Na Quinta da Vacaria, no Douro, abriu recentemente um boutique hotel, do grupo Torel, e no início de 2025 será a vez da nova adega com restaurante e museu atrair os milhares de turistas para a região.
Entre as margens dos rios Douro e Corgo, e socalcos de vinhas, embarcamos numa viagem sensorial na Quinta da Vacaria, uma das propriedades vinícolas mais antigas da Região Demarcada do Douro. Rendemo-nos ao silêncio do boutique hotel de luxo de 5 estrelas — o Torel Quinta da Vacaria –, aos aromas da futura adega com restaurante panorâmico e museu ou às provas de vinhos DOC e Vinhos do Porto no cimo do monte apenas com acesso de jipe em terra batida.
Comecemos a nossa viagem pelo luxuoso boutique hotel, um retiro de excelência num edifício do século XVII que foi recuperado e manteve a traça original, no Peso da Régua, na região vinhateira. E que resulta de um investimento na ordem dos 10 milhões de euros do Grupo Marec, dono da Quinta da Vacaria, e que engloba ainda a construção de uma nova adega, embutida na encosta, que deverá entrar em funcionamento em janeiro de 2025. O projeto foi cofinanciado em 2,7 milhões de euros pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder).
O glamour e a promessa de tranquilidade, longe da azáfama das cidades, são os grandes trunfos desta unidade hoteleira com o rio Douro aos pés, em pleno Património Mundial da Unesco. A gestão é do grupo Torel Boutiques que, fruto de uma parceria com os donos da Quinta da Vacaria, soma esta unidade hoteleira às três abertas no Porto e uma outra em Lisboa.
Mas fique já a saber que este paraíso não é para o bolso de qualquer um a julgar pelo preço praticado, superior a 500 euros por noite. Ainda assim, o Grupo Marec, detido pelo investidor Manuel Martino, antecipa uma faturação na ordem dos oito milhões de euros em 2025 neste boutique hotel, avança o assessor da administração, Luís Silva, em declarações ao ECO/Local Online.
Apesar de já ter conquistado público nacional, o hotel deverá atrair mais turistas americanos e brasileiros, franceses e alemães que chegam ao Douro à procura de novas experiências relacionadas com a região, como é o caso das vindimas, assinala Ingrid Koeck, responsável de comunicação do grupo Torel em Portugal, enquanto nos guia pelo sumptuoso edifício.
Todos os 33 quartos têm vista de rio, apoiados pelo restaurante com cozinha de autor, Spa com piscina interior, e, por fim, uma piscina infinita. “Estes espaços são um espelho do Douro com cores terra e materiais naturais”, detalha Ingrid Koeck, destacando o luxo, o silêncio e a quietude que a propriedade proporciona. Ao lado, Paulo Silva, assistente da direção do hotel, acrescenta que “todos os quartos são diferentes, cada um inspirado nesta região” e batizados com nomes que nos conduzem numa viagem sensorial, como “calma, Paz, Vinho do Porto ou amendoeira”.
Seguimos depois em direção à adega, um dos projetos âncora da Quinta da Vacaria, construída na encosta da vinha, com uma fachada em xisto para preservar o ecossistema e manter a temperatura. E que deverá abrir ao público com um museu que vai contar a história da quinta, através de uma série de painéis que compilam registos históricos. Além de um restaurante de comida tradicional portuguesa, com capacidade para 125 pessoas, que tem igualmente as águas do rio como pano de fundo.
Já antes deixámos para trás um edifício antigo que será transformado num outro espaço museológico com diverso espólio “como artefactos antigos, desde utensílios de vindima e de cultivo, ou os cantis de água usados antigamente”, conta Mónia Batista, técnica de enoturismo, enquanto nos conduz à luxuosa adega em obras.
Ambicionamos chegar rapidamente aos dois milhões de euros de vendas dos vinhos DOC e Porto.
Logo à entrada, salta à vista uma vitrina com diversas referências vínicas da propriedade, desde os Vinhos do Porto até aos Vinhos DOC produzidos nos 60 hectares de vinhas. Só a partir de 2016 é que a empresa começou a vender para o mercado vinhos de marca própria Quinta da Vacaria. “Ambicionamos chegar rapidamente aos dois milhões de euros de vendas dos vinhos DOC e Porto”, antecipa o assessor da administração do Grupo Marec.
Com os mercados britânico, brasileiro, espanhol, francês, alemão e chinês como principais pontos de venda, a empresa tenciona posicionar-se, em 2025, em novos países, como o americano, angolano, polaco e russo, avança Cláudio Martins, consultor de vinhos da Quinta da Vacaria, ao ECO/Local Online.
Além da área de vinificação, está a nascer na futura adega um espaço com uma linha de engarrafamento e rotulagem das garrafas, assim como uma outra sala de provas verticais, destinada a um público mais especializado, iluminada por candeeiro feito em filigrana, considerada outra mais-valia deste projeto.
Depois seguiríamos de jipe, por entre caminhos íngremes de estrada em terra batida, em direção à envidraçada Casa da Vinha, situada a uma cota superior em redor das vinhas. “É aqui que os turistas que nos visitam também fazem provas de vinhos”, rendidos a uma paisagem de cortar a respiração, assinala Mónia Batista.
Entre as mais recentes novidades da marca consta o vinho do Porto Tawny, de 10 e 20 anos — a 340 e 650 euros, respetivamente –, envelhecido em cascos de carvalho, numa garrafa especial, com capacidade para 4,5 litros.
Este néctar resulta de uma mistura de castas fermentadas em simultâneo — Barroca, Tinta Roriz e Touriga Francesa –, vinificadas em cubas de inox, e que passaram por um processo de estágio em pipos de 600 e 650 litros.
As novidades não ficam por aqui. A Casa dos Currais, por entre os socalcos de vinha, também será transformada numa unidade hoteleira, desconhecendo-se por enquanto mais pormenores do projeto.
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Do luxuoso hotel do grupo Torel à nova adega e museu, a Quinta da Vacaria está a dar cartas no Douro
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