Ovibeja. “Oásis” da agricultura volta a meter Alentejo no mapa
Monte do Pasto, Almocreva e Carnalentejana estão entre os perto de mil expositores presentes na edição deste ano da Ovibeja, que arranca a 27 de abril. Organização espera mais de 100 mil visitantes.
O setor da agricultura vai voltar a estar em peso na Ovibeja, que decorre de 27 de abril a 1 de maio. Conhecida como a maior feira agrícola do Alentejo, o evento vai reunir cerca de mil expositores e receber mais de 100 mil visitantes.
“As nossas expectativas estão muito altas. Houve uma procura muito grande por parte dos expositores e temos a feira completamente cheia há um mês. Temos todas as condições para ser mais uma grande Ovibeja“, comenta Rui Garrido, que pertence à organização da iniciativa.
Monte do Pasto, Almocreva e Carnalentejana são algumas das empresas que vão estar presentes neste histórico evento, que já conta com 39 edições. Para os empresários, é obrigatório marcar presença nesta feira que é uma referência a nível nacional para o cluster. “É quase um ritual”, assume o presidente da Carnalentejana.
Para Clara Moura Guedes, CEO da Monte do Pasto, a Ovibeja “é um evento muito importante não só para a região, mas a nível nacional. Para o setor é incontornável”, diz ao ECO. A empresa, que conta com 65 colaboradores e um volume de negócios na ordem dos 31 milhões de euros, aproveita para mostrar as inovações: “somos uma empresa bastante inovadora em várias áreas. Tentamos sempre tirar partido da dimensão do evento para apresentar inovação”.
A Ovibeja é um evento muito importante não só para a região, mas a nível nacional. É incontornável para o setor.
A Monte do Pasto, que se assume como maior criador português de bovino e que conta com 40 anos de experiência no setor agropecuário, tem trinta mil cabeças de gado distribuídas por 11 herdade nos concelhos de Cuba e Alvito, 85 parques de recria de novilhos e quatro parques de ovinos, numa área total de 4.200 hectares. Têm ainda uma produção extensiva com 1.500 vacas de reprodução.
Para Luís Bagulho, presidente da Carnalentejana, que produz e comercializa carne certificada de bovino, a Ovibeja é a “feira mais importante do Alentejo”, tendo em conta que recebe visitantes de todos os pontos do país. A empresa já participa neste evento há perto de 30 anos.
O líder da empresa lembra que o “interior do país está muito esquecido” e a Ovibeja é “um oásis que chama a Beja pessoas de muitas origens, que ficam a conhecer melhor a realidade” da região alentejana. Recorda ainda que o Alentejo ocupa um terço da área do país e tem uma representatividade de oito deputados. “Estamos completamente fora do sistema”, realça.
A Carnalentejana tem 8.000 cabeças de vacas de raça alentejana de linha pura distribuídas pelos distritos de Beja, Évora e Portalegre, maioritariamente. As produções da empresa têm a certificação welfare em bem-estar animal. O presidente da empresa, que fatura oito milhões de euros, destaca que o objetivo, em cinco anos, passa por aumentar para 14 mil o número de vacas alentejanas.
O interior do país está muito esquecido e a Ovibeja é um oásis que chama a Beja pessoas de muitas origens, que ficam a conhecer melhor a realidade da região.
“Quero ver o Alentejo com muitas vacas de raça alentejana. Temos uma raça extraordinariamente adaptada aos nossos solos e ao nosso clima, e com as alterações climáticas, quanto mais recorrermos a animais que têm no seu património genético esta capacidade de sobrevivência no local de origem, melhor”, diz o presidente da Carnalentejana que tem 175 acionistas.
À semelhança da Monte do Pasto e da Carnalentejana, a Almocreva, empresa de referência no mercado de queijo alentejano de ovelha curado, também é presença assídua na feira agrícola. Para Nuno Cavaco, proprietário da empresa localizada no Baixo Alentejo, a Ovibeja é uma “feira especial”, que serve essencialmente para mostrar o “melhor que se faz no Alentejo”.
Para o proprietário, que tem mil cabeças de gado numa exploração a 20 quilómetros de Mértola, a “arte queijeira é algo que faz parte do ADN da marca desde a sua fundação”.
A empresa foi fundada em 1995 com o nome Lacto Carapinha e Pereira – Fabrico de Queijos Lda. e adquiriu a denominação atual em 1999, ano em que inaugurou as instalações na aldeia de Penedo Gordo. Em 2016, após um conturbado período, a empresa assume uma nova gestão.
Atualmente com 15 empregados, exporta apenas 2% da produção, sendo que um dos principais objetivo, a partir de junho deste ano, passa por aumentar a quota de exportação para 15%, visando sobretudo os mercados norte-americano e brasileiro. O proprietário explica que o queijo “não é o produto ideal para exportar” e explica que “quem recebe o produto tem de saber tratá-lo”.
Os planos futuros passam por aumentar as vendas dentro do mercado nacional. Os consumidores podem encontrar os queijos da Almocreva na página online da empresa alentejana, restaurantes locais e em supermercados como o Continente e o Pingo Doce, entre a zona de Santarém e o Algarve.
A Ovibeja, que conta com uma área de dez hectares, tem como mote “Comunicar, Um Grande Desafio para a Agricultura”. Além do foco empresarial, as noites prometem ser animadas com concertos de artistas como Luís Trigacheiro, Quatro e Meia, Xutos & Pontapés e Bárbara Tinoco.
Governo fora em sinal de protesto
O presidente da Associação de Agricultores do Sul (ACOS), Rui Garrido, considera que seria uma “hipocrisia” convidar a ministra da Agricultura e o primeiro-ministro. “A direção da ACOS tomou a decisão de não convidar formalmente a senhora ministra da Agricultura para visitar a Ovibeja, tendo em atenção o descontentamento generalizado dos agricultores, bem patente nas várias manifestações realizadas neste último mês, nas quais a ACOS tem participado ativamente”.
“Esta não é a nossa ministra. Nós precisamos de ministros que oiçam os agricultores”, constata Rui Garrido, que pertence à comissão organizadora da Ovibeja.
Rui Garrido considera ainda que o primeiro-ministro também não ouve a contestação dos agricultores e “teima em manter no governo uma ministra sem qualquer peso político e sem competência para o lugar”. “Perante uma postura desta índole, não faz, igualmente, sentido, convidá-lo. A agricultura não é um setor querido para o primeiro-ministro”, diz, em declarações ao ECO.
Por outro lado, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que é presença assídua na feira agrícola, foi convidado para marcar presença no evento.
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