Indústria dos mármores vale 100 milhões de euros à exportação nacional
Com 29 pedreiras ativas, município de Vila Viçosa contabiliza 60 empresas e 270 empregos no setor da extração e transformação de mármore, que vale 100 milhões de euros à exportação nacional.
A extração e transformação de mármore é o principal setor económico de Vila Viçosa, onde se encontram grandes empresas como a Solubena ou o Grupo Galrão. A região alentejana tem 29 pedreiras ativas, concentra 60 empresas e emprega 270 pessoas, de acordo com os dados fornecidos ao ECO pela Assimagra. Já a nível nacional, o setor contabiliza 120 empresas, 600 trabalhadores e 800 pedreiras.
O peso da pedra natural no PIB nacional é de cerca de 0,7%, sendo que o mármore representa cerca de 0,14%. Segundo a associação que representa as empresas dos recursos minerais, Portugal exporta cerca de 100 milhões de euros em mármore, o que equivale a 20% do total das vendas de pedra natural portuguesa no estrangeiro.
A autarquia de Vila Viçosa, liderada pelo social-democrata Inácio Esperança, adianta ao ECO que estão a surgir novas empresas e projetos nos mármores de Vila Viçosa. Nomeadamente, concretiza, através da “aquisição de empresas que estavam em insolvência e que começam a laborar (A. Mocho, Multimármore ou Poeiras), o que corresponde a mais 50 empregos para a região”.
Estrangeiro “extrai” 80% da Solubema
Fundada em 1928, a Solubema assume-se “como a maior empresa produtora de mármore de Portugal” com quatro pedreiras principais de grandes dimensões nos concelhos de Vila Viçosa e de Borba, e mais cinco pedreiras periféricas. A empresa emprega 130 pessoas e fatura 20 milhões de euros.
A Solubema extrai cerca de cinco mil metros cúbicos de mármore por ano, o que representa cerca de 18 mil toneladas. Os mercados internacionais absorvem 80% da extração, com destaque para o Médio Oriente e Extremo Oriente.
Francis Dikran Kezirian, administrador da Solubema, contabiliza ao ECO um investimento de 30 milhões de euros nas últimas três décadas, ou seja, uma média de um milhão por ano. Atualmente está a investir um montante semelhante em máquinas para aumentar a capacidade de produção, em equipamentos de segurança para as pedreiras e em veículos elétricos.
Mármore vale três milhões ao Grupo Galrão
Fundado em 1955, o Grupo Galrão é outra referência na extração, transformação e comercialização de pedra natural. O grupo familiar, que emprega 80 pessoas, conta com duas fábricas — uma em Pero Pinheiro, no concelho de Sintra (mármores), e outra em Monção (chapa) –, duas pedreiras de mármore no Alentejo — uma no concelho de Estremoz e a outra em Pardais, no concelho vizinho de Vila Viçosa, no distrito de Évora — e ainda um armazém no Porto.
Fábrica e máquinas são fáceis de conseguir, basta haver dinheiro para investir; matéria-prima é o que a geologia dá e ponto final.
O grupo extrai cerca de cinco mil metros cúbicos de mármore por ano, o que representa cerca de 18 mil toneladas. O mercado nacional absorve 70% da extração, mas o mármore português chega aos EUA, França, Médio Oriente e a alguns países africanos. Dos oito milhões de euros de faturação global, o mármore representa três milhões, seguido do granito com a mesma quota.
“A matéria-prima é um vetor fundamental do nosso negócio. Fábrica e máquinas são fáceis de conseguir, basta haver dinheiro para investir; matéria-prima é o que a geologia dá e ponto final”, afirma ao ECO Paulo Diniz, administrador do Grupo Galrão que pertence à terceira geração da empresa.
O grupo fundado por Eduardo Galrão Jorge acaba de investir cerca de 130 mil euros numa máquina de serrar para as pedreira de Vila Viçosa. Na fábrica em Monção investiram cerca de 700 mil euros numa máquina para serrar chapa; e na de Pero Pinheiro vai comprar duas máquinas no valor de 220 mil euros.
Entre os projetos mais sonantes do Grupo Galrão está a fachada de vidro de dois andares, emoldurada por um pórtico côncavo inteiramente revestido em mármore Sunrise de Estremoz, no shopping center Lenox Square, na cidade de Atlanta, um dos maiores centros comerciais da região sudeste dos Estados Unidos.
Mármore de Vila Viçosa em Nova Iorque
Três mil toneladas de mármore extraídas de uma pedreira em Vila Viçosa foram utilizadas na construção das fachadas de um novo centro de artes cénicas em Nova Iorque, nos Estados Unidos. A Granoguli é a empresa proprietária da pedreira de onde foi extraída a pedra para as fachadas do prédio.
O Perelman Performing Arts Center foi inaugurado em setembro do ano passado, junto ao local conhecido como “Ground Zero”, que substituiu as torres gémeas e onde existe um memorial e um museu em homenagem às vítimas dos atentados do 11 de setembro de 2001.
A nível global, Portugal ocupa a sétima posição entre os principais produtores e extratores de pedra natural a nível mundial. No ano passado, o país exportou 488 milhões de euros, essencialmente para França, China e Espanha, equivalendo a 0,6% das vendas de bens portugueses no exterior.
Miguel Goulão, presidente da Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais (Assimagra) estima ao ECO que o setor faturou 1,2 mil milhões de euros no ano passado. Em 2022 contabilizava 2.066 empresas (1.652 de transformação e 414 de extração) e 14.052 colaboradores (10.537 da indústria transformadora e 3.515 da extração).
Município melhora acessibilidades
Tendo em conta a importância deste cluster para a economia local, o município de Vila Viçosa adiantou ao ECO que está a melhorar os pavimentos dos arruamentos das Zona Industrial (urbana) de Vila Viçosa, num investimento de aproximadamente 50 mil euros. Inácio Esperança refere ainda que “até dezembro serão efetuadas mais pavimentações no valor de 100 mil euros com o “objetivo de criar acessibilidades a novas empresas e permitir o crescimento de outras”.
Paralelamente, a autarquia está a fazer uma correção material ao Plano de Intervenção em Espaço Rural (PIER) da Vigária (freguesia de Bencatel) “que se encontrava elaborado mas desatualizado, sendo necessário um investimento aproximado de 3,5 milhões de euros (obra), para a implementação”. A autarquia esclarece ainda que nas freguesias de Lagoa e Pardais têm de ser elaborados os Planos de Intervenção em Espaço Rural, o que representa um investimento de 300 mil euros.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Indústria dos mármores vale 100 milhões de euros à exportação nacional
{{ noCommentsLabel }}