Sindicato dos Jornalistas condena despedimento no Diário de Notícias
O SJ "não só estranha o momento como questiona este despedimento numa altura em que estão para entrar no grupo vários milhões de euros, por via do negócio de venda de outros títulos.
“O despedimento anunciado esta terça-feira vai afetar 20 pessoas, 10 das quais jornalistas”, afirma a estrutura sindical, referindo que este “é o quarto despedimento coletivo na GMG desde 2019 e, em termos percentuais, o mais gravoso para a classe, uma vez que 50%, metade, dos nomes da lista de despedidos são jornalistas”.
Recorda que nos despedimentos anteriores, “foram descartadas 119 pessoas (50 jornalistas, 42%) em 2009, 140 (66 jornalistas, 47%) em 2104 e 81 (17 jornalistas, 21%) em 2020”.
O Sindicato dos Jornalistas “não pode deixar de condenar e repudiar este corte, particularmente na redação do DN, que todos reconhecem como curta para as exigências de qualidade e de compromisso com a atualidade que tem pela frente, tanto para fazer um jornal diário em papel como para atualizar um ‘site’ com mais de 2,5 milhões de visitas“.
O sindicato lamenta também “que as administrações não saibam mais do que despedir” e “manifesta solidariedade com as pessoas despedidas, nomeadamente os jornalistas, para os quais tem serviços jurídicos em alerta e à disposição”.
Além disso, “não podemos deixar de condenar a forma como são destratados estes jornalistas, que mudaram de vida para embarcar num novo projeto e agora são descartados, usados como joguetes em projetos inconsequentes, que mudam ao sabor das alterações nas administrações, ainda que o ‘chairman’ seja o mesmo, Marco Galinha”, critica o SJ.
“O despedimento afeta 20 pessoas contratadas pela administração anterior, exonerada a 19 de fevereiro, tem como argumento os salários alegadamente elevados destas pessoas, num cenário de crise do grupo”, prossegue o SJ.
“Não dispondo de dados sobre quanto ganham as pessoas contratadas para o DN nos tumultuosos tempos do fim de 2023, o SJ defende que a solução não é despedir quem ganha mais, é aumentar os salários, muitos de miséria, que se pagam no grupo e sem qualquer atualização, em muitos casos, há 15 ou 20 anos“.
O Sindicato dos Jornalistas “não só estranha o momento como questiona este despedimento numa altura em que estão para entrar no grupo vários milhões de euros, por via do negócio de venda de outros títulos, como o Jornal de Notícias, O Jogo, a TSF”.
O despedimento coletivo hoje anunciado “é a prova mais do que evidente, como se infelizmente mais provas fossem precisas, da degradação da profissão, da urgência e pertinência da greve geral da classe marcada para quinta-feira, 14 de março”, refere o SJ.
Também o Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT) repudiou a intenção de despedimento no DN, considerando que “caso se concretize representará mais uma machadada num órgão de comunicação de referência, com mais de um século de existência, num setor com um número de trabalhadores muito deficitário”.
“O STT mostra-se solidário e estará sempre ao lado dos trabalhadores do Diário de Notícias, da mesma forma que esteve ao lado dos trabalhadores do GMG nas recentes lutas levadas a cabo naquele grupo”, lê-se no comunicado.
O despedimento coletivo na Global Media abrange 17 trabalhadores, de acordo com a justificação desta reestruturação, a que se soma a direção do Diário de Notícias (DN), contratada pela anterior administração.
De acordo com a descrição dos motivos invocados para o despedimento coletivo, a que a Lusa teve hoje acesso, vão ser despedidas 17 pessoas de várias áreas da empresa, desde jornalistas, administrativos e marketing.
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