Miguel Farinha, CEO da EY Portugal, vai continuar a apostar na área tecnológica, nomeadamente na auditoria a sistemas de IA das empresas, para duplicar a dimensão da empresa nos próximos cinco anos.
A atividade da EY em Portugal cresceu quase 9% no último ano à boleia da expansão de quase todas as áreas de negócio, com destaque para a consultoria tecnológica. Em entrevista ao EContas, Miguel Farinha, CEO da EY Portugal, Angola e Moçambique, garante que o objetivo é pôr o pé no acelerador nesta expansão, “duplicando a dimensão” da auditora e consultora nos próximos cinco anos.
Este plano de crescimento, que o responsável garante que não será afetado pela incerteza política e económica internacional, vai assentar numa aposta na área de tecnologia, querendo começar a oferecer “em breve” auditoria a sistemas de inteligência artificial (IA) das empresas que procuram cada vez mais estes serviços. A área legal e de estratégia também vão contribuir.
Como está o mercado da auditoria? Há um crescimento em Portugal?
Há um crescimento. Temos sentido um crescimento anual sempre na nossa operação que envolve auditoria e consultoria. Sentimos esse crescimento em todas as áreas, ou seja, não só na área da auditoria, mas também na área de consultoria, de assessoria fiscal e de estratégia e transações.
Como correu o último ano?
Acabámos de fechar o nosso ano, que é de 1 de julho a 30 de junho. Temos um crescimento na casa de 8,5%, o que é muito bom face ao mercado em que estamos, mas advém também muito de estarmos a acrescentar competências novas, equipas novas e investimentos em pessoas para conseguirmos ter este tipo de crescimento.
Que áreas é que influenciaram mais esse crescimento?
Este ano tivemos um crescimento espalhado por quase todas as áreas. Diria que aquela que cresceu mais foi a área de consultoria tecnológica, porque claramente também é a nossa grande aposta de crescimento.
Há muita procura por parte das empresas?
As empresas precisam muito [deste serviço]. Hoje em dia, o tema da transição digital e dos investimentos na transformação organizacional [torna] super necessário haver esse investimento. E a EY tem-no feito recorrentemente com equipas novas, com competências novas, desde analytics, IA, plataformas, como SAP e Microsoft, em que temos equipas especializadas a investir nestas áreas e conseguimos trazer várias competências para dentro. Temos várias equipas que nos vieram ajudar e temos estado a crescer bastante.
Que outras áreas destaca?
A área legal. Lançámos há pouco tempo a EY Law. É uma área que este ano tem um crescimento fantástico e cada vez mais começa a marcar também uma posição no mercado português de competência técnica naquelas áreas.
A própria auditoria continuou a crescer este ano, por via das exigências cada vez maiores que existem no mercado. Tem sido um ano bastante positivo. E eu acredito que o mercado como um todo também acabou por ter um crescimento saudável este ano.
Acabámos de fechar o nosso ano. Temos um crescimento na casa de 8,5%, o que é muito bom face ao mercado em que estamos, mas advém também muito de estarmos a acrescentar competências novas.
Podem vir a lançar novos serviços?
Estamos permanentemente a levar novos serviços aos nossos clientes, mas há um tema muito relevante. Cada vez mais, os nossos clientes esperam uma integração maior entre a definição estratégica e a implementação tecnológica. É muito esse caminho que estamos a trilhar.
Acreditamos muito no poder que temos para ajudar os nossos clientes a transformar os seus negócios do ponto de vista não só tecnológico, mas também de organização de processos.
Lá fora, as “big four” querem apostar na auditoria a sistemas de IA das empresas. Também pode ser uma realidade cá?
Sem dúvida. Terá de acontecer cada vez. A IA vai ser omnipresente em tudo o que fazemos.
É algo que preveem fazer em breve?
Sim, claramente. Temos pessoas cada vez mais capacitadas, primeiro na implementação de tecnologias, mas ao mesmo tempo com capacidade para conseguir auditar o que está a ser feito do outro lado. É um caminho natural que vai acontecer no mercado.
A tecnologia obriga a investimentos avultados. Pode ser necessário haver uma consolidação no mercado para haver maior capacidade de investimento?
Hoje, um auditor não audita apenas a informação financeira. É preciso olhar para várias competências para auditar as demonstrações financeiras de uma empresa, o que exige uma perceção global dos serviços e muito investimento em tecnologia para o conseguir fazer. Isso exige dimensão.
Não se consegue fazer isso com uma equipa pequena ou com empresas pequenas. Por isso, acho que naturalmente esse processo de consolidação irá acontecer, de forma a termos cada vez mais competências no mercado. Como uma das “big four” neste mercado, vejo com muito bons olhos que haja mais concorrência, que a concorrência cresça neste mercado.
O que pedimos e exigimos do nosso supervisor é claramente que garantam os critérios de qualidade que são exigidos a todos nós.

De que forma é que esta incerteza internacional impacta a atividade?
Neste momento, temos um cenário macroeconómico de incerteza e de algum abrandamento económico que tem impacto na atividade, principalmente nas áreas de novos investimentos. A nossa área de estratégia e transações, que é uma área que vive das transações que são feitas no mercado, teve um crescimento bastante mais baixo este ano do que se calhar era expectável em anos passados por via disso. A mesma coisa na área de estratégia.
Esta preocupação com o contexto global afeta as expectativas futuras de crescimento?
Não afeta. Temos um plano de crescimento traçado e muito claro para onde iremos crescer. Queremos duplicar a dimensão da EY nos próximos cinco anos e estamos muito focados nas áreas onde vamos crescer mais. Ou seja, nas áreas de tecnologia, área legal e área de estratégia.
Obviamente que essa incerteza traz algumas atenuantes e alguns temas do mercado que é preciso ir gerindo a cada um dos momentos, mas acreditamos que o mercado continuará a crescer. O mercado português também está num processo de transformação.
Temos um plano de crescimento traçado e muito claro para onde iremos crescer. Queremos duplicar a dimensão da EY nos próximos cinco anos e estamos muito focados nas áreas onde vamos crescer mais. Ou seja, nas áreas de tecnologia, área legal e área de estratégia.
Como descreveria este processo de transformação?
Os nossos clientes hoje em dia não são só os grandes. Há muito mais pequenas e médias empresas (PME) capacitadas e com dimensão para recorrer aos nossos serviços. Depois há também o fator de internacionalização. Hoje, olhamos de Portugal para o mundo e pensamos como é que a EY Portugal pode ajudar os nossos clientes fora do país.
Se olhar para o mercado português e para o que aconteceu nos últimos quatro ou cinco anos, temos um país atrativo para o investimento estrangeiro. O número de empresas que estão baseadas em Portugal a servir para o mundo são muitas. Não diria que somos inovadores. Estamos a seguir uma tendência, mas é uma tendência que faz todo o sentido face à qualidade da mão-de-obra que existe em Portugal.
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“Queremos duplicar a dimensão da EY nos próximos cinco anos” com foco na tecnologia
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