A nova líder da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa diz que o "grande desafio é o conhecimento da oferta turística" e melhorar a mobilidade.
Ao assumir a liderança da Comissão Executiva da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa (ERT-RL) para o mandato 2023-2028, Carla Salsinha elenca o desconhecimento da oferta turística e a questão de mobilidade ao nível dos transportes públicos como os grandes obstáculos ao turismo da região.
A atual líder da União das Associações do Comércio e Serviços (UACS), que esta quarta-feira toma posse na ERT-RL, quer ouvir o que têm a dizer os 18 municípios e as entidades privadas do setor da região de Lisboa e Vale do Tejo para atenuar as disparidades entre os concelhos mais e menos turísticos. Para juntos “encontrarem novos produtos turísticos e serviços”. Assim como novas formas de levar os turistas a aumentar o número de dormidas na região para potenciar as receitas. “Para depois definirmos duas ou três estratégias para apresentar à Secretaria de Estado do Turismo de quem dependemos.”
Por fim, Carla Salsinha defende que “a bem do turismo nacional, deve haver um relacionamento estreito entre as cinco entidades regionais”.
Quais são os objetivos para este mandato?
A nível nacional, acho que deve haver um trabalho mais próximo entre as diversas entidades regionais de turismo. Ou seja, a bem do turismo nacional, deve haver um relacionamento estreito entre as cinco entidades regionais do turismo.
Já em relação à região de Lisboa, entendo que é preciso fazer um trabalho de requalificação, encontrar novos produtos turísticos e serviços, fazendo aqui um trabalho conjunto entre os 18 municípios que compõem a região de Lisboa e Vale do Tejo. Estamos a falar de regiões e de câmaras municipais ou autarquias altamente turísticas, como é o caso de Lisboa, Cascais, Sintra, Oeiras.
E depois temos outros municípios que, pelas características próprias, têm uma oferta turística menos diferenciadora, por exemplo Vila Franca de Xira, Loures ou Odivelas que não têm ainda o potencial de turismo ou de exploração, em termos de turismo, que têm as outras áreas que referi.
A bem do turismo nacional, deve haver um relacionamento estreito entre as cinco entidades regionais do turismo.
O que pretende fazer para atenuar essa assimetrias entre as cidades?
Nós, Entidade Comissão Executiva, em conjunto com cada uma das câmaras dos 18 municípios que compõem a Entidade Regional de Turismo, queremos tentar encontrar novos produtos e serviços. Assim como ambicionamos que aquelas que já estão turisticamente fortes sejam uma alavanca para as que ainda não são tão fortes turisticamente.
Outro objetivo, seguramente, é aumentar o número de dias em que se está na região de Lisboa e Vale do Tejo para, assim, potenciar todas as receitas, pois a média não chega aos três dias. Por isso, é necessário encontrar novas formas de atrair e manter os turistas nesta região mais tempo, o que só pode ser feito com trabalho afincado com as autarquias, com os municípios.
Um terceiro objetivo para este mandato?
Um terceiro objetivo passa pelo trabalho com as entidades privadas, como as associações dos hotéis, das restaurações, das agências de viagem ou do Alojamento Local, que fazem parte da Assembleia Geral da Entidade Regional de Turismo. O objetivo será também conseguirmos, entre entidades privadas, encontrar um desígnio comum, objetivos estratégicos, produtos e serviços que possamos – cada um na sua atividade –, envolver ou até propor aos próprios municípios.
Quais são os principais obstáculos para o turismo da região?
Acho que o principal obstáculo tem a ver com a própria divulgação e informação da oferta turística, e com o desconhecimento que ainda existe no que respeita aos outros municípios de maior interioridade, porque há aqui, de facto, uma disparidade entre a oferta turística dos concelhos com mais turismo e aqueles de maior interioridade.
E depois existe a questão de mobilidade. O grande desafio é em termos de transportes públicos e criar uma rede cada vez mais informada e mais dirigida também para o turismo para se saber como é que posso ir aos diversos municípios se quiser ir de transporte público. O grande desafio é o conhecimento da oferta turística e a questão de mobilidade.
O principal obstáculo tem a ver com a própria divulgação e informação da oferta turística, e com o desconhecimento que ainda existe no que respeita aos outros municípios de maior interioridade.
O que é mais urgente no imediato quando começar as funções?
Aquilo que a Comissão Executiva se propôs é – a partir do momento em que toma posse e internamente tem a sua organização já estabelecida – começar a reunir com cada um dos 18 municípios e com cada uma das entidades privadas para depois percebermos quais são, de facto, os projetos, os desafios, os produtos e serviços turísticos que têm e em que nos temos de empenhar.
Queremos perceber o que tem a dizer quem labora, diariamente, na área do turismo para depois definirmos duas ou três estratégias para apresentar à Secretaria de Estado do Turismo de quem dependemos.
Uma primeira missão e o primeiro objetivo, depois da organização interna, é ouvir individualmente cada um dos intervenientes no turismo da região de Lisboa.
Queremos perceber o que tem a dizer quem labora, diariamente, na área do turismo para depois definirmos duas ou três estratégias para apresentar à Secretaria de Estado do Turismo de quem dependemos.
A Entidade Regional de Turismo vai manifestar alguma posição acerca do aeroporto?
Vamos tomar posição após a primeira reunião da Comissão Executiva. Obviamente que, neste momento, gostaria de não tomar esse tipo de posições, porque primeiro temos de reunir a Comissão Executiva da Direção.
Qual a vossa posição em relação às Jornadas Mundiais da Juventude?
As expectativas da Câmara são de que 800 mil a 1,2 milhões de pessoas vão estar, diariamente, naqueles dias, na cidade de Lisboa, mas que vão estar divididos por três dioceses – a de Santarém, de Setúbal e de Lisboa. Vamos ter um conjunto ímpar de pessoas a circular na região de Lisboa que, por muito que a grande maioria venha com o objetivo de estar presente nos diversos eventos de cariz religioso, vai ficar a dormir noutros municípios e aumentar o turismo.
Portugal tem essa enorme capacidade de saber receber muito bem aquilo que organiza e isso é um exemplo de todos os grandes eventos que nós fizemos. Muitas vezes, éramos criticados porque estávamos atrasados e depois somos um exemplo de referência, como aconteceu com a Expo 98 ou o Euro. Este vai ser mais um daqueles eventos que vai deixar frutos para o futuro, para a região de Lisboa e Vale do Tejo seguramente.
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