Novo terminal de cruzeiros do Douro vai acolher até quatro navios-hotel em simultâneo

Polémico terminal em Gaia terá capacidade para acolher quatro navios-hotel com 80 metros de comprimento e 55 embarcações de recreio náutico. Prazo previsto para a construção é de dois anos.

A Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) quer construir um terminal de cruzeiros na zona do Cais do Cavaco, em Vila Nova de Gaia, já próximo da foz do rio Douro. O prazo previsto para a construção do terminal é de dois anos, de acordo com o estudo de impacte ambiental, que está em consulta pública.

Caso o projeto seja aprovado, a infraestrutura deverá dispor de quatro postos de acostagem com capacidade para acolher quatro navios-hotel com um comprimento de 80 metros. Está prevista ainda a acostagem de um navio extra para efeitos de manutenção, cargas ou outros, no posto interior.

O terminal será composto por duas plataformas contíguas, uma para assentamento do edifício e outra que constituirá a estrutura do cais de acostagem. A plataforma do edifício terá uma largura de 35 metros e 205 metros de comprimento. A plataforma do cais oferece uma frente-cais de 343 metros de comprimento, com uma largura de dez metros. A área do cais e a zona desimpedida da plataforma totalizam cerca de 6.200 metros quadrados. O núcleo de apoio ao recreio náutico terá capacidade para receber 55 embarcações entre 6 e 15 metros de comprimento.

Perspetiva do terminal e da alameda que vai ser criada

O edifício do terminal, que se reveste de tijolo burro à cor natural, será composto por dois pisos, com uma área de 180 metros de comprimento e 27 metros de largura. No piso térreo localizam-se a entrada e área pública, as partidas e chegadas, e zonas de apoio e serviço. No piso 1 localizam-se o bar/restaurante, a cozinha e um espaço administrativo.

O projeto foi alvo de um estudo de impacto ambiental coordenado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA). De acordo com a Renascença, o estudo de impacte ambiental aprovou o projeto e o mesmo está em consulta pública até 14 de junho.

Ao nível dos inconvenientes, o estudo de impacte ambiental (EIA) menciona que grande parte dos impactos negativos ocorrerá na fase de construção. “Estes impactos assumem importância reduzida a moderada. De um modo geral, trata-se de impactes temporários e reversíveis, associados ao aumento do tráfego de veículos pesados, que podem gerar alguma poluição sonora e do ar”.

O terminal tem sido alvo de muitas queixas por parte dos moradores da zona, que reclamam pelo facto de virem a ficar com a vista impedida para o Rio Douro. O estudo classifica como “impacto negativo permanente a afetação da tomada de vistas sobre o rio a partir do edifício residencial situado na alameda do Terminal, envolvendo cerca de três dezenas de apartamentos”.

Por outro lado, na fase de construção os impactos positivos estão associados, essencialmente, à criação de postos de trabalho na construção e à dinamização da economia local.

De acordo com o comunicado divulgado no ano passado pela APDL, em termos arquitetónicos, “o edifício do terminal procura minimizar o seu impacto na marginal do rio Douro, permitindo uma vista da encosta a tardoz, integrando-o de forma natural na paisagem”.

A APDL anunciou a intenção de construir o novo terminal de cruzeiros em novembro de 2022. Na altura foi noticiado que o novo terminal de embarcações marítimo-turísticas será desenhado pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira, galardoado com um prémio Pritzker.

Moradores contestam projeto para o Cais do Cavaco

Numa declaração enviada ao ECO, os moradores do Edifício Destilaria mostram-se preocupados com o projeto proposto pela APDL para o Cais do Cavaco, que dizem levantar várias questões também a nível ambiental. “Não haverá alternativas à construção de uma estrutura nova com 6.200 m2 no rio Douro através da reestruturação de cais já existentes? Será sustentável e terá o Douro realmente capacidade para absorver as viagens de 37 navios-hotel, como o estudo indica?”, questionam.

Os moradores da zona já solicitaram reuniões com as autoridades, reclamando que “este processo tem de se abrir às diversas entidades para aferir e acautelar a totalidade dos riscos ambientais, patrimoniais e outros decorrentes da proposta da APDL“. “Estamos aqui para defender os direitos do património ambiental e histórico inestimável do Douro e da cidade”, asseguram na mesma nota.

(Notícia atualizada às 10h30 de 19 de maio, com a declaração dos moradores)

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