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Observador aumenta capital para financiar atividade e investir

Carla Borges Ferreira,

Rudolf Gruner, diretor-geral, justifica ao +M/ECO o aumento de capital, que serve para financiar a atividade – ainda não no break even – e permitir o crescimento. 2023 começa de forma conservadora.

O Observador concretizou um aumento de capital de um milhão de euros. A operação surge registada esta sexta-feira no portal dos atos societários mas, como adiantou ao +M/ECO Rudolf Gruner, diretor-geral da Observador On Time, o aumento de capital tem perto de três meses. A empresa fica assim com um capital social na casa dos oito milhões de euros, aos quais acresce, explica o responsável, dois milhões em prestações acessórias.

Começámos com 3 milhões em 2014, vamos nos 10 milhões. Quase todos os anos temos vindo a fazer pequenos aumentos de capital para financiar a atividade e permitir o crescimento do projeto”, prossegue Gruner, lembrando que o Observador foi lançado com 40 pessoas e hoje são mais de 140. Luís Amaral, empresário português com negócio de distribuição na Polónia, é o acionista maioritário.

Rudolf Gruner, diretor-geral da Observador On Time

Este aumento de capital destina-se ao reforço do investimento na rádio e no áudio – o que não é necessariamente a mesma coisa – e também em novos segmentos, como a secção Mental, sobre saúde mental, que será lançada no próximo dia 6 e surge na sequência da série de entrevistas Labirinto, dedicada à mesma temática. “Foi uma primeira incursão e percebemos o apetite da audiência por estes temas”, que agora surgem com identidade própria e uma equipa dedicada de dois jornalistas, contando também com contributos da restante redação.

Na rádio o objetivo é reforçar a cobertura. Neste momento a Rádio Observador tem duas frequências em Lisboa/Centro e duas no Porto/Norte, “mas não é suficiente”, diz o responsável, que conta alargar o alcance do FM ainda em 2023.

Quando ao áudio, Gruner diz, sem adiantar pormenores, que será lançado dentro de dias um novo formato. “Vai ter um impacto razoável”, acrescenta sem detalhes.

Para além da expansão do negócio, os aumentos de capital, têm servido também para ajudar a financiar a operação. “Pé ante pé vamos crescendo, mas nunca chegamos ao break even”, refere o responsável. O melhor ano, em termos de EBITDA foi 2021, período no qual registaram um resultado negativo de cerca de 200 mil euros, recorda. Atingir o break even “é um objetivo importante”. “A nossa perspetiva de negócio não é estar sempre dependente do acionista para a atividade. Para o crescimento do negócio é outra coisa”, acrescenta.

O último ano trouxe dificuldades acrescidas. “A guerra teve um efeito peculiar, sobretudo até ao verão, com uma consequência muito específica nos órgãos de informação”, começa por referir o responsável. E qual foi a consequência? “As marcas procuravam afastar-se dos temas da guerra”, explica.

Ou seja, aplicando as regras de brand safety, as keywords junto das quais não queriam surgir incluíam palavras como guerra, Putin, Zelensky ou mortes, o que retirou “grande parte do tráfego” elegível para publicidade ao Observador. “É pouco racional, não faz muito sentido”, diz, referindo que os players com um portfólio de títulos mais alargado canalizavam a publicidade para outras áreas, mais de entretenimento. “No Observador, que é usado como marca umbrella, fomos prejudicados por não ter essa diversidade”.

Quanto ao final de 2022 e início de 2023, Gruner refere sentir os anunciantes “na expectativa”, neste caso efeito da economia. “Há muitas decisões congeladas ou adiadas”, admite.

No caso das assinaturas, que de acordo com o diretor-geral do Observador valem cerca de 20% das receitas, o ano também está a começar de forma conservadora. “Quando as famílias têm os budgets mais apertados, têm de fazer opções. Mesmo dentro dos conteúdos, a informação não é prioritária”, constata, dando como exemplo uma família que, para cortar custos, terá de optar entre o Netflix, Spotity ou um título de informação. “Começamos a dar muita atenção à retenção, não só aos novos assinantes”, assinala.

Apesar do contexto menos fácil, Rudolf Gruner garante que não está no horizonte um recuo nos planos de crescimento. “São momentos, tenderá tudo a equilibrar-se”, resume.

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