Empreendedorismo à procura da ‘receita’ para escalar. ECO magazine chega às bancas
O ECO também é uma edição mensal, premium, em papel, com a assinatura “A ECOnomia nas suas mãos” e o mesmo compromisso com os leitores. A nova edição chegou às bancas.
Engenheira de telecomunicações, aos 24 anos Cristina Fonseca cofundou a Talkdesk, plataforma de contact center na cloud, um dos seis unicórnios nacionais, depois criou a Cleverly.ai, comprada pela multinacional Zendesk, onde é vice-presidente para a área de Produto. A ainda administradora não executiva na Galp é a entrevistada nesta edição especial do ECO magazine dedicada aos empreendedores nacionais.
Empreendedora e investidora — é sócia-fundadora da Indico Capital, empresa de capital de risco que tem 217 milhões de euros sob gestão e já investiu 90 milhões em 49 empresas —, Cristina Fonseca tem uma visão global sobre o empreendedorismo nacional — para o qual ainda se olha como se fosse “um festival” — e os obstáculos que enfrenta.
Não há incentivos para os privados colocarem capital sob a gestão dos fundos e se o SIFIDE (Sistema de Incentivos Fiscais em Investigação e Desenvolvimento Empresarial) trouxe maior liquidez ao ecossistema, a investidora receia que muito desse dinheiro não seja aplicado “de forma produtiva”.
Faltam mais unicórnios nacionais (empresas avaliadas em mil milhões de dólares) — mas duvida que nasçam em “fábrica” — e tecnológicas com dimensão no país. Mais do que o IRS Jovem, a forma de fixar talento no país.
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No momento em que se realiza mais uma edição da Web Summit Lisboa, mergulhamos a fundo no ecossistema de empreendedorismo português e falamos com os protagonistas — fundadores, investidores, incubadoras — para perceber quais os principais obstáculos para o ecossistema escalar. É o tema do Capital: “Nação startup à procura do ‘efeito Ronaldo’ para escalar”.
Na opinião, ouvimos os fundadores de unicórnios e scaleups Marcelo Lebre (Remote), Diogo Mónica (Anchorage Digital), José Sacadura (Powerdot) e Vasco Pedro sobre os desafios que enfrenta o ecossistema e o que mais pode ser feito para o dinamizar.
Nesta edição especial do ECO magazine dedicada aos empreendedores nacionais fomos ainda à cidade dos arcebispos visitar a Startup Braga, incubadora que tem planos para lançar um novo cluster temático, num investimento de cinco milhões de euros. Os planos podem ser lidos no Chão de Fábrica: “Braga acolhe novo cluster de BioMedTech”.
“Como as mulheres estão a transformar a riqueza global (e brevemente o mundo)” foi o assunto em análise nesta edição em Portefólio Perfeito.
O ECO magazine traz também os contributos das diversas marcas que fazem parte do universo ECO.
“Tecnologia abre a porta a fraudes no recrutamento” é o tema desta edição do Trabalho by ECO; enquanto no Local Online ouvimos empresários afetados pelos incêndios em setembro e o resultado é “Depois dos incêndios, empresários aguardam apoios do Estado para recuperar os negócios”.
“Insurtech. O que existe no mercado e o que aprenderam as incumbentes” é o tema proposto no ECO Seguros; e na Advocatus fomos conhecer dois novos projetos no setor: “De grandes escritórios para projetos de raiz. Estes players pretendem marcar pela diferença”.
“Petróleo e gás rendem mais que o ‘verde’. Mas há pressão para a transição” é o tema que pode ler nesta edição em Capital Verde; em Fundos Europeus fomos ver quais os “Projetos do PRR na corda bamba”; e a +M foi ouvir o mercado sobre o fim da publicidade da RTP, no âmbito do Plano de Ação para os Media, avançado pelo Governo: “RTP sem publicidade: prós e contras”.
E depois dos negócios, ficam as sugestões de business & leisure da Time Out, parceira editorial do ECO, com sugestões de espaços para relaxar. Nesta edição voltamos à estrada com o Auto ECO onde, todos os meses, testamos algumas das propostas do mundo automóvel.
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Editorial
O empreendedorismo morreu?
Quando a Web Summit se mudou para Portugal, viveu-se um tempo especial, de esperança, talvez até um pouco ingénua, na força e capacidade do empreendedorismo, especialmente o tecnológico, de mudar o país. Nasceram unicórnios com passaporte português — isto é, empresas que chegaram a uma valorização superior a mil milhões de dólares — a pensar de forma global, de tal maneira que quase todos acabaram por mudar as suas sedes para as capitais onde estavam, e estão, os grandes fundos de private equity. Passados estes anos, ainda temos empreendedorismo?
Nesta edição especial do ECO magazine, que antecipa mais uma edição da Web Summit, uma entrevista exclusiva com Cristina Fonseca, a engenheira de telecomunicações que, aos 24 anos, cofundou a Talkdesk, que é de leitura obrigatória. O fenómeno de criação de unicórnios abrandou em todo o mundo, e não apenas em Portugal. Por outro lado, é particularmente crítica sobre o regime SIFIDE e a aplicação desses fundos. Mas há uma reflexão ainda mais importante, de quem é hoje investidora: “A Talkdesk, a Feedzai, a Outsystems responderam a problemas complexos, agora há muita gente a tentar resolver problemas comuns. Precisamos de mais sofisticação.” A crítica é brutal: fomos tomados pela preguiça, talvez embalados por um cansaço de modelos tipo Web Summit e dos próprios sistemas de incentivos, e não há fábricas de unicórnios que nos salvem.
Os rankings internacionais não servem só para dar boas notícias. Infraestruturas sólidas, bom tempo, baixo nível de custo de vida, talento de engenharia de elevada qualidade e os benefícios para a instalação de startups para fundadores não europeus em Portugal não foram benefícios suficientes para travar “uma das maiores descidas do top 30 global” no “Global Startup Ecosystem Index 2024”, da StartupBlink. Em 100 países e mil cidades monitorizadas, Portugal recuou três lugares para a 29.ª posição a nível global, tendo sido ultrapassado por Itália, e para a 17.ª na Europa.
O ecossistema de startups está na fase de amadurecimento e precisa de encontrar novos modelos de intervenção e de crescimento. Há novos clusters, que podem significar novas oportunidades. A reportagem desta edição na Startup Braga, muito próxima da Universidade do Minho, evidencia também o que são as dores de crescimento ao fim de dez anos, à procura de caminhos. Um deles, que pode ser replicado, é a aposta em setores específicos, que estejam menos saturados, e com capacidade de criar valor e escalar. Em Braga, por exemplo, é na saúde.
A Web Summit perdeu o brilho — ainda não se fez as contas ao custo/benefício dos cerca de dez milhões de euros ano que custa a Portugal, sobretudo quando a promessa de evento exclusivo desapareceu —, mas o empreendedorismo não morreu.
António Costa
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