PSD pede explicações sobre alterações na linha circular do metro de Lisboa
Social-democratas querem ouvir o ministro do Ambiente e a administração do Metropolitano de Lisboa no Parlamento. Utentes protestam na segunda-feira contra o "caos" das obras em curso.
O PSD pediu esta sexta-feira a audição parlamentar do ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, e da administração do Metropolitano de Lisboa para esclarecer a possibilidade de alterações à linha circular, em obra, admitida esta semana pelo Governo.
Num requerimento dirigido ao presidente da Comissão parlamentar Economia, os social-democratas saúdam a mudança, mas consideram “incompreensível esta forma de planear e programar obras”, que dizem denotar “uma desorientação e precipitação absolutas na condução deste processo”.
Para o PSD, importa esclarecer “quais as alterações necessárias ao projeto inicial” e “qual o impacto no tempo de execução das obras implicadas e nos custos associados a essa eventual alteração”, justificando os pedidos de audição da administração do Metropolitano de Lisboa e do ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro.
Na terça-feira, o Governo admitiu que o funcionamento da futura linha circular do Metropolitano de Lisboa possa ser feito “em laço”, sem transbordo na estação do Campo Grande para os passageiros da linha Amarela, remetendo a decisão para a empresa.
O funcionamento da linha circular, tal como está definido, prevê que os passageiros que saiam das estações de Odivelas, Senhor Roubado, Ameixoeira, Lumiar, Quinta das Conchas e Telheiras tenham de fazer transbordo no Campo Grande se quiserem ir para outras zonas de Lisboa.
Com a circulação “em laço”, esse transbordo deixa de ser necessário e o comboio que sai da futura linha Amarela segue viagem pela nova linha circular. Em comunicado, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática disse que a circulação na linha circular pode passar pelo funcionamento “habitualmente designado pela expressão ‘em laço’ ou a combinação destes tipos de funcionamento”.
As obras para a criação da linha circular foram anunciadas em 8 de maio de 2017 pelo presidente do conselho de administração da empresa, Vitor Domingues dos Santos, numa conferência de imprensa onde também esteve o então ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e o presidente da Câmara de Lisboa na altura, Fernando Medina.
A linha circular foi muito contestada por movimentos de utentes e partidos políticos, e recebeu até uma recomendação da Assembleia da República para que o projeto fosse abandonado. Em setembro de 2021, o então candidato do PSD à Câmara de Lisboa e atual presidente, Carlos Moedas, propôs uma solução de linha “em laço”. No início deste mês, o presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, Ricardo Mexia (PSD), defendeu a mesma ideia.
A expansão da linha circular, prevista inaugurar em 2024, tem um investimento total previsto de 331,4 milhões de euros.
Utentes protestam segunda-feira contra “caos” das obras
Os passageiros dos transportes públicos de Lisboa vão protestar na segunda-feira contra o “caos” gerado pelas obras da linha circular do Metro, que estão a ter um “forte impacto” na sua vida. “Vamos concentrar-nos às 18:00, na segunda-feira, junto à estação do Campo Grande porque queremos ver este problema solucionado. Está a ter um impacto forte e negativo na vida das pessoas”, disse à agência Lusa Cecília Sales, da Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa.
Segundo a representante dos utentes, as obras a decorrer na estação do Campo Grande no âmbito da futura linha circular “obrigam ao transbordo dos passageiros que vêm de Odivelas, Loures e também da parte norte da cidade, Telheiras, Lumiar”. “As obras estão a impedir a passagem por ali. Em vez de irem diretamente para o centro da cidade, como anteriormente, os passageiros são obrigados a fazer transbordo”, disse.
Referindo-se ao reforço dos autocarros da Carris feito para realizar esse transbordo e minimizar o impacto das obras, Cecília Sales afirmou que é “claramente insuficiente”, pelo que defende que tem de se “arranjar uma solução que não transtorne a vida das pessoas”.
No âmbito das obras para a criação da linha circular do Metropolitano de Lisboa, a circulação entre Telheiras e Campo Grande (linha Verde) e entre Campo Grande e Cidade Universitária (linha Amarela) está interrompida desde 2 de maio e até 7 de julho. A 3 de maio, a Câmara de Lisboa anunciou o reforço das carreiras 736, 738 e 767 da Carris “com o objetivo de contribuir para minimizar o impacto negativo das interrupções na circulação do metro”.
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