Municípios dos Açores contra encerramento de balcões de atendimento da SATA
Municípios dos Açores pedem à SATA que reconsidere a decisão de fechar balcões de atendimento. Governo Regional não interfere, mas avisa que vai estar atento à prestação dos serviços.
A Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores (AMRAA) manifestou, esta quarta-feira, “profunda discordância e preocupação” com o fecho de balcões de atendimento da SATA em várias ilhas do arquipélago e apelou à administração que reconsidere a decisão.
Em comunicado, o conselho de administração da AMRAA revela “a sua profunda discordância e preocupação com a recente decisão do Grupo SATA de encerrar os balcões de atendimento ao público em várias ilhas do arquipélago”, a partir de quinta-feira.
“Consideramos que esta medida, que visa concentrar os serviços de atendimento, representa uma séria ameaça ao acesso justo e equitativo aos serviços de transporte aéreo por parte dos residentes de todas as ilhas”, lê-se na nota.
Para a AMRAA, o encerramento dos balcões da companhia aérea açoriana “implica não só a diminuição da qualidade do atendimento, mas também a exclusão de muitos cidadãos, particularmente os mais vulneráveis, os idosos, que podem enfrentar dificuldades em aceder aos serviços de forma digital ou através de canais alternativos”.
Consideramos que esta medida, que visa concentrar os serviços de atendimento, representa uma séria ameaça ao acesso justo e equitativo aos serviços de transporte aéreo por parte dos residentes de todas as ilhas.
A AMRAA apela à administração do Grupo SATA que reconsidere a decisão e “procure soluções alternativas que não prejudiquem o acesso dos açorianos, dos emigrantes e dos turistas aos serviços de transporte aéreo, preservando o princípio da equidade e o direito à mobilidade”.
A SATA anunciou a 19 de julho que vai reorganizar, a partir de quinta-feira, o modelo de atendimento, concentrando os serviços de venda de bilhetes, reservas e informações nos balcões do aeroporto e atendimento telefónico, em vez das lojas.
“A partir do próximo dia 1 de agosto, as companhias aéreas do grupo SATA, SATA Air Açores e Azores Airlines, concentrarão os seus serviços de atendimento aos clientes nos Açores (venda de bilhetes, alterações de reservas e informações gerais) nos balcões de aeroporto e através do Contact Center (serviço de atendimento telefónico)”, informou.
A SATA justificou que a reorganização está inserida “num plano mais abrangente e compreensivo que tem como objetivo assegurar a sustentabilidade da empresa a médio e longo prazo“.
Presidente do Governo dos Açores diz que não interfere na gestão da SATA
O presidente do Governo Regional dos Açores disse, esta quarta-feira, que o executivo não interfere nas decisões do conselho de administração da SATA, mas avisou que, com o encerramento de balcões de atendimento, estará atento à prestação dos serviços.
“Vamos acompanhar de forma muito vigilante toda a situação, confiante de que a SATA sabe o que está a fazer e não diminuirá a disponibilidade de serviços para a população, aliás, porque também quer, tanto quanto eu apurei, reforçar a capacidade de reposta do call center’”, afirmou, em declarações à Lusa, o chefe do executivo açoriano (PSD/CDS/PPM), José Manuel Bolieiro.
Vamos acompanhar de forma muito vigilante toda a situação, confiante de que a SATA sabe o que está a fazer e não diminuirá a disponibilidade de serviços para a população.
A medida da SATA foi contestada por vários partidos e autarquias e, na terça-feira, o PS, maior partido da oposição, exortou o Governo Regional, único acionista da empresa, a dar instruções à administração da SATA para reverter a decisão.
Segundo o deputado socialista Carlos Silva, o contrato de concessão celebrado entre o Governo Regional e a SATA Air Açores, no âmbito da concessão das ligações interilhas 2021-2026, inclui o funcionamento de 16 lojas e a empresa irá encerrar as lojas nos centros urbanos, passando de 16 para nove.
Questionado pela Lusa, à margem de uma sessão de formação para autarcas de juntas de freguesia, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, José Manuel Bolieiro disse que a SATA “é uma empresa do setor público empresarial regional, mas tem autonomia de gestão” e que o Governo Regional “não interfere nas suas decisões”.
“O governo não interfere com o conselho de administração, nem com a gestão da SATA, pelo contrário, e atribuiu a missão ao conselho de administração de salvar a SATA, face ao legado terrível que a SATA tem dos governos anteriores, liderados pelo Partido Socialista”, apontou.
Segundo o chefe do executivo açoriano, “a eficácia da administração será depois julgada pelo governo”, que estará atento à qualidade do serviço prestado à população.
“Na verdade, confio que a avaliação do conselho de administração tenha considerado um benefício para a gestão da SATA. Relativamente aos impactos que tiver na população, o próprio governo estará atento e terá condições de poder depois reagir relativamente à qualidade do serviço”, assegurou.
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