Responsabilidade social deve “estar incorporada” na marca e contribui para o negócio, defende a TTouch
Benedita Guedes de Carvalho e Teresa Pinto Leite, partners da TTouch, explicam como marketing e responsabilidade social podem fazer parte da mesma equação. Mudar o mundo pela comunicação é objetivo.

Já houve um tempo, e não é preciso recuar muitos anos, em que se falava em agências digitais e em agências tradicionais. Hoje, todas as agências são digitais, o digital está sempre integrado.
O paralelismo é feito por Teresa Pinto Leite, sócia e diretora criativa da TTouch, e refere-se à componente de responsabilidade social nas marcas. “É óbvio que uma agência é digital. Sempre, não é? Está sempre integrado. E é esse o percurso que achamos que a responsabilidade social, o impacto, deve ter dentro de uma marca”.
“Uma marca tem que ser responsável socialmente. Responsabilidade social não é uma das coisas que ela faz. Ela opera assim”, acrescenta Benedita Guedes de Carvalho, que subiu agora também a sócia da agência.
“O ideal era que estivesse tudo alinhado”, que a responsabilidade social fosse um tema da liderança, mais do que do marketing, da comunicação ou da sustentabilidade, prosseguem em entrevista ao +M as duas responsáveis, na opinião de quem, no limite, as políticas que geram impacto positivo na sociedade também contribuem para o negócio.
“Até do ponto de vista comercial, quando as marcas têm uma estratégia de responsabilidade social coerente e que faz sentido com aquilo que elas são e com aquilo que o mercado também procura, há resultados“, defende Teresa Pinto Leite. Com o preço a assumir uma posição determinante nas opções de escolha dos consumidores, a criativa reforça que se estes “tiverem a oportunidade de escolher entre uma marca responsável e uma marca não responsável que tenham o mesmo valor, escolhem de certeza a marca responsável”.
Uma marca tem que ser responsável socialmente. Responsabilidade social não é uma das coisas que ela faz. Ela opera assim.
Fundada por Mariana Galindo em 2020, a TTouch assume-se como “uma agência transformadora do mundo através da comunicação”. Com projetos na área do impacto social para grandes clientes como o Meo ou a EDP, a agência trabalha também com associações – e junta associações a marcas.
“Damos sempre o exemplo às associações de uma APPACDM (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental) – que trabalha tantos beneficiários, é tão importante e há tantas no país todo–, e de uma Associação Salvador”. A última, compara, “tem trabalhado a sua marca há muito tempo e, por isso, está no nosso top of mind, quando vamos, se calhar, fazer o IRS ou uma doação”, diz Benedita Guedes de Carvalho, para ilustrar a importância da comunicação para as associações.
“É muito importante para posicionamento e angariação de fundos”, assegura a nova partner da agência, que tem como política não fazer trabalhos pro bono. “Não fazemos pro bono porque acreditamos na continuidade e na estratégia. Não é só para uma marca, é exatamente para uma associação, que tem que trabalhar como uma marca, que tem que posicionar certo tipo de mensagens na cabeça das pessoas, um certo tipo de imagem e uma distinção no mercado das associações. E isso demora tempo e tem valor”, reforça.
“Até do ponto de vista comercial, quando as marcas têm uma estratégia de responsabilidade social coerente e que faz sentido com aquilo que eles são e com aquilo que o mercado também procura, há resultados”,
Com o período de entrega do IRS a aproximar-se, as campanhas de consignação começam a avolumar-se e muitas resultam de trabalho voluntário de agências. “O que não se deve fazer neste setor é o mesmo que em qualquer outro, ser incoerente com a sua marca, com o seu posicionamento“, alerta Teresa Pinto Leite, criativa que construiu grande parte da carreira em agências tradicionais e que, a dado momento, se cansou de “vender sabonetes”.
“Ao fim de não sei quantos anos a fazer campanhas para marcas do ponto de vista puramente comercial, tínhamos vontade de fazer qualquer coisa a mais, contribuir um bocadinho mais – não que as pessoas que trabalham nas agências tradicionais não estejam a contribuir imenso, porque estão, para a economia de mercado, que acho muito importante –, mas a nossa vontade pessoal era essa, era contribuir também para um setor social e ambiental”, diz, recuando ao início da agência fundada por Mariana Galindo.
“Para nós, que propomos que a comunicação resolva grande parte dos problemas sociais e ambientais, temos um ano desafiante. E, do ponto de vista intelectual, entusiasmante. Temos de trabalhar a nossa criatividade para coisas que já achávamos que estavam garantidas”, antecipa sobre os próximos meses, e pensando tanto no contexto nacional como internacional, Benedita Guedes de Carvalho. A entrevista completa pode ser vista em vídeo ou escutada em podcast.
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