Negócios +M

Concorrência impõe suspensão do Playce. Publicidade antes das gravações em televisão termina em abril

Carla Borges Ferreira,

Meo, Nos e Vodafone já formalizaram junto dos anunciantes que a partir de maio não vai aceitar publicidade nas gravações automáticas de televisão. Nota de ilicitude da AdC desencadeia desfecho.

O Playce, plataforma agregadora de publicidade endereçada disponibilizada através do Meo, Nos e Vodafone, vai ser suspenso a partir do dia 1 de maio, uma decisão que resulta de uma nota de ilicitude da Autoridade da Concorrência, apurou o +M junto de três fontes de mercado. Ou seja, terminam os 30 segundos de publicidade nas gravações, sistema que tem vindo a ganhar, pela sua eficácia, escala junto dos anunciantes. A Meo, a Nos e a Vodafone já estão a formalizar junto dos anunciantes que a partir de maio não vão aceitar publicidade nas gravações automáticas de televisão.

De acordo com a a informação prestada [pela plataforma Playce] os motivos subjacentes a esta decisão devem-se à abertura de um processo de contraordenação por parte da Autoridade da Concorrência, a qual considera ilegal o Payce“, lê-se numa das cartas que estão a ser enviadas às agências de meios e à qual o +M teve acesso.

A Vodafone Portugal confirma que decidiu suspender a sua participação no Playce em virtude do atual contexto regulatório que envolve esta plataforma”, diz por sua vez fonte oficial da operadora ao +M. Também contactadas, Nos e Meo optaram por não comentar.

Até à publicação desta notícia, também SIC e TVI, igualmente contactadas, remeteram-se ao silêncio. Entretanto, em silêncio sobre o processo permanece também a Autoridade da Concorrência, apenas referindo que “não impõe suspensões através de notas de ilicitude”.

Ou seja, a AdC terá aberto um processo pelo que considerará serem práticas anticoncorrênciais nos 30 segundos de publicidade que antecedem as gravações de programas nas boxes dos operadores, o Playce terá respondido, mas uma decisão final do regulador só seria esperada mais perto do final do ano.

A suspensão do serviço antecede assim o que as operadoras receavam vir a ser o desfecho deste processo.

Já em 2021, recorde-se, as operadoras Meo, Nos e Vodafone – bem como a consultora Accenture, responsável pelo suporte tecnológico e operacional do Playce – foram acusadas pela AdC de terem feito um “acordo anticoncorrencial nos serviços de televisão por subscrição”. Em causa estava o facto de, através do Playce, os consumidores serem obrigados a ver os anúncios, com um máximo de 30 segundos e que não dão para passar à frente, como “condição de acesso” às gravações das boxes.

Em abril do ano passado, a plataforma contava com mais de 400 anunciantes, embora o nível de investimento ainda não fosse o desejado, referia João Epifânio, na altura porta-voz do projeto lançado comercialmente em setembro de 2020.

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