A Cartier da Avenida da Liberdade reabriu (ainda mais incrível)
A Cartier de Lisboa acaba de reabrir e só nos ocorre dizer “Uau”. A cada passo somos surpreendidos por obras de arte recheadas de simbolismo, recantos confortáveis e uma luminosidade impressionante.
À chegada, quase conseguimos esquecer que estamos na esquina do número 240 da Avenida da Liberdade e que o estaleiro das obras do plano geral de drenagem de Lisboa fica mesmo em frente. Uma obra importante para o futuro da cidade e que não dá para contornar, bem sabemos, mas cuja visão desaparece de imediato assim que nos abrem a porta. Entramos e, na zona da joalharia, a renovação da boutique, concebida pelos arquitetos Bruno Moinard e Claire Bétaille, salta logo à vista: uma grande cúpula de vidro, obra do artista de vitrais Jorge Aragone, filtra a luz em tons suaves e dá as boas-vindas aos visitantes.
A cúpula é uma homenagem ao artesanato da Art Nouveau do final do século XIX, que mostra o meticuloso processo de esmaltagem plique-à-jour, no qual o fio de ouro soldado traça motivos complexos. O brilho da peça tem o dom de ampliar o espaço e de dar uma luz especial às peças de alta joalharia Cartier que encontramos nas vitrinas à volta, “Panthère” e “Grain de Café”.
Na parede, destaca-se um marcante painel em laca e marqueterie de palha, assinado pelos ateliers Lison de Caunes e Midavaine, onde encontramos a imagem de uma panthère (um dos símbolos mais icónicos da maison). Um trabalho de extrema delicadeza – a palha é um material frágil mas resistente, com uma beleza e um brilho naturais, que atravessou civilizações e que simboliza longevidade e savoir-faire. O motivo no fundo, como quase todos os aspetos desta renovada boutique, reflete as influências locais, inspirando-se nos azulejos tradicionais que encontramos no Museu Nacional do Azulejo e nas formas triangulares presentes na bandeira da Câmara Municipal de Lisboa. O simbolismo não acaba aqui: os tons de azul e amarelo evocam o Mosteiro dos Jerónimos.
Moinard e Bétaille idealizaram um espaço que juntasse de forma harmoniosa a sofisticação característica da Cartier ao rico património cultural de Portugal. Dos azulejos pintados à mão às esculturas em têxtil, cada pormenor conta uma história de perícia artesanal e dedicação, fazendo da boutique uma homenagem viva à sua localização. Refletindo a história marítima de Portugal, o design da boutique honra este legado e celebra a identidade cultural atual do país através de um jogo de tradição e modernidade.
Com tonalidades claras e suaves, o espaço intimista da zona de Bridal irradia um ambiente marinho sereno que realça as coleções de diamantes da maison. No centro, uma instalação criada pela artista Véronique de Soultrait apresenta cordas de vários tamanhos e cores, adornadas com pátinas madrepérola e douradas. Estas tranças, cada uma delas símbolo de paciência e mestria, evocam o movimento rítmico do mar e remetem para os cabos outrora utilizados pelos navegadores portugueses. Nenhum detalhe foi descurado: a alcatifa com padrão de ondas conecta a sala à costa portuguesa, integrando na perfeição as curvas graciosas dos anéis da Cartier. Os estofos de inspiração coral e um painel em madrepérola com motivos de conchas realçam ainda mais o tema aquático. Um candelabro com gotas transparentes desce como gotas de água, conferindo um toque final de elegância etérea ao espaço.
Visto o primeiro nível, é tempo de subir dois degraus que nos levam a um ambiente distinto do anterior: a Sala Jardim. Aqui, destaca-se, na parede lateral direita, uma incrível instalação têxtil criada pelo estúdio português de decoração de interiores Casa do Passadiço, inspirada nos bordados tradicionais das colchas de Castelo Branco, numa homenagem a este trabalho artesanal que perdura no tempo. A paleta quente de tons amarelos, verdes, azuis e encarnados com motivos inspirados na natureza dá eco às tradições dos bordados e recebe com conforto as coleções de joalharia mais icónicas da Cartier – “LOVE”, “Trinity” e “Juste un Clou”.
A viagem prossegue, e entramos agora no espaço dedicado à relojoaria. Inspirado na natureza, mergulhamos numa atmosfera vibrante, onde cores vivas e materiais requintados destacam as coleções “Santos”, “Panthère”, “Tank”, “Baignoire”. A obra da artista portuguesa Vanessa Barragão, que transforma a arte tradicional do croché numa obra-prima escultural, reforça este tema, refletindo a beleza e a fragilidade da natureza.
Quase a chegar ao fundo deste corredor, já vislumbramos a Sala Privada, no seu requinte discreto, onde os têxteis ricos e uma mistura sofisticada de azul, branco e amarelo proporcionam uma experiência intimista e exclusiva. O teto inspira-se na arquitetura grandiosa da Galeria da Basílica do Palácio de Mafra, criando uma atmosfera dramática, mas equilibrada. Mas o grande foco vai para a peça central, um painel de azulejos Viúva Lamego com a icónica panthère da maison pintada à mão por Cédric Peltier. Mais uma vez, a união entre a tradição e a contemporaneidade, fundindo dois séculos de história e transportando as peças desta fábrica de azulejos artesanais para a arte complexa de Cédric.
Ao lado, a área de assistência pós-venda, mais um recanto que reflete a energia da portugalidade dando as boas-vindas aos clientes com as cores arrojadas do papel de parede De Gournay, intrincadamente bordado com motivos florais. Aqui encontramos as coleções de “Arte de Viver” e fragrâncias da maison. Com inspiração no Mediterrâneo, o espaço oferece uma atmosfera serena influenciada pelo jardim da Quinta da Regaleira, em Sintra, criando um ambiente tranquilo.
A Cartier mantém-se, também com este projeto, fiel no seu compromisso de preservar o artesanato, colaborando com artesãos qualificados para criar instalações que honram o património do país. Cada peça, desde a marcheterie complexa até ao bordado artesanal, é um testemunho do legado intemporal de um savoir-faire excecional. Um orgulho para o Diretor Administrativo da Cartier Ibéria, Nicolas Helly: “desde a sua abertura em 2013, a boutique Cartier em Lisboa tem acompanhado o renascimento da Avenida da Liberdade para se tornar um destino obrigatório para os visitantes. Com esta renovação, o novo espaço Cartier presta homenagem ao rico património cultural português através da visão contemporânea de diferentes artistas locais e tornar-se-á um ponto de encontro para todos os lisboetas e visitantes da cidade”.
Boutique Cartier
Avenida da Liberdade, nº240 – Lisboa
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