MovRioDouro é “contra” construção do terminal de cruzeiros no Douro e exige saber impactos
O MovRioDouro exige saber qual o “limite razoável” para um rio que considera já estar “sobrelotado com quase três dezenas de navios-hotel e centenas de embarcações de outros tipos".
O movimento de cidadania em defesa dos rios da bacia hidrográfica do Douro, o MovRioDouro, “manifesta-se contra” a construção do terminal de cruzeiro na zona do Cais do Cavaco, em Vila Nova de Gaia e pede à Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana (APDL) e à Agência Portuguesa do Ambiente que revelem qual o impacto dos navios-hotel no rio Douro.
Depois do anúncio da APDL com a previsão de aumentar o tráfego de navios-hotel até às 37 embarcações em 2035, o MovRioDouro quer saber qual o “limite razoável” para um rio que considera já estar “sobrelotado com quase três dezenas de navios-hotel e centenas de embarcações de outros tipos, sublinhando que “não compreende como se pode sequer equacionar a construção de uma infraestrutura que possa aumentar ainda mais a presença destes navios no rio”.
“Há um conjunto de questões pertinentes e até urgentes sobre os usos e os abusos que têm sido cometidos nas duas margens do Douro. Aquilo que temos vindo a assistir nos últimos anos, talvez décadas, é o completo abandono do rio, leito e margens, pelas autoridades públicas responsáveis pela sua gestão, salvaguarda e preservação. É a perfeita demissão dos deveres do estado, central e local, perante a ofensiva dos interesses privados que tomaram para si o seu uso e benefício do rio e das suas margens”, enfatiza António Soares Luz, membro do MovRioDouro, citado em comunicado.
O estudo de impacte ambiental esteve em consulta pública até 14 de junho e resultou em 128 participações. O MovRioDouro foi uma das organizações a fazer uso da participação pública ao questionar o “modelo de desenvolvimento do turismo que se baseia na exploração de um bem comum para benefício de uma pequena minoria, e cujos benefícios para a sociedade por inteiro, e para as populações locais, em particular, assim como os impactos nefastos da navegação dos navios-hotel no Douro, nunca foram verdadeira e responsavelmente avaliados”.
O MovRioDouro mostra-se “espantado” por não existirem quaisquer estudos de impacte ambiental sobre o aumento do número de navios-hotel previsto. “É inadmissível a privatização das margens e é intolerável que um património público possa ser alienado e possa estar ao serviço da atividade turística, que se dedica à exploração daquilo que é de todos nós. Ademais, questionamos a ausência de estudos de alternativas para localização e dimensões do terminal, nomeadamente que não se traduzam na construção de um edifício de enormes proporções sobre o leito do rio, e, portanto, com menor impacto no rio. Não haveria alternativas em que se pudessem reabilitar estruturas existentes?”, questiona ainda António Soares Luz.
Tal como o ECO noticiou em maio, o terminal tem sido alvo de muitas queixas por parte dos moradores da zona, que reclamam pelo facto de virem a ficar com a vista impedida para o Rio Douro. Paralelamente, os moradores do Edifício Destilaria mostram-se preocupados com o projeto proposto pela APDL para o Cais do Cavaco, que dizem levantar várias questões também a nível ambiental.
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