Desinformação mais do que duplica entre eleições europeias e legislativas
O aumento resultou num crescimento de 160% no número de casos de desinformação, em relação ao registado nas eleições europeias de 2024. Chega foi o partido que mais divulgou desinformação.
A desinformação aumentou 160% entre as eleições europeias de 2024 e legislativas de 2025, com o Chega a manter-se como um dos principais partidos desinformadores (81,3%), segundo um estudo.
O estudo “Desinformação nas Legislativas 2025: atividade dos partidos nas redes sociais”, da Entidade Reguladora para a Comunicação (ERC) e a Universidade da Beira Interior, concluiu que nas últimas eleições houve “um aumento percentual significativo das ocorrências em contexto eleitoral no país”.
Este aumento resultou num crescimento de 160% no número de casos de desinformação, em relação ao registado nas eleições europeias de 2024.
Das 4.514 publicações identificadas nas redes sociais entre 7 de abril e 19 de maio, o Instagram (30,0%) e o Facebook (28,9%) agregaram a maior parte do conteúdo gerado durante este período, seguidos pelo X (22,8%), TikTok (9,8%) e YouTube (8,5%).
Entre estas publicações verificaram-se 16 casos de desinformação nas páginas dos partidos, tendo sido abertos nove processos de averiguação junto da ERC.
Segundo o estudo, o Chega é o partido que mais divulgou conteúdos desinformativos nas redes sociais, sendo responsável por 81,3% dos casos, enquanto o PS, PSD e CDS tiveram uma ocorrência cada um, representando 18,7% das publicações.
“Os vídeos lideram no formato da desinformação (56,3%) seja com montagens, cortes ou edições de peças, à frente de um conjunto vasto de imagens estáticas (43,8%), especialmente utilizadas para divulgar resultados de inquéritos ou sondagens de intenção de voto”, lê-se no documento.
As sondagens falsas ou desenvolvidas por empresas não registadas na ERC foram o tipo de desinformação mais frequente, com 31,1% dos casos detetados, em segundo lugar surge a divulgação de textos produzidos por órgãos de comunicação social não registados na entidade reguladora (25,0%).
Dois tipos de desinformação surgem com a mesma percentagem no terceiro lugar, os vídeos informativos manipulados a diversos níveis e as publicações que descredibilizam a comunicação social ou o trabalho jornalístico (18,8%), enquanto as notícias alteradas para promover uma perceção enganosa dos factos surgem em último lugar (6,3%).
Além disso, a maioria dos casos detetados apresenta “um baixo nível potencial desinformativo (43,8%)”, tratando-se de conteúdos elaborados de forma amadora, facilmente verificáveis através de uma pesquisa na internet.
Já as publicações com potencial médio representam 37,5% da amostra em causa, estando associadas à descontextualização de factos ou à manipulação de dados, por isso mais difícil de verificar.
Apenas uma pequena parcela dos casos identificados pode ser classificada como de alto potencial desinformativo (18,8%), tratando-se de conteúdos sem qualquer relação com a realidade, podendo ter sido criados muitas vezes com recurso a Inteligência Artificial (IA).
As 16 publicações geraram um total de 197.471 interações da audiência, recebendo 20.633 comentários e 12.368 partilhas. “Estima-se que nove vídeos tenham sido vistos mais de 3,5 milhões de vezes, com especial destaque para o Instagram e o TikTok”, segundo o estudo.
“Os níveis de enviesamento tornam-se mais preocupantes quando se considera a dimensão do público alcançado. Estima-se que mais de seis milhões de utilizadores das redes sociais tenham sido expostos a conteúdos desinformativos difundidos pelos partidos portugueses (…) com especial destaque para o Chega”, lê-se no documento.
Este estudo foi realizado no seguimento do protocolo de cooperação celebrado entre a Entidade Reguladora para a Comunicação Social e o LabCom – Unidade de Investigação em Ciências da Comunicação da Universidade da Beira Interior, que procurou analisar a presença e os processos de desinformação no contexto das últimas eleições legislativas.
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