Mota-Engil já tem “inúmeros interessados” nos escritórios do antigo matadouro do Porto

Carlos Mota Santos diz que há "inúmeras empresas interessadas e potenciais inquilinos" nos escritórios do futuro M-ODU, em Campanhã, que abre portas em 2026. Promotor recusa "derrapagem financeira".

Depois de ter sido inicialmente anunciada para outubro deste ano, a reconversão do antigo matadouro de Campanhã, agora designado M-ODU, na zona oriental do Porto, vai estar concluída no final de 2025 e a primeira fase da obra estará pronta até dezembro, garantiu o presidente executivo da Mota-Engil. Durante uma visita à empreitada, Carlos Mota Santos assegurou que não há qualquer derrapagem financeira nem custos adicionais para o erário público, adiantando que a promotora já tem “inúmeras empresas interessadas e potenciais inquilinos”.

Apesar de dizer que os trabalhos estão a decorrer a bom ritmo, Rui Moreira apontou a existência de uma “única derrapagem” relacionada com o edifício mais próximo da Via de Cintura Interna (VCI), onde deverá nascer uma ponte pedonal exterior entre a estação de metro do Estádio do Dragão e o antigo matadouro. O autarca atribuiu este atraso a uma razão técnica: “verificou-se que o muro de apoio vai ter de ser reforçado. Estava a fazer uma ‘barriga’, algo que não era expectável, e, portanto, é aceitável que nessa matéria derrape”.

Mesmo que o investimento se tornasse mais caro do que aquilo que estava previsto, nada reverte para o erário público.

Carlos Mota Santos

Presidente executivo da Mota-Engil

O presidente executivo da Mota-Engil comprometeu-se a resolver este problema. “De acordo com o plano de trabalhos, iremos fazer a travessia, ou seja, a obra de arte para a travessia da VCI”, que começará no final deste ano e decorrerá ao longo do próximo. No entanto, o gestor recusou qualquer tipo de derrapagem financeira na obra, que tem um custo de 40 milhões de euros.

“Não há nenhuma derrapagem financeira tanto mais que isto é uma concessão [a 30 anos]. Os preços de aluguer com a Câmara estão preestabelecidos e depois é um risco comercial de aluguer para o mercado. Por isso, nada tem a ver com derrapagem financeira. Mesmo que o investimento se tornasse mais caro do que aquilo que estava previsto, nada reverte para o erário público”, garantiu Carlos Mota Santos, em declarações aos jornalistas, depois de apresentar os trabalhos em curso e que darão uma nova dinâmica económica, social e cultural a esta zona deprimida da cidade Invicta.

Rui Moreira aponta para o início de 2026 a abertura do M-ODU com galerias de arte, museus, escritórios e restaurantes. “Podemos dizer que no início de 2026 isto estará a funcionar plenamente, cumprindo as nossas expectativas”, garantiu o edil, notando que a obra decorre “dentro dos prazos” estipulados pela Mota-Engil.

Deste futuro espaço, 40% está alocado à Câmara Municipal e os restantes 60% vão ser promovidos pela Mota-Engil e colocados no mercado para escritórios, com uma pequena parte para restauração. Carlos Mota Santos adiantou ainda que já há “inúmeras empresas interessadas e inúmeros potenciais inquilinos”. “Só posso garantir uma coisa: há um cliente que vem para aqui, que é a Mota-Engil”, acrescentou.

“Na parte principal que nos diz respeito, vai-nos ser entregue no final do ano”, assinalou, por sua vez, Rui Moreira. Os edifícios que ficarão sob a gestão da autarquia serão entregues em bruto. “Depois, vamos precisar de tempo, porque temos de fazer os acabamentos”, frisou. Serão, por isso, necessários entre 12 a 15 meses para começarem a funcionar a galeria artística e o Museu das Convergências, onde ficará sediado o acervo da coleção Távora.

O futuro M-ODU — cuja identidade de marca foi esta quinta-feira apresentada — “cruza o contemporâneo e a memória”, ao manter na nave central as estruturas metálicas onde o gado era transportado, lembrando a atividade económica que outrora ali foi desenvolvida. “O Matadouro é a cidade que nós queremos. Aqui encontro tudo: a cultura, a coesão e a economia (…) Este é um projeto-âncora não apenas para Campanhã, mas de um projeto político que [quando tomei posse] parecia um pouco improvável””, sublinhou o autarca.

Este espaço será “um novo centro” na cidade, segundo descreveu o arquiteto japonês Kengo Kuma, que assina o projeto da obra juntamente com os portugueses da OODA. Kengo Kuma assinalou aos jornalistas que um dos principais desafios deste trabalho se prendeu com a preservação do complexo.

O M-ODU terá capacidade para acolher mais de 2.300 pessoas. O muro do antigo matadouro será demolido e o complexo ficará aberto à zona Oriental do Porto. Está prevista a criação de uma praça pública, onde também ficará sediada a esquadra da PSP.

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