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Nova geração de profissionais da televisão é menos criativa e ávida de conhecimento do outro, diz Cristina Ferreira

Rafael Ascensão,

Numa conferência na Web Summit, a apresentadora da TVI abordou temas como as novas tecnologias e as redes sociais, defendendo que é preciso ser-se inteligente para se ser menos artificial.

A nova geração de profissionais da televisão é “muito menos criativa e muito menos ávida de conhecimento dos outros”, assim como menos capaz de “entender de forma emocional o outro”, afirmou a Cristina Ferreira esta quarta-feira numa conferência na Web Summit, onde se debruçou sobre a ligação entre as novas tecnologias, as redes sociais e a inteligência.

A ideia foi defendida dando como exemplo os jornalistas que têm como missão aprofundar temas para apresentadores de televisão, um trabalho que deve ser feito de uma forma “muito minuciosa”, sendo que “cada texto que vejo hoje em dia são textos onde a maior parte das perguntas não foram feitas, porque nos habituámos a ser tudo muito leve e pela rama“.

“Nós fazemos isto todos os dias e raramente no demoramos a ver ou a ler aquilo que ali está, e isso tornou a nova geração de profissionais – relacionados com a televisão – muito menos criativa e muito menos ávida de conhecimento dos outros, muito menos capaz de entender de forma emocional o outro“, acrescentou.

Naquela que foi a sua quarta vez na Web Summit, Cristina Ferreira propôs-se a falar sobre “inteligência.artificial”, onde o ponto “faz toda a diferença”, abordando a forma como as pessoas podem ser inteligentes nas redes sociais e como se podem tornar artificiais.

A recém-administradora executiva da Media Capital Digital defendeu ainda que atualmente são vividos “tempos de liberdade condicionada”, onde o medo sobre o julgamento de terceiros impede que muitas vezes sejam dadas opiniões.

“E não preciso de falar sobre o que aconteceu nesta Web Summit”, disse Cristina Ferreira, aludindo ao caso de Paddy Cosgrave, que se demitiu de CEO da Web Summit, depois de afirmações polémicas sobre Israel terem levado empresas como a Amazon, Meta e Alphabet a abandonarem o evento.

A apresentadora da TVI disse ainda que “estamos todos a viver num clima de algum receio de sermos nós próprios“, questionando se “estamos a usar a nossa inteligência para usar as redes sociais e nos darmos uns aos outros, ou estamos todos a ser artificiais e estamos a ir naquilo que os outros pretendem que cada um de nós seja num Instagram ou num TikTok?”

O que a inteligência artificial oferece pode ser muito benéfico mas também muito danoso, defendeu também a apresentadora. “Sempre que vos falarem de inteligência artificial, usem o ponto. Para sabermos que é preciso usar a inteligência para sermos cada vez menos artificiais”, concluiu.

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