De Portugal para a Antártida, o novo navio de luxo que custou 90 milhões

Novo navio oceânico World Traveller custou 90 milhões de euros, excedendo o orçamento inicial. Criou 120 postos de trabalho, gerando impacto económico no país e colocando-o no mapa mundial.

“Infelizmente com os preços a subir e a inflação, o orçamento do World Travellerultrapassou os 90 milhões de euros, excedendo [o orçamento inicial]. Mas é um investimento interessante para Portugal”, tendo em conta que cria “impacto económico, porque envolve milhares de técnicos e profissionais, e no mínimo 80 empresas portuguesas que contribuíram para o sucesso e construção deste navio”, começa por afirmar o empresário Mário Ferreira ao ECO/Local Online.

Além dos 120 postos laborais que este navio cria em alto mar, também gera “um grande impacto económico nacional e internacional, porque a empresa [Mystic Cruises] tem sede em Portugal, mas tudo o que vende nos EUA vem para as contas portuguesas e para Portugal”, assegura o presidente do grupo Pluris Investments, através do qual detém uma posição no capital da TVI e a empresa de cruzeiros Douro Azul.

Outra cartada a favor de Portugal é o navio — que vai viajar sobretudo para Antártida com partida do sul da Argentina –, ser uma montra de produtos nacionais ao utilizar, por exemplo, peças da Vista Alegre, uma marca de renome de Ílhavo, mostrando todo o potencial do território português. “O World Traveller é também um embaixador de produtos portugueses“, frisa o empresário após a tradicional cerimónia de troca de placas comemorativas desta 1ª visita ao quarto navio oceânico, no Terminal do Porto de Leixões, em Matosinhos, construído pela West Sea – Estaleiros Navais, em Viana do Castelo, para reforçar a frota da Mystic Cruises.

Mário Ferreira adianta ainda que já está em construção, no estaleiro de Viana de Castelo, um quinto navio, envolvendo o mesmo valor de investimento do World Traveller que, este sábado, foi visitado por 1200 pessoas. “O futuro paquete vai estar pronto a navegar no verão de 2024“, avança o empresário, enquanto percorre os luxuosos corredores do navio, decorado com com fotografias de emblemáticas embarcações e requintados apontamentos de decoração.

Sem querer adiantar muito sobre as dificuldades que a West Sea – Estaleiros Navais já viveu e a alavanca que a construção destes navios tem sido para a empresa de Viana do Castelo, Mário Ferreira sublinha apenas: “Não tenho dúvidas de que contribuímos para o sucesso do estaleiro“.

Estas viagens são muito caras para a maioria da bolsa dos portugueses, tendo em conta que “uma noite pode rondar entre os 800 e os mil dólares por pessoa.

Mário Ferreira

CEO da Mystic Cruises

Depois do World Explorer entregue em 2019, o World Voyager em 2020 e o World Navigator em 2021, a empresa tem agora este novo navio de luxo. Ainda assim, estes não são cruzeiros para a carteira de qualquer pessoa. É o próprio Mário Ferreira que o admite: “Estas viagens são muito caras para a maioria da bolsa dos portugueses, tendo em conta que “uma noite pode rondar entre os 800 e os mil dólares por pessoa“. O empresário explica que a empresa não vende estas viagens em Portugal, mas sim, nos EUA”.

Afinal, o que torna este navio tão diferente em relação aos demais existentes? “Existem muito pouco navios oceânicos no mundo com esta qualidade de interiores, este luxo e conforto“, além de ter a capacidade de empreender viagens de expedição em mares longínquos e de difícil navegação, responde o empresário ao ECO/Local Online entre apertos de mão e abraços de parabéns pela embarcação.

“Tem 126 metros de comprimento, um casco que foi feito para poder andar em águas com gelo, e a proa está preparada para quebrar gelo até um metro de altura, além de chegar a zonas da Antártida, Gronelândia, Antártico ou Noruega. Vamos a portos onde os grandes navios não entram”, destaca Mário Ferreira.

Outro dos trunfos deste navio é a aposta na sustentabilidade ambiental. “As águas residuais são tratadas, recolhidas e o que sai é uma água limpa. Nada é despejado para o mar. Os lixos são todos reciclados”, resume o empresário que entregou o design de interiores à imaginação e criatividade da dupla Artur Miranda e Jacques Bec, da empresa de arquitetura de interiores Oitoemponto que fez uma visita guiada ao ECO no navio.

Desde o glamour à seleção da paleta cromática, entre o azul, o branco e o amarelo, as 1200 pessoas que visitaram o World Traveller puderam constatar o toque pessoal de Artur Miranda e Jacques Bec nesta embarcação com cem quartos e capacidade para 200 passageiros.

Tem 126 metros de comprimento, um casco que foi feito para poder andar em águas com gelo, e a proa está preparada para quebrar gelo até um metro de altura, além de chegar a zonas das Antártida, Gronelândia, Antártico ou Noruega. Vamos a portos onde os grandes navios não entram.

Mário Ferreira

CEO da Mystic Cruises

“Tem um look moderno, simples, alegre e mediterrânico“, descreve Artur Miranda enquanto mostra os vários espaços dos sete decks do navio. A dupla precisou de dois anos para realizar o projeto de decoração das várias valências, desde um anfiteatro com capacidade para mais de 180 pessoas que funciona como sala de cinema ou espaço para outros espetáculos, além da piscina, sauna, SPA, ginásio, quartos de luxo, bar e restaurantes. Um médico e um enfermeiro deverão estar sempre a bordo durante os cruzeiros.

A primeira viagem teste está já agendada para o próximo fim de semana, entre Lisboa e Cádiz, e com uma tripulação de várias nacionalidades e com as mais variadas experiências em alto mar. E com toda a segurança, segundo garante o empresário. “Tem tecnologia de topo, desde radares, câmaras térmicas, umas cartas especiais assim como o sonar que encontra gelo que podemos não ver à noite“, descreve o capitão Albuquerque que já é um veterano nestas andanças. “O primeiro navio de cruzeiros que comandei foi em 1990. Já comandei viagens desde a Europa, passando pelo Brasil, EUA, África. Já percorremos o mundo“, lembra com emoção por agora embarcar nesta nova aventura.

Tem sido uma experiência enriquecedora. “Independentemente da responsabilidade, contactamos com várias culturas de diferentes países e isso é uma experiência única e também temos tripulação de várias nacionalidades”, lembrando que a viagem mais longa que fez durou 30 dias. Agora, o capitão está pronto para “governar o navio ou fazer leme” e viver novas experiências. Adianta, contudo, que “há cada vez mais procura de passageiros alemães, americanos e canadianos“.

Já a segunda oficial Melissa, por exemplo, é das tripulantes mais novas, e está na ponte que é a “área que se pilota, que faz com que o navio ande”, explica enquanto descreve que marca rotas, faz itinerários, apontando para a tecnologia de ponta à sua frente.

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