Diáspora e Universidades, parceiras do desenvolvimento do Interior
No caso da UTAD, temos vindo a desenvolver várias iniciativas para fortalecer os laços com a diáspora portuguesa. Podemos fazer muito mais, com a colaboração do Estado.
Com mais de cinco milhões de cidadãos registados na sua rede consular e um número seguramente superior de lusodescendentes, Portugal tem uma das maiores diásporas do mundo. Trata-se de uma diáspora global, que mantém uma profunda ligação afetiva e cultural às suas origens e tem um impacto significativo na economia nacional.
De acordo com o Banco de Portugal, em 2023, as remessas enviadas pelos emigrantes totalizaram cerca de 4 mil milhões de euros. Em regiões como Trás-os-Montes, estas remessas constituem cerca de 10% do PIB regional. São, portanto, uma fonte vital de rendimento para muitas famílias e um fluxo de capital investido em imobiliário e negócios diversos, que cria empregos e contribui para o desenvolvimento das comunidades locais.
O impacto económico da diáspora resulta ainda da elevada integração dos seus membros nos países de acolhimento, tanto a nível empresarial, como político ou científico. Os cidadãos portugueses ou lusodescendentes ocupam, cada vez mais, lugares de topo na gestão de multinacionais ou em órgãos estatais, entidades públicas, universidades e centros de investigação de excelência. O prestígio e o reconhecimento granjeados nesses países favorecem a afirmação das comunidades lusas, a promoção das exportações de produtos e serviços, bem como a atração de investimentos externos e de fluxos turísticos.
A diáspora é um recurso estratégico para o desenvolvimento do País e, em particular, das regiões do Interior, de onde é originária a maioria das sucessivas vagas de emigração. A valorização deste recurso pressupõe a adoção de políticas e programas específicos para atrair investimentos, incentivar o regresso de talentos, promover o empreendedorismo ou apoiar a dinamização de parcerias e redes de cooperação. Mas pressupõe, também, a mobilização de múltiplos atores, do Estado central às autarquias locais, das entidades estatais às associações empresariais, passando pelas universidades que devem assumir-se como parceiros estratégicos da diáspora na promoção do desenvolvimento regional.
As universidades são, por natureza, instituições globais com um impacto profundamente local. A sua dupla missão — de geradoras e difusoras de conhecimento e inovação e, simultaneamente, de motores de desenvolvimento regional — confere-lhes um papel central na vinculação da diáspora com os territórios onde tem as suas raízes.
No caso da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) temos vindo a desenvolver várias iniciativas para fortalecer os laços com a diáspora portuguesa. A atração de estudantes lusodescendentes, a realização de programas de intercâmbio ou a celebração de acordos de cooperação com entidades como a associação Cap Magellan ou a Fundação Antonio Pargana têm permitido lançar pontes e aprofundar as relações com as comunidades lusas. Mas podemos fazer muito mais, desde que o Estado confira às universidades um papel relevante na mobilização do potencial económico da diáspora.
Na verdade, e se para tal forem mandatadas e dispuserem dos meios indispensáveis, as universidades podem ter um papel decisivo na atração de investimentos e iniciativas da diáspora, geradores de riqueza e emprego. Como? Organizando eventos sobre oportunidades locais de negócio e de investimento; criando plataformas online e redes de contacto (networking e mentoria) entre a diáspora e as comunidades locais; atraindo iniciativas, talentos e empreendedores, através da garantia do acesso a incubadoras e aceleradoras de negócios focadas em startups e projetos inovadores; oferecendo formações especializadas e suporte na transferência de conhecimentos e tecnologias.
A diáspora portuguesa e as universidades são pilares fundamentais no desenvolvimento das regiões do Interior. Juntas podem impulsionar o crescimento económico, a inovação e a coesão social e territorial, marcando positivamente o futuro desses territórios.
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