Turismo académico internacional cresceu 46% em Portugal em oito anos

Educação de qualidade, segurança, multiculturalismo, custo de vida acessível ou estabilidades políticas, económicas e sociais contribuíram para que Portugal testemunhasse um aumento entre 2013 e 2020.

Portugal registou um aumento de 46% nos turistas académicos internacionais, que chegaram a Portugal para frequentar o ensino superior por períodos inferiores a um ano, entre os anos letivos 2013/2014 e 2019/2020, revela um estudo da Universidade de Coimbra (UC). No entanto, há assimetrias regionais com as instituições de ensino superior mais afastadas dos grandes centros urbanos a receberam menos estudantes internacionais em mobilidade,

No artigo científico Exploring Higher Education Mobility through the Lens of Academic Tourism: Portugal as a Study Case, publicado na revista Sustainability, a equipa de investigação nota que “Portugal experienciou um crescimento notável”, impulsionado por “atributos como a educação de qualidade, a segurança, o multiculturalismo, o custo de vida acessível, ou as estabilidades políticas, económicas e sociais” que “contribuíram para que Portugal testemunhasse um aumento de estudantes em mobilidade entre 2013 e 2020”, destaca a docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) e investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da UC, Cláudia Seabra.

Atributos como a educação de qualidade, a segurança, o multiculturalismo, o custo de vida acessível ou as estabilidades políticas, económicas e sociais contribuíram para que Portugal testemunhasse um aumento de estudantes em mobilidade entre 2013 e 2020.

Cláudia Seabra

Docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

As investigadoras revelam ainda que os “os turistas académicos em Portugal (ou seja, os estudantes que estão no país por períodos inferiores a 12 meses) são predominantemente oriundos de outros países da Europa, nomeadamente Espanha (16%), Itália (12%), Polónia (8%) e Alemanha (7%). Já os estudantes internacionais que passam mais de 12 meses em Portugal – por norma, para frequentar ciclos de estudos completos, ou seja, cursos de licenciatura, mestrado ou doutoramento – são maioritariamente oriundos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, com os brasileiros a representar 38% dos estudantes internacionais, seguidos de Cabo Verde (11%), Angola (10%) e Guiné-Bissau (5%).

As autoras reforçam ainda a importância desta dinâmica da mobilidade de estudantes para o turismo no país: “Apesar de representar uma pequena percentagem do total de turistas que visitam Portugal, a sua importância aumentou, especialmente devido à duração média das estadias dos estudantes, que é maior do que a dos turistas convencionais”.

Relativamente aos desafios que o turismo académico enfrenta e enfrentará, esta investigação chama a atenção para “o padrão de crescimento assimétrico pelo país, o que desafia a noção de desenvolvimento regional equilibrado”, refere Cláudia Seabra. De acordo com o mesmo estudo, nos anos letivos 2013/2014 e 2020/2021, foram Lisboa e Porto que receberam mais de 50% dos turistas académicos. Coimbra, Aveiro e Braga receberam 13,5%, 3,6% e 3,4%, respetivamente.

Esta assimetria pode ser enfrentada “com medidas específicas empreendidas pelas Instituições de Ensino Superior (IES) e pelas autarquias. Por exemplo, incentivos como bolsas de estudo e descontos em alojamento podem atrair um número significativo de turistas académicos. Estratégias abrangentes para promover diversas regiões e cidades em Portugal, mostrando as suas características e atrações únicas, atrairão igualmente um público mais amplo”, revelam as investigadoras.

São também desafios a criação de estratégias para envolver os turistas académicos nas comunidades locais e destinos de forma a contribuírem para a sua sustentabilidade. Dina Amaro, estudante da FLUC e primeira autora do artigo científico, acrescenta ainda que “as Instituições de Ensino Superior e as autarquias poderiam contribuir ainda mais, promovendo parcerias com comunidades locais para garantir que o turismo académico beneficie o destino, através do incentivo na colaboração em projetos comunitários, programas de intercâmbio cultural ou iniciativas de voluntariado; incentivar os estudantes a apoiar empresas, mercados e artesãos locais, promovendo produtos, serviços e experiências culturais locais. Isto, por sua vez, contribui para o desenvolvimento económico da comunidade anfitriã”.

Este estudo foi realizado no âmbito do Doutoramento em Turismo, Património e Território da Faculdade de Letras da UC, pela estudante Dina Amaro, primeira autora do artigo científico, e contou com a colaboração das docentes da FLUC e investigadoras do CEGOT, Ana Maria Caldeira e Cláudia Seabra.

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