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Fox News paga quase 720 milhões de euros para não ir a julgamento por difamação

Rafael Ascensão,

O canal de Rupert Murdoch irá assim pagar cerca de metade dos 1,6 mil milhões de dólares (cerca de 1.462 milhões de euros) pedidos inicialmente pela Dominion.

A Fox News aceitou pagar 787,5 milhões de dólares (cerca de 719,5 milhões de euros) para não ir a julgamento por difamação. Em causa está um processo levantado pela Dominion, sistema de voto eletrónico usado nas eleições norte-americanas.

A Dominion acusava a Fox News de ter transmitido acusações falsas de fraude eleitoral na altura da derrota de Donald Trump nas eleições presidenciais nos Estados Unidos, em 2020. O juiz anunciou esta terça-feira que as partes chegaram a um consenso num “acordo de última hora”, pouco antes do julgamento agendado. Os argumentos iniciais decorreriam nessa tarde, refere o Financial Times.

O canal pertencente ao império de Rupert Murdoch irá assim pagar cerca de metade dos 1,6 mil milhões de dólares (cerca de 1.462 milhões de euros) pedidos inicialmente pela Dominion, explicou à porta do tribunal o advogado Justin Nelson, citado pelo jornal britânico, que avança que esta é uma das maiores quantias recebidas por difamação na história dos Estados Unidos.

A verdade importa. Mentiras têm consequências“, disse ainda o advogado, acrescentando que as acusações transmitidas pelo canal televisivo “impactaram gravemente a Dominion e o país” e que os cidadãos norte-americanos “devem partilhar do compromisso com os factos”.

Segundo terá dito um representante da Dominion à CNN, com este acordo a Fox não terá de transmitir que difundiu mentiras sobre este sistema de voto eletrónico.

“Estamos satisfeitos por ter chegado a um acordo na nossa disputa com a Dominion. Reconhecemos as decisões do Tribunal que consideram certas alegações sobre a Dominion como falsas. Este acordo reflete o compromisso contínuo da Fox com os mais altos padrões jornalísticos. Estamos otimistas de que a nossa decisão de resolver esta disputa amigavelmente, em vez de através de um julgamento amargo e decisivo, permita ao país deixar estas questões para trás“, refere a Fox, por sua vez, em comunicado.

Com este acordo de última hora, várias personalidades da Fox Corporation já não terão de testemunhar em julgamento sobre a cobertura eleitoral feita pela Fox News em 2020, como seria o caso do próprio Rupert Murdoch ou do seu filho e CEO da empresa, Lachlan Murdoch.

Enquanto a Dominion argumentava que a Fox News tinha culpado “falsa e intencionalmente” a Dominion pela derrota de Donald Trump para Joe Biden, o canal televisivo defendia-se destes argumentos com a “Primeira Emenda” e a sua proibição aos limites de expressão.

Ao mesmo tempo, a Fox News afirmava que a Dominion não demonstrou que as declarações teriam sido feitas com “verdadeira malícia”, que é o “limite para reivindicações civis de difamação”, refere a CNBC.

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