IP adia reabertura da Linha da Beira Alta para novembro

No final de abril de 2022, gestora das linhas de comboio previa reabrir em janeiro uma das principais rotas de tráfego de mercadorias. Agora, decidiu atrasar regresso do serviço por 10 meses.

Considerada como um dos principais canais para as exportações e importações das mercadorias em Portugal, a Linha da Beira Alta foi encerrada para obras de modernização em 19 de abril. Na altura, a Infraestruturas de Portugal (IP) estimou que o troço Pampilhosa-Guarda, com 160 quilómetros, iria reabrir em janeiro de 2023. Oito meses depois, a gestora das linhas de comboio comunicou aos operadores que a ligação só voltará a funcionar em 12 de novembro, segundo informação a que o ECO teve acesso.

Isto quer dizer que, em vez de oito meses, a Linha da Beira Alta vai estar encerrada durante ano e meio. Além de obrigar os passageiros da CP a usarem o autocarro de substituição entre Coimbra-B e Guarda, as mercadorias sobre carris nesta região apenas podem circular na Linha da Beira Baixa, com menos capacidade de carga, o que aumenta os custos operacionais.

A IP já tinha dado vários sinais que a Linha da Beira Alta não seria reaberta no prazo previsto. Em 27 de outubro, dois dias depois de uma visita às obras com autarcas da região em Mangualde, a gestora ferroviária comunicou que era preciso “prolongar o período de encerramento” da linha. Em causa estavam os “impactos decorrentes da pandemia Covid-19” e o “prolongar da guerra na Ucrânia”, com efeitos na “disponibilidade e prazo de fornecimento de materiais de origem ferrosa e as dificuldades sentidas pelos empreiteiros na contratação de subempreiteiros”.

Visita dos autarcas às obras da Linha da Beira Alta em Mangualde, no dia 25 de Outubro de 2022. À direita, Carlos Fernandes, vice-presidente da IP

Estes problemas teriam sido evitados caso tivesse sido cumprido o prazo inicial para a empreitada: entre o quarto trimestre de 2018 e o quatro trimestre de 2019. As obras, contudo, apenas foram iniciadas entre o final de 2020 e outubro de 2021, depois de ter sido aberto um novo concurso público, em janeiro de 2020.

Apesar de não indicar uma data concreta para a reabertura, a empresa pública também dizia que tinha sido “confrontada com a Declaração de Impacto Ambiental relativa à Duplicação do IP3, Coimbra – Viseu, que não validou a nova Variante a Santa Comba Dão, tendo sido antes aprovada a solução de duplicação do atual troço” deste itinerário. A contar de outubro de outubro, seriam necessários 270 dias para demolir o antigo viaduto e construir um novo. Isto é, a empreitada ficaria pronta entre junho e julho de 2023.

Agora, a IP atira a reabertura da linha para novembro. Mesmo assim, quando isso acontecer, os carris apenas ficarão disponíveis nos dias úteis. Estão ainda previstas interdições ao fim de semana durante vários meses em 2024.

A modernização da Beira Alta vai favorecer, sobretudo, a área logística. Diariamente, poderão circular até 25 comboios com 750 metros de comprimento (em vez de 400) e a velocidades mais constantes. Transportar carga pelo caminho-de-ferro será mais barato em 30% do que antes das obras.

Os passageiros irão sentir mais conforto, mas a redução do tempo de viagem – entre 25 e 30 minutos – deve-se sobretudo ao fim das restrições de velocidade que existiam antes da modernização da via e à supressão de passagens de nível. Ou seja, é apenas uma recuperação de tempo face ao cenário que vigorava antes do início das obras.

No investimento total de 550 milhões de euros (com mais de dois terços de verba comunitária), está ainda prevista a construção da Concordância da Mealhada. Com a ligação direta da Linha do Norte à Linha da Beira Alta, um comboio do Porto até Guarda, por exemplo, deixará de precisar de inverter a marcha na estação da Pampilhosa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

IP adia reabertura da Linha da Beira Alta para novembro

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião