Startup promete ajudar contabilistas a acelerar tarefas com IA em 15 dias
A Mars Shot, fundada por Hugo de Sousa, garante conseguir automatizar as tarefas dos contabilistas em duas semanas recorrendo à IA para criar software.
Sentar (literalmente) ao lado dos contabilistas, identificar problemas em tempo real e dar ordem à Inteligência Artificial (IA) para que no espaço de duas semanas crie um software que automatize tarefas repetitivas. A informalidade e a rapidez na criação de soluções para esta área, mas também para recursos humanos, é o compromisso assumido pela Mars Shot, uma startup criada por Hugo de Sousa que promete dar resposta às empresas que considera não serem o foco das “big four”.
“O objetivo é finalmente dar resposta a todas as áreas de negócio. Ou seja, conseguir desenvolver software de forma muito mais rápida do que o tradicional. No tradicional estamos sempre a falar de projetos em meses, com derrapagens, extremamente caros e que raramente entregam aquilo que é esperado”, afirma Hugo de Sousa ao EContas, explicando que “fazemos projetos com base em IA”, usando-a para desenvolver software. Ferramentas que já são utilizadas por gigantes tecnológicos, como é o caso da Microsoft.
“Sentamo-nos ao lado das pessoas da contabilidade, olhamos para o trabalho delas e dizem-nos na hora o que é repetitivo, o que não acrescenta valor e o que podia ser automatizado. Ao lado delas construímos um protótipo em tempo real, com feedback em tempo real”, refere o gestor, dando ordem à IA para desenvolver o software necessário para resolver estas questões, sempre com a supervisão de um humano. O custo dos projetos ronda os 10 mil a 20 mil euros, um valor que diz ficar muito aquém do que é normalmente cobrado.
Hugo de Sousa diz que a rapidez no processo só é possível porque é também adotada uma abordagem informal entre o cliente e os programadores. “Em vez de fazermos projetos de diagnóstico, levantamento do ponto de situação e depois um planeamento exaustivo do que deve ser mudado e finalmente a mudança, falamos numa linguagem informal diretamente com pessoas do departamento de contabilidade que sabem exatamente que etapas é que são repetitivas e que não acrescentam valor nenhum. E em duas semanas automatizamos aquelas tarefas”, sem “aquela linguagem complexa e os powerpoints das consultoras”. A equipa é composta por uma pessoa do lado do cliente e por um gestor de produto e um programador do lado da consultora digital.
O fundador da Mars Shot, que nasceu no ano passado e que conta com seis profissionais, diz que a “informalidade é muitas vezes confundida com falta de profissionalismo, mas no mundo em que vivemos, em que temos um Donald Trump a trazer tarifas, um conflito Israel-Palestina, Israel-Irão, tudo a mudar de um dia para o outro, isto não se coaduna com processos lineares muito burocráticos”, garantindo não estar a competir com as “big four”, mas a “tentar servir aquele público que se calhar não conseguem servir”, como é o caso dos departamentos de áreas de suporte, como recursos humanos e contabilidade.
“O contabilista devia ser um assessor da administração, ajudar a tomar decisões. Eu não preciso de um mapa de exploração, preciso de recomendações onde devo baixar custos. Quero uma interpretação do balanço. É isso que estamos a fazer”, refere Hugo de Sousa, frisando que é preciso “acabar com pirâmides e hierarquias e de forma achatada e informal” responder às necessidades dos clientes.
A Mars Shot também prepara as equipas das empresas para desenvolverem código. “Temos um cliente na área da banca em que estamos a empoderar a equipa de desenvolvimento do banco para usarem estas novas técnicas. Estamos a ensiná-los a programar com recurso à IA”, explica.
Além de clientes na banca, nomeadamente na banca de investimento, a consultora digital tem também “como cliente um dos maiores laboratórios na área clínica. Temos algumas empresas de média dimensão e temos um caso de um empreendedor que tem uma ideia, quer construir um protótipo, mas não tem conhecimentos de programação”. Um público-alvo que é, por norma, “mais jovem, com mais literacia [digital], que sabe que existem novos modelos de desenvolvimento e que acredita na IA”. Além de Portugal, a empresa quer ainda expandir os seus serviços para o Reino Unido e África.
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