Porto, Gaia e Matosinhos deverão construir 45 mil casas até 2030
Captar 10 mil milhões de investimento imobiliário e construir e requalificar 45 mil fogos. É este o grande desafio das câmaras do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia.
Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia antecipam captar dez mil milhões de euros de investimento imobiliário, e construir e reabilitar 45 mil casas até 2030, avançaram esta quarta-feira os representantes dos três municípios. Esta projeção foi feita durante uma conferência de imprensa do Greater Porto — estratégia conjunta das autarquias para atrair investimento estrangeiro –, no MIPIM, a maior feira mundial do setor do imobiliário, em Cannes (França) que decorre até esta sexta-feira.
“Entre 2024 e 2030 os três municípios [Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia] conseguirão construir mais de 45 mil fogos“, precisamente numa altura em que a habitação é um dos temas centrais do debate público, avançou o vereador do Urbanismo e da Habitação da câmara do Porto, Pedro Baganha, durante o encontro com os jornalistas portugueses, nesta feira. Na prática, sublinhou, esta projeção “manifesta a competitividade dos três municípios relativamente ao licenciamento urbanístico”. Portanto, reiterou, “há três municípios de maior dimensão em Portugal que conseguem licenciar e construir um número significativo de fogos”.
Pedro Baganha referiu ainda que “a habitação é um dos problemas da Europa Ocidental”, sendo por isso a captação de investimento para habitação uma das prioridades dos três concelhos nortenhos. “Temos de aumentar a oferta de habitação.” Só em 2023 “estes três municípios foram responsáveis por mais de seis mil fogos licenciados e construídos”, calculou o vereador, no Palais des Festivals, precisamente o mesmo local que acolhe o Festival de Cinema de Cannes. O que representou uma taxa de crescimento na ordem dos 20% em relação a 2022, completou, por sua vez, o presidente do Conselho de Administração da Gaiurb, E.M, António Miguel Castro.
Entre 2024 e 2030 os três municípios conseguirão construir mais de 45 mil fogos.
O vereador da Economia da câmara do Porto, Ricardo Valente, destacou, por seu turno, que um dos grandes problemas das cidades mais atrativas e onde há maior investimento e riqueza é precisamente a insuficiente habitação para todos. “É um problema das cidades atrativas que atraem riqueza“, assinalou Ricardo Valente, destacando ainda que “35% das famílias no Porto são monoparentais“. O vereador vai mais longe: “O elefante no meio da sala de que ninguém fala é a imigração. Precisamos de ter habitação em condições para estas pessoas”.
Para criar melhores condições de vida é preciso criar mais riqueza, emprego. Por isso mesmo, o vereador do Porto avançou com o desafio de “trazer para o território mais de 10 mil milhões de euros de investimento imobiliário até 2030”. Verba que será canalizada para diferentes áreas de imobiliário, nomeadamente habitação, indústria, hotelaria e logística.
“No ano passado tivemos mais de 100 milhões de euros captados nos três dias de feira”, calculou Ricardo Valente. “Quando trazemos investimento estrangeiro que cria valor acrescentado estamos a aumentar o poder de compra das pessoas.” É importante “trazer investimento que permita criar emprego, aumentar salário e equilibrar o problema de comprar casa” que no caso da Invicta tem o mercado alemão à cabeça, a que se seguem o francês, britânico e americano que “são países que pertencem ao G7 e são de primeira linha”.
Matosinhos também atrai investidores dos mesmos países, mas com o americano a ter mais peso. “O mercado norte-americano do ponto de vista da criação de valor interessa-nos muito”, frisou a a vereadora do Turismo e Atividades Económicas da câmara de Matosinhos. Já em Vila Nova de Gaia o principal mercado é o israelita.
O elefante no meio da sala de que ninguém fala é a imigração. Precisamos de ter habitação em condições para estas pessoas.
Por tudo isto, os vereadores acreditam que o Greater Porto é um projeto com sucesso garantido. E que os executivos que saiam das próximas eleições autárquicas em 2025 deverão continuar esta estratégia criada pelos três municípios nortenhos. “Governar implica definir objetivos a longo prazo e depois alguém ter de os executar. Temos de ter um horizonte temporal alargado”, concluiu a vereadora da câmara de Matosinhos.
Esta iniciativa conjunta para captar investimento não se cinge apenas às câmaras municipais, uma vez que se fazem acompanhar de 15 empresas, entre elas a Emerge – Mota-Engil Real Estate Developers, Grupo Castro, Cilviria, Lionesa Business Hub, IDS Grupo, Geo Investimentos, VPM Real Estate e Garcia – Garcia.
Ao todo, contabilizaram-se, em 2023, mais de 3.570 empresas estrangeiras com sucursais e sedeadas no Grande Porto e 5.885 novos empregos na Área Metropolitana do Porto, onde residem cerca de 1,7 milhões de pessoas, de acordo com a brochura de apresentação da Greater Porto.
(A jornalista viajou para Cannes a convite da Greater Porto para participar na feira MIPIM).
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Porto, Gaia e Matosinhos deverão construir 45 mil casas até 2030
{{ noCommentsLabel }}