Histórica Sanjo “calça” primeira loja própria aos 90 anos

Foi na Companhia Industrial de Chapelaria, em São João da Madeira, que em 1933 nasceu a primeira marca de sapatilhas portuguesa. Em honra à cidade que a viu nascer, a empresa foi batizada com o nome Sanjo. A comemorar 90 anos de existência, a empresa abriu no final de setembro a primeira loja física no Bairro Alto, em Lisboa. Com uma produção de 65 mil pares por ano, a Sanjo emprega 14 colaboradores e vai fechar o ano com um volume de negócios de três milhões de euros.

Passou por momentos de glória e chegou a ser a principal marca de calçado desportivo em Portugal. Apesar dos tempos áureos, a Sanjo não resistiu à adesão de Portugal à União Europeia. A abertura de fronteiras apresentou ao país novas escolhas e, por consequência, a empresa acabou por cair em esquecimento e fechar as portas em 1996. Um ano depois, a marca é comprada por um empresário de Lisboa que apresentou ao mercado os dois modelos mais icónicos, o K100 e K200. Na impossibilidade de produzir solas vulcanizadas e com o intuito de manter as sapatilhas semelhantes ao que eram antes, a nova administração recorreu à China, mas a tentativa não rumou ao sucesso.

Em 2019, a marca renasce pelas mãos de José Egipto Magalhães e o sócio Hélder Pinto que a adquiriram e voltaram a apostar numa produção 100% portuguesa. “A Sanjo não voltou apenas; voltou e regressou com vontade de crescer, evoluir e continuar a escrever uma história nos pés dos portugueses“, conta José Egipto Magalhães, que foi dono da empresa de transportes Tranjato que foi vendida à TNT.

Depois da compra pelos empresários de Braga, a Sanjo tem vindo a afirmar-se no mercado nacional e está presente em mais de cem lojas multimarca. Paralelamente e desde 2019, a marca tem a loja online que já representa 40% do volume de negócios, tendo a exportação um peso de 15% nas vendas, essencialmente para Espanha e EUA. A Sanjo tem agentes comerciais em Espanha, França, Itália, Bélgica e Suécia e está presente em lojas multimarcas em Espanha, Itália, França e Suécia.

Para consolidar a marca no mercado nacional e para “dar ao cliente uma experiência completa”, os empresários decidiriam apostar na loja física no Bairro alto de Lisboa, num investimento de 25 mil euros. Depois de “verem a reação do público” e o “desempenho da loja”, está nos planos dos gestores abrirem uma loja física no Porto.

A “fábrica em São João da Madeira foi desativada há muitos anos” e as sapatilhas da Sanjo são produzidas em Felgueiras. Os empresários são donos da M2Bewear, que detém a marca Sanjo. O objetivo dos gestores passa por consolidar a marca e conquistar o público mais jovem.

“Queremos consolidar a marca no mercado nacional e chegar ao público mais jovem para a perpetuar por muito mais tempo. Esse é o grande desafio: chegar aos mais jovens“, assinala José Egipto Magalhães, em declarações ao ECO/Local Online. Foi por isso que a marca lançou, este ano, uma linha de sapatilhas para crianças.

Queremos consolidar a marca no mercado nacional e chegar ao público mais jovem para a perpetuar por muito mais tempo. Esse é o grande desafio, chegar aos mais jovens.

“Já fomos uma instituição em Portugal e a Sanjo andava nos pés de toda a gente. Quero voltar a pôr a Sanjo como uma alternativa muito forte a essas grandes marcas internacionais com o propósito da sustentabilidade e com o facto de ser com qualidade made in Portugal”, conclui o dono da marca.