Público fecha 2024 com prejuízo de 5,1 milhões. Cristina Soares justifica resultados com a reestruturação
Cristina Soares, administradora do Público, justifica o resultado com a reestruturação. "O resultado ajustado teria sido cerca de 33% melhor ao de 2023, sinalizando uma melhoria do desempenho", diz.
O jornal Público fechou o último ano com um prejuízo de 5,1 milhões de euros, um agravamento de 655 mil euros em relação a 2023. De acordo com os dados entregues no Portal da Transparência, da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, o capital próprio do título é de 5,3 milhões de euros (mais cerca de 1,5 milhões) e o passivo no balanço de 8,9 milhões (um agravamento de 1,3 milhões de euros). Apesar do resultado líquido, o jornal da Sonae obteve receitas totais de 16,4 milhões de euros, mais cerca de 400 mil euros do que no ano anterior.
Cristina Soares justifica o resultado com o programa de rescisões que a empresa lançou em dezembro de 2024. “O agravamento do resultado líquido em 2024 resulta essencialmente do programa de rescisões voluntárias promovido pela empresa no contexto do seu processo de transformação organizacional”, explica a administradora do título ao +M.
“Este plano foi desenhado para responder aos desafios estruturais do setor dos media e, em particular, à necessidade de adaptação do jornalismo a novas dinâmicas digitais, exigindo mudanças culturais, reforço de competências e novas formas de colaboração”, enquadra num comentário por escrito.
“O impacto financeiro deste programa – de caráter excecional – refletiu-se sobretudo nos custos com o pessoal, que aumentaram face ao ano anterior”, aponta. No entanto, realça Cristina Soares, “se isolarmos esse efeito extraordinário, o resultado ajustado de 2024 teria sido cerca de 33% melhor ao de 2023, sinalizando uma melhoria do desempenho operacional da empresa”.
“Esta decisão estratégica visa garantir a sustentabilidade do Público a longo prazo, preparando a organização para continuar a cumprir a sua missão jornalística com relevância e ambição num ecossistema mediático em rápida evolução”, conclui a administradora do título.
O jornal Público, recorde-se, abriu um programa de rescisões voluntárias em dezembro. A medida fazia parte da processo de restruturação que tinha vindo a ser estudado pela empresa, sendo esta uma das medidas mais significativas, apurou o +M na altura.
A informação foi confirmada por Cristina Soares, administradora do jornal. “Consciente dos desafios atuais e que o futuro continuará a colocar aos media e, em particular, ao setor jornalístico, o Público estabeleceu um plano que exige mudanças culturais e organizacionais, tais como a adaptação das formas de trabalho, o reforço e adequação das competências e uma crescente colaboração interdisciplinar, com um foco cada vez maior no universo digital”, dizia ao +M.
Sem entrar em detalhes, e por escrito, Cristina Soares explicava que “as transformações são essenciais para que a empresa continue a responder às exigências de um setor em constante evolução e aos novos hábitos de consumo da informação pelos leitores, procurando garantir, dessa forma, a sua sustentabilidade e relevância a longo prazo no mercado”.
“Foi neste âmbito que foi disponibilizado aos colaboradores um programa de cessação voluntária da relação contratual”, justificava. O programa, avançava o Sindicato dos Jornalistas em janeiro, resultou na saída de 20 trabalhadores.
Apesar do foco no universo digital, a edição em papel é para manter, confirmava também Cristina Soares.
Este plano, como o +M avançou em setembro, desenhado na sequência de um estudo levado a cabo por uma equipa do Financial Times, que terá apresentado um relatório com recomendações sobre os caminhos a seguir pelo título da Sonaecom.
O Público, recorde-se, fechou 2023 com um resultado líquido negativo de 4,48 milhões de euros, mais do que duplicando o prejuízo em relação ao ano anterior. De acordo com o Portal da Transparência, da ERC, o título da Sonaecom obteve receitas de 16 milhões de euros, apresenta um capital próprio de 3,81 milhões e regista um passivo total de 7,75 milhões de euros.
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