Autarcas Social-Democratas querem plataforma de trabalho para negociar Lei de Finanças Locais

  • Lusa
  • 12 Julho 2024

Autarcas Social-Democratas querem plataforma de trabalho para "iniciar o processo de reflexão e negociação" de uma nova Lei de Finanças Locais.

Os Autarcas Social-Democratas (ASD) querem uma plataforma de trabalho para “iniciar o processo de reflexão e negociação” de uma nova Lei de Finanças Locais e defendem uma convergência com a Zona Euro na participação nos impostos do Estado.

“Defendemos como principal objetivo uma convergência progressiva no tempo com a Zona Euro quanto à participação nos impostos do Estado, reforçando a capacidade financeira dos municípios“, afirmou à agência Lusa o presidente dos ASD, Pedro Pimpão.

Segundo o autarca, que é também presidente da Câmara Municipal de Pombal (distrito de Leiria), essa capacitação deve contribuir “para reduzir as assimetrias entre municípios, promovendo uma efetiva coesão territorial e uma total equidade na disponibilização de serviços públicos às populações”.

Em 2023, o peso da receita dos governos locais no total da administração pública foi de 12,3% em Portugal, sendo que na Zona Euro foi de 16,9%, destacou, numa resposta escrita, o autarca.

Para Pedro Pimpão, alcançar este objetivo “implica um aumento muito substancial na receita da administração local”, como o aumento do Fundo de Equilíbrio Financeiro, a atualização permanente do Fundo de Financiamento de Descentralização e o alargamento das receitas fiscais próprias dos municípios.

Defendemos como principal objetivo uma convergência progressiva no tempo com a Zona Euro quanto à participação nos impostos do Estado, reforçando a capacidade financeira dos municípios.

Pedro Pimpão

Presidente dos Autarcas Social-Democratas (ASD)

“Além desta convergência com a Zona Euro, sugerimos a revisão dos critérios de distribuição horizontal, contribuindo para um reforço da coesão social e territorial no plano nacional”, sustentou, observando que tal pressupõe “a criação de critérios fortemente redistributivos nas transferências do Orçamento do Estado, para compensar os municípios mais dependentes destas receitas”.

Segundo o presidente da Câmara, estas transferências devem atender ao financiamento das competências municipais, “repartida em função da demografia, do território e das características socioeconómicas dos 308 municípios“, e à coesão territorial.

“Os ASD sugerem ainda a simplificação de processos, conceitos e mecanismos de reporte, restituindo aos municípios a autonomia na gestão financeira”, salientou Pedro Pimpão, realçando ser “necessário desburocratização, simplificação e eficácia dos procedimentos”.

Quanto à margem de endividamento, os ASD insistem na sua alteração, considerando que “o atual contexto económico-financeiro justifica eliminar a norma que limita a utilização de toda a capacidade de endividamento dos municípios”.

Por outro lado, consideram que também se justifica que “se excecione do limite da dívida total o valor dos empréstimos destinados a financiamento de investimentos que contribuam para a eficiência energética e para a redução de perdas de água na rede pública municipal”.

Precisamos de uma nova lei que dê resposta a um conjunto de realidades novas, onde as câmaras têm cada vez mais intervenção na resolução dos problemas das pessoas em todas as áreas.

Pedro Ribeiro

Presidente da Associação Nacional de Autarcas do Partido Socialista (ANA-PS)

Defendendo igualmente a alteração da regra de equilíbrio orçamental, os ASD querem ainda que as freguesias tenham “direito a uma participação nos impostos do Estado equivalente a 5% da média aritmética simples da receita do IRS, IRC e do IVA” (atualmente é de 2,5%).

Já o presidente da Associação Nacional de Autarcas do Partido Socialista (ANA-PS), Pedro Ribeiro, defende uma nova Lei das Finanças Locais “com respostas financeiras a realidades novas”, resultantes da descentralização de competências que os municípios têm vindo a assumir na gestão pública.

“Precisamos de uma nova lei que dê resposta a um conjunto de realidades novas, onde as câmaras têm cada vez mais intervenção na resolução dos problemas das pessoas em todas as áreas”, afirmou à Lusa.

O também presidente da Câmara de Almeirim, no distrito de Santarém, sublinhou que o que os socialistas pretendem “é uma lei com princípios novos que tenha em conta o que têm sido as descentralizações e a importância que os municípios têm vindo a ter na gestão pública”.

A necessidade de o Estado central atribuir mais recursos financeiros às autarquias, lembrou, “é uma posição não só dos autarcas socialistas, mas de todos das várias cores partidárias e independentes”.

“Há a necessidade de encontrarmos novas formas de financiamento, de o Estado central nos dar mais recursos, porque também nos tem vindo a dar um conjunto de competências que fazem sentido e são importantes para as pessoas, mas precisamos de ter uma participação maior no Orçamento geral do Estado”, realçou.

Na sua opinião, com a atribuição de mais recursos financeiros, ficam todos a ganhar: “Ganham as autarquias, ganha o Estado central e, com isso, ganham os cidadãos.”

O Governo PSD/CDS-PP tem afirmado que quer revisitar a Lei de Finanças Locais, em articulação com as autarquias, mas sem indicar um calendário.

A alteração desta legislação tem sido uma reivindicação do poder local. Em maio, a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), que já divulgou várias questões que quer ver alteradas, propôs, “na verdadeira aceção do termo, uma nova Lei de Finanças Locais: uma lei que modernize Portugal e que seja em si mesma uma reforma do Estado, tornando-o mais eficiente e próximo das pessoas”.

Questionada esta semana pela Lusa, a presidente da ANMP, Luísa Salgueiro, referiu que “ainda não houve qualquer desenvolvimento nem nenhuma calendarização”, pelo que aguarda a resposta do ministro das Finanças a uma reunião. “Houve apenas as declarações do senhor primeiro-ministro, que defende a nova Lei das Finanças Locais”, afirmou a autarca de Matosinhos (distrito do Porto).

Questionada sobre se a demora a preocupa, a socialista indicou que o Governo está ainda em início de funções e que o importante é recuperar o atraso.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Autarcas Social-Democratas querem plataforma de trabalho para negociar Lei de Finanças Locais

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião