UE dá 5,5 milhões à Rádio Europa Livre após corte dos EUA
A medida, descrita como um "financiamento de emergência de curto prazo", pretende fornecer uma "rede de segurança" para o jornalismo independente da rádio que transmite para o leste europeu.
A União Europeia vai apoiar a Rádio Europa Livre, que transmite para países do leste europeu, com 5,5 milhões de euros. O apoio surge na sequência da decisão da administração de Donald Trump de cortar o financiamento à organização de difusão, depois de a acusar de promover uma agenda noticiosa com um pendor liberal.
O anúncio do apoio foi feito pela chefe da política externa da UE, Kaja Kallas. “Numa época em que há cada vez mais conteúdo não filtrado, o jornalismo independente é mais importante do que nunca“, diz Kallas, citada pela Reuters.
Esta medida, descrita como um “financiamento de emergência de curto prazo” para fornecer uma “rede de segurança” para o jornalismo independente, pretende assim apoiar “o trabalho vital da Rádio Europa Livre”, disse Kaja Kallas.
A Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade (Radio Free Europe/Radio Liberty), até agora financiada pelos EUA, foi criada durante a Guerra Fria, com o intuito de comunicar com pessoas em países comunistas. Com sede na Chéquia, atualmente transmite programas em 27 línguas em 23 países, incluindo na Ásia Central e Médio Oriente.
A Chéquia já tinha vindo a pressionar a UE para encontrar uma maneira de financiar a rádio, de modo a mantê-la em funcionamento. “O nosso objetivo é manter a missão [da rádio] de fornecer informações livres e justas às sociedades na Rússia, Bielorrússia e Irão”, disse Jan Lipavsky, ministro das Relações Exteriores da Chéquia, à Reuters.
Kallas afirmou que a UE não conseguirá colmatar a lacuna de financiamento da organização em todo o mundo, mas pode ajudar a emissora a “trabalhar e a funcionar nos países que estão na nossa vizinhança e que estão muito dependentes das notícias vindas de fora”.
A alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança disse também que espera que os 27 países-membros da UE também disponibilizem mais fundos para ajudar a Rádio Europa Livre a longo prazo.
Já no início do mês a Suécia avançou que doaria cerca de dois milhões de dólares à Rádio Europa Livre, argumentando que a decisão dos EUA de congelar o financiamento significava as pessoas de muitos países corriam o risco de perder o acesso a media livres.
Em fevereiro a administração de Donald Trump também decidiu congelar a atividade da agência norte-americana para o desenvolvimento internacional (USAID, na sigla inglesa), que tem por objetivo o desenvolvimento de programas para ajuda externa, colocou diversas organizações a nível internacional em sobressalto. O setor do jornalismo não passou ao lado desta decisão, desde logo pelo facto de muitos órgãos de comunicação em países que atravessam contextos mais complicados dependerem desta ajuda e financiamento norte-americanos.
Com a decisão da administração Trump, o orçamento de mais de 268 milhões de dólares (cerca de 258 milhões de euros) aprovado em 2025 para apoiar media independentes e o livre fluxo de informações a nível internacional através da USAID ficaram congelados. Segundo denunciou a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), esta decisão mergulhou organizações não governamentais (ONG), órgãos de informação e jornalistas numa “incerteza caótica”.
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