Publicações da Trust in News podem chegar às bancas esta semana mas devem ser as últimas
Trabalhadores votaram contra pedido de reunião com os credores para os sensibilizar a pedir à juíza uma reversão da decisão de encerramento da empresa até ser encontrado um potencial comprador.
O futuro permanece uma incógnita para os trabalhadores da Trust in News (TiN), dona da revista Visão e de outros títulos, que se reuniram esta segunda-feira em plenário, depois de o tribunal não ter homologado o plano de insolvência e ter determinado o encerramento da atividade do grupo na sexta-feira. Administrador de insolvência diz que publicações desta semana poderão ser as últimas.
“Havendo condições, nomeadamente para imprimir as revistas, possivelmente as publicações desta semana sairão para as bancas, mas não sabemos se haverá possibilidade de as próximas acontecerem. Acho que objetivamente não há essa possibilidade e, legalmente, há mesmo essa impossibilidade, face ao despacho [do tribunal]. É a minha interpretação“, disse André Correia Pais, administrador de insolvência, ao +M.
Uma vez que já havia trabalho feito, “seria desrespeitoso para com os leitores e para com os próprios profissionais que o fizeram, não colocar esse produto final no mercado. Eventualmente pode ser mesmo a última edição de cada revista”, acrescentou.
No plenário de trabalhadores, o administrador de insolvência começou por fazer a análise da difícil situação do grupo e explicou as dificuldades de, sem dinheiro, manter a empresa em atividade, tendo em vista corresponder às sugestões dos credores Autoridade Tributária e Segurança Social, que era a venda dos títulos.
“No fundo, não foi dada nenhuma garantia aos trabalhadores de que caso continuem a produzir as revistas, tenham salários”, disse Clara Teixeira, delegada sindical e jornalista da Visão. A greve dos trabalhadores, iniciada em junho, mantém-se, mas há pessoas que continuam a trabalhar, pelo que a representante dos trabalhadores também admite que algumas publicações ainda venham a chegar às bancas esta semana.
No plenário, que durou mais de três horas, surgiu também a hipótese de ser pedida uma reunião de emergência com os credores – onde o Estado tem maioria, através da Autoridade Tributária e Segurança Social – para os sensibilizar a pedir à juíza uma reversão da decisão para que os títulos se possam manter em atividade até ser encontrado um potencial comprador para os mesmos. Isto sempre sem garantia de que os salários venham a ser pagos.
A proposta foi levada a votação no final do plenário mas, dos 46 trabalhadores presentes, 31 votaram contra, 11 abstiveram-se e 4 votaram a favor. Neste sentido, a representante dos trabalhadores não foi mandatada para fazer o pedido de reunião, o que, no entanto, não quer dizer que não venha a ser feito por um trabalhador em nome individual, por exemplo. Na reunião estiveram presentes diretores de publicações do grupo, mas os mesmos não se pronunciaram.
Recorde-se que o plano de insolvência apresentado pela dona da Visão, mas também de outros títulos como Exame, Caras ou Jornal de Letras, não foi homologado na passada sexta-feira pela justiça, que entende que o plano não é equilibrado para os credores, tendo determinado o encerramento da atividade da empresa.
O plano tinha sido aprovado a 27 de maio, com 77% dos credores a votar favoravelmente e 23% contra. Segundo o documento, a TiN propunha aos credores um “compromisso de aporte de até 1,5 milhões de euros, faseadamente, e em função das necessidades da empresa para reforçar a tesouraria”, por parte do acionista único, Luís Delgado, que avançou ao +M, ainda na sexta-feira, que vai recorrer da sentença. No entanto, o recurso não deverá ter efeitos suspensivos.
Os trabalhadores do grupo tinham também iniciado uma greve em junho e por tempo indeterminado, devido aos salários e subsídios em atraso. Dos 140 trabalhadores que integravam o grupo, restam agora cerca de 80.
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