Grupos de media e publicidade querem que Apple suspenda nova funcionalidade do iOS 18
A Apple lançou uma nova ferramenta que permite aos utilizadores eliminar o que não querem ver num site. Grupos de media e anunciantes têm-se insurgido contra a mesma, apelando à marca para recuar.
A funcionalidade “controlo de distração” (distraction control) que a Apple introduziu no navegador Safari do iOS 18, sistema operacional do iPhone, tem causado apreensão entre grupos de media e anunciantes. Esta funcionalidade permite aos utilizadores eliminar seletivamente elementos de um site que não queiram ver enquanto navegam.
Com esta ferramenta, os utilizadores podem impedir que certos elementos do site apareçam, como pop-ups para inscrição em newsletters, banners sobre cookies, políticas de proteção de dados, janelas de login ou mesmo anúncios. Além disso, quando o utilizador voltar a esse site, esses elementos que foram selecionados vão permanecer ocultos.
Quando, ainda em abril, a AppleInsider noticiou que a Apple estava a trabalhar numa ferramenta com inteligência artificial que permitiria aos utilizadores bloquear facilmente anúncios, começaram a surgir diversas dúvidas e receios entre os grupos de media e publicidade.
A News Media Association, do Reino Unido, ou as francesas Alliance Digitale e Alliance de la Presse d’Information Generale, enviaram uma carta dirigida a Tim Cook, CEO da Apple, expressando as suas preocupações, mas tanto o responsável como a a própria marca não responderam. No entanto, no lançamento da ferramenta, a Apple avançou que o “Distraction Control” não iria remover anúncios de forma permanente.
Agora, face à ausência de respostas, um grupo de associações comerciais de origem francesa, que representa cerca de 800 empresas do setor publicitário, resolveu enviar uma nova carta aberta a Tim Cook, reforçando os receios já expostos e apelando à suspensão desta nova ferramenta, refere a BusinessInsider.
O grupo avança ainda que está “a considerar ativamente todos os recursos legais disponíveis”. A carta também foi enviada para vários ministros franceses, à autoridade de gestão da concorrência de França e à Comissão Europeia.
Estas associações também afirmam que, segundo os testes que realizaram, em algumas ocasiões todos os anúncios em determinados sites foram ocultados. Isso representa uma “ameaça existencial ao modelo de publicidade online, que sustenta uma parte significativa da economia da internet”, argumentam.
Na carta, os grupos mostram-se também preocupados com a possibilidade de esta ferramenta poder colocar os proprietários dos sites em risco de incumprimento do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), uma vez que permite “esconder” os pop-ups de consentimento de cookies.
Além disso, é alertado na missiva que, ao permitir que os utilizadores escondam qualquer conteúdo de uma página web, esta ferramenta pode alimentar a “manipulação da informação” e a sua disseminação no online.
A News Media Association, do Reino Unido, também já enviou uma carta à Apple alertando que a ferramenta ameaça a sustentabilidade financeira do jornalismo. No caso do Brasil, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) considerou “extremamente preocupante” esta iniciativa da Apple, segundo Marcelo Rech, o seu presidente, refere o jornal brasileiro O Globo.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.