Plano de insolvência da dona da Visão decidido a 15 de julho
Dos 84 trabalhadores da Trust in News, 14 suspenderam os contratos de trabalho em julho, por falta de pagamento dos ordenados. A greve, em curso desde dia 29 de junho, mantém-se.
O plano de insolvência da dona da Visão, da Caras, do Jornal de Letras ou da Exame deve ser homologado, ou não, esta terça-feira, dia 15. A informação foi avançada ao +M pelo administrador de insolvência, André Correia Pais, e baseia-se na informação transmitida esta segunda-feira, durante uma audiência de conciliação de créditos a funcionários, pela juíza do processo.
André Correia Pais adiantou também que, dos 84 trabalhadores da Trust in News, 14 suspenderam os contratos de trabalho em julho, por falta de pagamento dos ordenados.
No Jornal de Letras, a título de exemplo, dos três jornalistas alocados ao título, confirma também o administrador de insolvência, dois suspenderam os contratos. Quinzenal, a edição da última semana vai chegar às bancas apenas esta quarta-feira.
A decisão de amanhã, se for de homologação, determina que o plano comece a ser executado, nomeadamente com a entrada de capital. Se o programa não for homologado, os credores serão provavelmente chamados a pronunciar-se sobre o desfecho do processo, que nesse caso apontará para um encerramento, podendo ainda a decisão ser contestada.
O plano, recorde-se, foi aprovado a 27 de maio, com 77% dos credores a votar favoravelmente e 23% contra. Segundo o documento, a TiN propõe aos credores um “compromisso de aporte de até 1,5 milhões de euros, faseadamente, e em função das necessidades da empresa para reforçar a tesouraria”, por parte do acionista único, Luís Delgado.
Entretanto, a greve, em curso desde dia 20 de junho mantém-se, prometendo assim continuar até que sejam pagos as remunerações em atraso: 50% do salário de maio, subsídios de refeição de maio e junho e subsídios de férias
Para além da injeção, faseada, de capital, o plano mantém a intenção de suspender, licenciar ou vender publicações deficitárias como TV Mais, Telenovelas, Caras Decoração, Prima, Visão Saúde, Visão Surf e This is Portugal, sendo que, “com exceção da Telenovelas, todas as outras publicações já estão suspensas”. Prevê ainda um ajuste na periodicidade, se necessário, de algumas revistas, mantendo apenas as mais rentáveis, além da redução de 70% do espaço físico (50% já foi reduzido) e o encerramento da delegação no Porto.
Será ainda reduzido “o quadro de funcionários, proporcional à suspensão de publicações, com reestruturação interna”. Quanto ao pagamento das dívidas proposto, será faseado, no caso da AT e ISS em 150 prestações, além de um “plano de pagamento de 12 a 15 anos para credores comuns e garantidos” e da “possibilidade de permuta de publicidade para pagamento de parte das dívidas”.
Para aumentar receitas, o plano prevê o “aumento de assinaturas digitais e melhoria da plataforma de e-commerce, parcerias estratégicas com outros grupos editoriais”, a “exploração de novos formatos de conteúdo, como podcasts e vídeos”, e o “licenciamento de marcas para gerar receita adicional”.
Quanto ao impacto desta reestruturação, a empresa aponta uma “melhoria gradual da rentabilidade, com um retorno a resultados positivos esperado a médio prazo”, evitando a liquidação da empresa e “preservando postos de trabalho e ativos”. Ficará, segundo o plano, ajustado “o modelo de negócio para um formato mais sustentável, alinhado às tendências digitais”, garantindo ainda o “pagamento aos credores, comparativamente a um cenário de liquidação, onde muitos não receberiam os seus créditos”.
O plano prevê também a “criação imediata de uma task force com dois diretores editoriais, diretora comercial, diretora financeira e diretor de recursos humanos, com a tarefa de reanalisar todos os custos e contratos passíveis de serem renegociados ou cessados, sem qualquer penalização para a empresa, e apresentar medidas e sugestões para aumentar as receitas, tendo em conta os recursos existentes” e os melhores exemplos nacionais e internacionais.
As sugestões deste órgão “serão implementadas após aprovação da gerência e do administrador da insolvência”. Entretanto, recorde-se também, a Trust in News falhou os pagamentos à Autoridade Tributária e Segurança Social, não cumprindo assim com as obrigações estipuladas no plano de insolvência ainda não homologado.
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