anos.

Gisella Tortoriello

Fundadora da Olivah

Já com a ideia em mente, continuou a deslocar-se às pedreiras e às fábricas, algo que faz parte da sua rotina diária, e a olhar para os desperdícios com outros olhos. Arregaçou as mangas, e em 2021 começou dar uma segunda vida aos resíduos das pedreiras de mármore e de pedra que estavam armazenados. “Vou fazendo a seleção das pedras maravilhosas que encontro pelo caminho nas minhas visitas semanais às pedreiras”, diz Gisella Tortoriello, que emprega cinco pessoas e fatura 600 mil euros.

Vasos, mesas, comedouros para cães, banheiras e secretárias são apenas alguns dos artigos desenvolvidos através dos resíduos de pedra natural extraídos do Alentejo (mármore), Santarém (calcário), Vila Nova de Foz Côa (xisto) e região norte (granito). As peças podem ser por medida ou através de um catálogo com coleção própria. A título de exemplo, um par de comedouros custa 380 euros e uma mesa de centro pode custar entre 400 euros e dez mil euros. No portefólio tem uma banheira, enviada para Miami, que custou cerca de sete mil euros.

Nos planos da empreendedora está a abertura da loja online da Olivah, que ficará disponível no final do ano e continuar a afirmar-se no mercado nacional, não descurando o mercado internacional, que pesa mais de metade das vendas.

Gisella Tortoriello está ainda envolvida no projeto Broot – Dialogues from Within, liderado pela Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais (Assimagra), cujo propósito é de representar alguns dos principais materiais tradicionais portugueses nas mais importantes feiras do setor. “É um projeto incrível que junta as pedras naturais a outros produtos nacionais como a cortiça, burel, vime e barro”, explica, com entusiasmo, a empreendedora.

Gisella Tortoriello, fundadora da OlivahOlivah

Nesta primeira edição da coleção Broot serão apresentadas 25 peças originais criadas por cinco artistas contemporâneos, entre os quais designers e arquitetos. Com curadoria de Gisella Tortoriello, a primeira coleção de cinco peças intitula-se “Dialogues” e estreou-se em meados de setembro INDEX Saudi Arabia. Segue-se, em janeiro, a Maison et Objet, a Milan Design Week (abril 2025), a NYCxDesign (maio 2025) e, de abril a outubro, a Expo Osaka.

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