Eurofighter quer fornecer caças a Portugal e procura parceiros industriais
O consórcio europeu quer ser o fornecedor de caças. A Airbus, parte do consórcio, acaba de fechar um memorando de entendimento com o AED Cluster Portugal.
E já vão três. Depois da sueca Saab e da americana Lockheed Martin é agora o consórcio Eurofighter a posicionar-se para fornecer o Estado português com os futuros caças que irão substituir os F-16 em fim de vida. A Airbus, companhia parte do consórcio, acaba de fechar um memorando de entendimento com o AED Cluster Portugal e está à procura de parceiros da indústria nacional para o programa Eurofighter.
O consórcio olha para mudança geopolítica na Europa em termos de defesa como uma oportunidade junto a Portugal, na hora de decidir qual o fornecedor dos seus futuros caças. “A estratégia da Europa é mais e em conjunto. O Eurofighter junta desde o início diferentes parcerias”, destaca José Luís de Miguel, head da região Europa da Airbus Defence & Space, num encontro com jornalistas esta segunda-feira, lembrando que o programa Eurofighter reúne vários parceiros europeus da NATO (Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido). “Portugal juntar-se seria um boost para o programa”, diz.
Envolvendo quatro países europeus no seu arranque, o programa Eurofigther assegura mais de 100 mil postos de trabalho na Europa, tendo já sido encomendadas mais de 740 aeronaves para nove países, entres os quais Áustria, Arábia Saudita, Omã, Kuwait e Qatar.
Em Portugal, a Airbus, uma das empresas ligadas ao projeto, já tem presença local. A companhia conta com uma fábrica em Santo Tirso, tem um hub tecnológico em Lisboa e Coimbra e prepara-se, em parceria com a Critical Software, para arrancar com uma joint venture para o setor aeroespacial. Tem parcerias com mais de 30 empresas nacionais, representando mais de 70 milhões de euros de trocas com o país, tendo criado mais de 1.500 empregos diretos no país.
Agora acena com mais parcerias com o projeto Eurofighter, permitindo que as empresas nacionais se juntem às 400 companhias que atualmente já trabalham ou são fornecedoras. “Queremos trazer a indústria portuguesa para esta jornada”, diz Ivan Gonzalez Exposito, diretor de vendas do Eurofighter. Parcerias na área de produção de fuselagem e motores, manutenção ou formação são áreas que o consórcio quer analisar, diz.
O processo de substituição dos F-16 ainda não foi lançado pelo Governo português, mas o consórcio europeu é um dos mais recentes a posicionar-se na corrida à substituição dos F-16, como é o caso da sueca Saab (com os caças Gripen) e da norte-americana Lockheed Martin (com os F-35), acenando com parcerias industriais para ganhar vantagem competitiva junto ao Executivo.
Trunfo de comprar made in Europa
O argumento ‘comprar na Europa’ também é usado. Mas com os suecos da Saab também na corrida, essa ‘vantagem’ não se anula? “A Saab faz caças impecáveis, mas penso que de uma perspetiva política, provavelmente, tem mais peso uma parceria com a Alemanha, Reino Unido, Itália e Espanha do que apenas com a Suécia“, considera José Luís de Miguel, head da região Europa da Airbus Defence & Space, quando questionado pelo ECO. “Não é apenas uma questão de negociação, é entrar numa colaboração europeia estrutural se a opção for o Eurofighter”, reforça.
E o mesmo do ponto de vista do que a indústria portuguesa pode beneficiar, defende. “Se estivermos a falar sobre o negócio do aeroespacial e de defesa, se pensar no que a Airbus pode trazer com a Airbus (aviões comerciais) e os diferentes negócios da Airbus, provavelmente para a indústria e para Portugal, abrem-se mais caminhos para colaboração do que o que a SAAB sozinha pode oferecer”, diz José Luís de Miguel ao ECO.
(Última atualização às 16h10)
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