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Repórteres sem Fronteiras divulga carta sobre jornalismo e inteligência artificial

Rafael Ascensão,

A carta define dez "princípios fundamentais" para salvaguardar a integridade da informação e preservar o papel social do jornalismo face à crescente influência da IA junto da prática jornalística.

A organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF), em conjunto com 16 parceiros, divulgou a Carta de Paris sobre inteligência e jornalismo, de forma a definir princípios e padrões éticos para jornalistas, redações e meios de comunicação na sua relação com a inteligência artificial.

Composta por 32 personalidades de 20 países (especialistas em jornalismo ou inteligência artificial), a comissão de trabalho tinha por objetivo determinar um conjunto de princípios éticos para proteger a integridade das notícias e da informação numa era em que a inteligência artificial começa a transformar a indústria dos meios de comunicação social.

A carta define assim dez “princípios fundamentais” para salvaguardar a integridade da informação e preservar o papel social do jornalismo, entre os quais que “a ética deve governar as escolhas tecnológicas nos meios de comunicação” ou que “a mão humana deve continuar a ser central nas decisões editoriais”.

O mesmo documento enuncia também que cabe aos meios de comunicação social ajudar a sociedade a distinguir de uma forma confiante entre “conteúdos autênticos e sintéticos” e que estes devem “participar na gestão global da IA ​​e defender a viabilidade do jornalismo nas negociações com empresas tecnológicas”.

Os meios de comunicação são também “sempre responsáveis pelo conteúdo que publicam” e devem ser transparentes no uso que fazem de sistemas de IA.

Os sistemas de IA utilizados no jornalismo devem ser alvo de uma avaliação prévia e independente, defende ainda o documento, e a personalização e recomendação de conteúdos feitas através de IA devem manter a diversidade e integridade das informações.

A comissão iniciada pela RSF e à qual se juntaram outras 16 organizações é presidida por Maria Ressa, jornalista que recebeu o Prémio Nobel da Paz em 2021. A comissão divulgou a carta no Fórum de Paris para a Paz.

“A IA exacerba o que já é um momento existencial para o jornalismo. Embora prometa novas oportunidades, também traz consigo ameaças significativas à integridade da informação. A inovação tecnológica não conduz necessariamente ao progresso: esta deve ser guiada pela ética para verdadeiramente beneficiar a humanidade“, refere Maria Ressa, citada em comunicado.

De forma a salvaguardar o direito à informação, “os jornalistas e as organizações de notícias devem unir esforços para garantir que a ética orienta a governação e a utilização da tecnologia mais transformadora do nosso tempo. A Carta de Paris sobre IA e Jornalismo é um passo significativo em direção a este objetivo”, acrescenta.

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