No rescaldo das presidenciais norte-americanas, é elevada a volatilidade nas bolsas. As principais praças europeias inverteram o sentido negativo da abertura da sessão e seguem no verde, ainda sem perspetivas de quem irá vencer. Lisboa não acompanha, no entanto, a tendência e mantém-se negativa.
A Europa acordou com Donald Trump a autoproclamar-se presidente dos Estados Unidos por mais um mandato e as bolsas, que apostavam numa vitória de Joe Biden, responderam em conformidade, ou seja, a desvalorizar. No entanto, à medida que a manhã avança está a tornar-se mais claro que a corrida é ainda mais renhida que o esperado e o democrata ainda poderá chegar à Casa Branca.
“A corrida presidencial nos EUA está a parecer muito mais concorrida do que o cenário de ‘onda azul’ projetado que dominou as manchetes nas últimas semanas“, explica Mona Mahajan, estratega de investimentos dos EUA na Allianz Global Investors, numa nota divulgada esta manhã. “Ainda há um caminho para a vitória de Joe Biden. Talvez tenhamos de esperar até que os votos sejam contados, o que pode levar alguns dias, especialmente em estados como a Pensilvânia”.
Após ter caído mais de 1,3% na abertura da sessão, o índice europeu Stoxx 600 avança 0,1%, enquanto o alemão DAX e o francês CAC 40 ganham 0,4% e o britânico FTSE 100 soma 0,1%. Em sentido contrário, o português PSI-20 tomba 1,6% penalizado pelas cotadas da energia: a EDP cai 3,3% e a Galp Energia perde 2,4%.
Mesmo com a recuperação das ações europeias, os juros das dívidas continuam em queda, sendo que a yield das obrigações a dez anos está a negociar no mínimo histórico em 0,077% e as Bunds alemãs em -0,64%. O juro das Treasuries norte-americanas com esta maturidade recuam para 0,793%. Também viu o dólar norte-americano valoriza (0,07% face ao euro), enquanto os preços do ouro cedem.
Às 10h30 de Lisboa, Joe Biden tem 238 votos eleitorais contra 213 para Donald Trump, sendo que os democratas conseguiram “roubar” um importante estado aos republicanos: o Arizona, que é tradicionalmente um estado conservador, onde os democratas apenas venceram por uma única vez nos últimos 72 anos. Este resultado inesperado aumentou a expectativa sobre o vencedor, mas ainda há muitos votos por contar e o resultado poderá demorar.
O atual Presidente republicano ameaçou recorrer ao Supremo Tribunal para travar a contagem de votos que considera terem sido lançados “fora de prazo”, acusando os democratas de estarem a tentar “roubar as eleições”. A candidatura democrata à Casa Branca disse que vai contrariar os esforços do rival judicialmente.
“A corrida presidencial está demasiado próxima nesta altura, com resultados incertos em vários estados chave. A corrida ao Congresso também está indecisa, criando incerteza por agora. Apesar de os mercados de ações e futuros apontarem em alta, esperamos que a volatilidade se mantenha elevada. Sem clareza, é necessária paciência“, aponta Michael Strobaek, global chief investment officer do Credit Suisse, que mantém um posicionamento neutro em relação a investimento em ações.
(Notícia atualizada às 11h55)