Câmara do Porto cria quarteirões territoriais para dispersar turismo do centro histórico
Câmara do Porto cria quarteirões territoriais para aliviar pressão turística no centro histórico e dispersar fluxo para outras áreas com menor procura na cidade.
A Câmara Municipal de Porto vai criar quarteirões territoriais na cidade para dispersar o fluxo turístico do centro histórico, aliviando as zonas de maior pressão turística. Está, por isso, a elaborar um estudo com vista à identificação e desenvolvimento estratégico das futuras unidades territoriais turísticas, avançou ao ECO/Local Online a vereadora do pelouro de Turismo e Internacionalização, Catarina Santos Cunha, no âmbito do mapa de gestão “Yours Truly, Porto” que, esta terça-feira, apresenta no encontro internacional BOOST – Building Better Tourism.
O objetivo consiste “essencialmente na dispersão dos fluxos do centro histórico para o resto da cidade com a criação de quarteirões territoriais e de interesse”, por forma a melhor gerir a pressão turística, e a necessidade de equilibrar a qualidade de vida e bem-estar de residentes com os interesses do turismo, explana a vereadora da autarquia liderada por Rui Moreira.
O município pretende, assim, incentivar o crescimento sustentável do turismo na cidade, evitando o “esgotamento” dos seus fatores de atratividade e promovendo o equilíbrio e desenvolvimento ambiental, urbano, económico e social. E desta forma contribuir “para um desenvolvimento económico também mais sustentável, criando quarteirões territoriais, bem à semelhança do que acontece noutras cidades, como é o caso dos bairros parisienses.
No caso do Porto já há quarteirões identificados há algum tempo, designadamente a rua de Miguel Bombarda – o conhecido “Quarteirão das Artes” que atrai centenas de pessoas para visitar as galerias e as livrarias temáticas –, a Foz Velha — com as suas antigas e estreitas ruelas e diverso património, com o mar e o Rio Douro como pano de fundo — ou a área do Campo Alegre. “Sentimos que as pessoas viajam no elétrico até à Foz e depois não conhecem a zona da Foz Velha”, afirma Catarina Santos Cunha em declarações ao ECO/Local Online a propósito do documento orientador das estratégias, desafios e principais tendências do setor do turismo na cidade que apresentará durante o BOOST – Building BetterTourism, na Casa da Música.
A vereadora considera que “há um conjunto de coisas que não estão a ser dadas a conhecer devidamente. Portanto, é preciso fazer a construção de narrativas também por quarteirões”. Na prática, serão criados “novos argumentos de atração ao turismo e ao investimento para o desenvolvimento sustentável de cada quarteirão, diversificando a fixação de dormidas, os roteiros de visita e os polos de dinamização turística, cultural e de lazer”, lê-se no documento que será apresentado e a que o ECO/LOcal Online teve acesso.
Apesar de ter aberto uma janela sobre a criação destes quarteirões, a vereadora não quis “aprofundar muito mais” o assunto que, a seu tempo, será divulgado mais detalhadamente. “Ainda estamos a mapear e a delinear as fronteiras territoriais” na cidade portuense que tem o centro histórico classificado como Património da Humanidade pela Unesco desde 1996.
Uma consultora está a desenvolver um estudo sobre a dispersão dos fluxos do centro histórico e a criação de quarteirões territoriais turísticos que será publicamente divulgado em data ainda a anunciar pelo município. “Assim que sair o estudo, em que estamos trabalhar com uma consultora, já haverá mais consistência para apresentar mais especificamente o que é que vamos fazer nesta área”, adianta a vereadora da autarquia portuense.
Este projeto está alicerçado em três eixos estratégicos de atuação: diagnóstico dos atuais fluxos turísticos e a sua concentração na cidade, identificando as zonas turísticas com eventual cenário de overcrowding turístico; demarcação do território, definição da identidade dos quarteirões territoriais e elaboração de um plano estratégico que consubstancia as novas identidades e narrativas territoriais; mapeamento das novas unidades territoriais de atração turística e elaboração de planos de ação para a sua ativação e dinamização.
Preocupação do município em monitorizar a cidade e, de alguma forma, adaptar e regular o turismo por forma a que este equilíbrio nunca se perca entre os residentes e os visitantes.
Centrado na aposta “Visão para o Futuro Sustentável do Destino Porto, o mapa “Yours Truly, Porto” é um documento que estará aberto à cidade, colaborativo e que reflete sobre as estratégias, os desafios e as principais tendências do setor do turismo na cidade.
Este mapa de gestão pretende dar a conhecer, “de forma intuitiva e transparente”, a estratégia do município para o futuro sustentável do destino Porto cuja maior procura é sobretudo internacional (80% do total de visitantes) com o mercado espanhol no topo, a que se seguem depois o americano, francês, britânico, brasileiro e alemão. Em crescimento estão os mercados americano, canadiense e brasileiro, segundo dados do município portuense.
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