Bruxelas quer converter 600 mil trabalhadores para indústria de defesa e prepara fundo de fundos de mil milhões
A Comissão Europeia anunciou esta quarta-feira um pacote com 14 propostas para acelerar a transformação da indústria de defesa da UE.
Mais investimento, com o lançamento de um fundo de fundos de mil milhões focado em defesa, mais agilidade na ligação entre o ecossistema de startups de defesa e o setor militar e a reconversão de mais de 600 mil trabalhadores europeus para a indústria de defesa até 2030 são algumas das 14 propostas de Bruxelas para transformar a indústria de defesa, divulgado no mesmo dia em que apresentou um plano ‘Schegen’ para a mobilidade militar na União Europeia.
“Transformar a Defesa e aprender com a Ucrânia de modo a transformar são duas mensagens chave”, começou por referir Andrius Kubilius, comissário europeu com a pasta de defesa e espaço. E “transformar não apenas o abastecimento, o que significa a indústria e produção, mas também o lado da procura, mudando o entendimento da doutrina moderna de guerra e o que é necessário no campo de batalha moderno”, referiu ainda durante a conferência de imprensa para a apresentação do “EU Defence Industry Transformation Roadmap”.
“Deve ser dada atenção não só à transformação de tecnologias, mas também à criação de ecossistemas de transformação, em que a investigação, desenvolvimento e inovação, desenvolvimento industrial, e produção, testes militares e feedback da frente de combate agem em conjunto no mesmo loop do ecossistema de defesa”, disse o comissário.
Roadmap com 14 propostas
Para acelerar essa transformação são necessárias não só tecnologias disruptivas como a inteligência artificial, mas também operar alterações na forma como se relacionam governos, forças militares e indústria. O Defence Industry Transformation Roadmap quer “criar condições para novas formas de envolver a indústria e defesa com novos operadores e um caminho para acelerar essa transformação“, através de 14 ações concretas.
Uma das áreas é o financiamento, já que 60% do investimento injetado no ecossistema de empreendedorismo europeu, vem de fora da Europa, lembra Andrius Kubilius. Para dar robutez, ao ecossistema, a Comissão está a “propor um fundo focado em defesa, um fundo de fundos de mil milhões de euros, em conjunto com o Banco Europeu de Investimento”, referiu. O arranque está, de acordo com o documento, previsto até o primeiro trimestre de 2026.
Andrius Kubilius destaca ainda a necessidade de acelerar a entrada dos produtos de tecnologia de defesa no mercado. Para isso, vão avançar com um novo instrumento piloto, o Agile. “Este novo instrumento irá permitir desenvolver novas soluções alinhadas com as necessidades militares entre 6 a 12 meses”, sendo pensado para “apoiar empresas uma produção low cost de forma rápida, com muitas interações com as forças armadas”, ao estilo DARPA, frisa, numa referência ao Defense Advanced Research Projects Agency (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa, em português), uma agência de pesquisa e desenvolvimento do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. A Comissão deverá apresentar uma proposta no primeiro trimestre de 2026.
A Comissão quer ainda “encorajar” os Estados-Membros a alocar, “pelo menos, 10% dos orçamentos para aquisição de armamento para tecnologias emergentes e disruptivas“.
Para acelerar o desenvolvimento de novas tecnologias de defesa, a Comissão quer ainda, a partir do próximo ano, facilitar o acesso a infraestruturas como gigafábricas de IA, de computação quântica, a novos operadores de defesa.
Transformar indústria e o talento
A transformação da indústria passa ainda pelo pilar pessoas, destaca o comissário. Para isso, Bruxelas quer apoiar os Estados-Membros e os operadores da indústria a fazer o upskilling anual de cerca de 12% dos atuais trabalhadores do setor aeroespacial e de defesa e o reskilling de 600 mil pessoas para a indústria de defesa até 2030.
Neste campo, quer ainda avançar com um piloto (“Skills Guarantee”) para “ajudar trabalhadores em risco de desemprego ou em transição profissional do setor automóvel e da sua cadeia de fornecimento a mudar-se para empregos em setores estratégicos e em crescimento como a defesa”, até ao quarto trimestre de 2025, pode ler-se no documento.
Leia na íntegra o “EU Defence Industry Transformation Roadmap” (conteúdo em inglês)
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