Autárquicas: derrota, sucesso e vitórias de Pirro. Veja aqui como ler a noite eleitoral

Dia com temperaturas altas a convidar ao passeio, este domingo terá a noite autárquica mais quente de sempre. Veja aqui como interpretar derrotas e vitórias à direita, à esquerda e nos independentes.

A capacidade deste PSD, duplo vencedor por poucochinho em legislativas, de voltar a ganhar eleições, algo que não consegue desde 2009; a recuperação do PS depois do descalabro de 18 de maio; o raio X às fundações da muralha de aço do PCP; o ser ou não ser da pólvora seca no Chega; a defesa dos bastiões do CDS com Nuno Melo; a liberal política de coligações do PAN; a afirmação ou não de uma IL com nova liderança; a potencial capitulação do Bloco de Esquerda; a encruzilhada do Livre entre vítima ou agressor num “abraço de urso”; a persistência eleitoral do partido nascido à beira do Aeroporto Cristiano Ronaldo. E os sem partido pelo país fora, puxados apenas pela sua própria marca.

Muito? Não é nem metade do que o seu voto decide neste domingo, e que parte deste panorama abaixo, de há quatro anos, como base comparativa.

Partido Socialista

Nas últimas autárquicas, a perda de Lisboa deixou semblantes carregados no Largo do Rato e nem parecia que os socialistas acabavam de vencer as terceiras autárquicas consecutivas. Naquele ano de 2021, em que a campanha foi feita de caras tapadas por máscaras, António Costa tentava elevar o moral das tropas e realçava a dureza da governação socialista do país naqueles tempos de pandemia.

Hoje, o partido diz adeus a 48 presidentes em exercício, por atingirem o limite de três mandatos, um risco acrescido após a dura derrota para o Chega nas legislativas de 18 de maio.

Dois dos municípios onde se impõe a troca de rostos são exatamente o segundo e terceiro maiores do país, Sintra e Gaia. Na primeira, o perigo não está só na perda da presidência, mas também em quem poderá superar o partido. Permitir ao Chega gritar vitória aqui, como se apresenta possível, seria um duro golpe para o partido incumbente. Em Gaia, há que lutar contra um ex-autarca habituado a vencer por muitos, o “dinoussauro” Luís Filipe Menezes.

Governo em ambas, assim como em Guimarães – onde Carneiro não faltou à campanha do ex-deputado Ricardo Costa para segurar uma autarquia socialista há 36 anos – Loures, Almada, Matosinhos, Amadora, Gondomar, Odivelas, Maia e Vila Franca de Xira, o Partido Socialista lidera metade dos municípios do “top 20” demográfico. O PSD preside a seis. Fazer o balanço no final do dia eleitoral é mais um ângulo para se ler os resultados.

Mesmo nos concelhos onde saia vitorioso, o PS pode sair beliscado. Sempre que o Chega alcance um número relevante de vereadores, o PS terá de gerir as câmaras contra estes. A ordem de José Luís Carneiro é clara: não há acordos com o Chega em lado algum. Quem infringir, perde a confiança do partido. Uma imposição que não se ouviu de Luís Montenegro, autor do “não é não” nacional, em tempos que já lá vão.

As sondagens mostram que o PS tanto pode festejar quatro vitórias nos quatro maiores municípios, como sair derrotado em todos. O mesmo vale para o PSD, sendo que em Sintra, governada desde 2013 por Basílio Horta, até podem perder ambos. A simbologia política para o PS seria difícil de digerir, vendo o seu “carrasco” das legislativas a tomar-lhe o segundo concelho mais populoso do país.

Em Lisboa e no Porto, os socialistas tentam recuperar a liderança perdida em 2001 e 2021. Pizarro já tentou por duas vezes, em 2013 e 2017. Na primeira assumiu pelouros ao lado do presidente independente Rui Moreira, e esse é um trunfo que tem usado na campanha deste ano. “Há portuenses de ocasião, mas eu não sou um portuense de ocasião”, disse, na arruada de quinta-feira, dirigindo-se de forma velada ao social-democrata Pedro Duarte.

Pelo contrário, Alexandra Leitão é uma novata autárquica, mas as sondagens não mostram fragilização face aos quatro anos de experiência governativa de Carlos Moedas. Na sexta-feira, Carlos César assumiu que ganhar em Lisboa “está dependente de muito poucos votos”. Em 2021, Fernando Medina perdeu por menos de 2500.

Entre os parceiros na capital, Mariana Mortágua assumiu um papel de relevo noticioso, o que tanto poderá servir para colar o adjetivo “radical” a Leitão, como tem tentado Carlos Moedas, como acordar o “bloquismo” evidenciado noutras épocas pelos lisboetas e gerar ganhos entre a abstenção e os indecisos de esquerda.

Ferido a 18 de maio, o PS que chega a este domingo reacende uma declaração de Rui Rio, então líder de um PSD fragilizado, antes das autárquicas de 2021: “o que determina, em primeiro lugar, a implantação de um partido na sociedade são as autárquicas”.

Hoje no mesmo cargo de António Costa em 2021, o secretário-geral José Luís Carneiro assegura: “Ganhar Lisboa é ganhar o país”. No final da noite, talvez deseje ter dito como Costa na noite de choque pela derrota de Fernando Medina: “Portugal não é só Lisboa”.

Partido Social Democrata

Luís Montenegro afirmou, ao lado do seu ex-ministro, que a maioria no Porto é possível. As sondagens apontam para a possível derrota face a Manuel Pizarro. Para Lisboa, a mesma receita: afirmação na crença numa maioria absoluta de Carlos Moedas, num cenário de derrota admitida pelas sondagens publicadasANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA 10 outubro, 2025

Há quatro anos, o PSD vinha do pior resultado eleitoral autárquico de sempre, alcançado no consulado de Pedro Passos Coelho, e simbolizado pela derrota copiosa em Lisboa, onde se resumiu a dois vereadores em 17 e praticamente metade da votação do CDS-PP. “Derrotas pesadíssimas”, as de 2013 e 2017, definiu então Rui Rio.

Mas o feito inesperado de Carlos Moedas em 2021 sobre o incumbente Fernando Medina valeu, politicamente, uma vitória nacional, à qual não foram alheias as conquistas de Coimbra ao histórico Manuel Machado e a recuperação do bastião Funchal. Hoje, o PSD tem oito capitais de distrito e o PS apenas cinco.

As sondagens mostram que Lisboa está tremida e em Coimbra o PS, que aqui costuma repartir vitórias autárquicas com o PSD, apostou num novo nome forte, o da ex-ministra Ana Abrunhosa.

Recuperar Sintra e Gaia ao PS – duas das 48 câmaras do país com autarcas socialistas em limite de mandato -, reconquistar o Porto perdido para Rui Moreira em 2013, não deixar cair as capitais de distrito onde se prevê luta renhida, como Faro e Coimbra – e em Braga o liberal Rui Rocha pode, no mínimo, desviar votos de João Rodrigues para o PS – constituiriam motivos de satisfação na Santana à Lapa.

Ainda está fresco na memória o ambiente no quartel-general do PS quando, conquistando mais câmaras, viu Lisboa mudar de Medina para Moedas num volte-face de última hora, arrastando as reações à votação na capital para lá da meia-noite. Nesse dia, a coligação PSD/CDS/PPM/MPT/Aliança teve mais 2.294 votos que o PS/Livre num universo de 243 mil eleitores que foram às urnas. Este ano, a IL junta-se ao PSD e CDS, enquanto o Bloco, o Livre e o PAN alinham na aliança à esquerda. Se todos mantivessem a votação de 2021, o PS somaria mais 9.000 votos que o bloco de direita.

Quatro anos depois, um falhanço de Moedas, para quem Montenegro até vaticina uma maioria absoluta, sem uma compensação de peso, como a reconquista do Porto (onde o líder do PSD repete a fórmula maioria absoluta) e de Sintra, ou Porto e Gaia, deixaria Luís Montenegro num quadro de derrota.

Entre os 308 municípios muito mais haverá a analisar, como a possível perda de Santarém, com o jovem presidente social-democrata a defrontar o vizinho socialista de Almeirim, que ali atingiu limite de mandatos. Um dos concelhos onde a votação do Chega poderá definir um vencedor por poucos.

O teste do algodão das escolhas da direção nacional contra a vontade das estruturas locais também será interessante, com os olhos postos em Maria das Dores Meira, em Setúbal, e em José Bizarro, o candidato que Lisboa impôs à estrutura de Mafra, levando o ainda presidente Hugo Luís a concorrer como independente.

CDU

Quando dois terços dos presidentes de Câmara de um partido não se apresentam a eleições por atingirem limite de mandatos, a missão afigura-se particularmente desafiante.

O PCP, nas suas três coligações em meio século – FEUP, APU e CDU –, já se apresentou como um grande partido autárquico, daqui retirando boa parte da sua força nacional, mas agora restam-lhe 19 presidentes dos 55 que chegou a ter.

Nas três eleições legislativas decorridas no período deste mandato autárquico, o partido viu-se envolto na polémica da invasão da Ucrânia e perdeu mais de 20% da sua base eleitoral no país, mas Paulo Raimundo terminou a arruada de sexta-feira a dizer que o partido está “confiante de que não só vai manter como ganhar outras câmaras”.

Se nos anos anteriores a erosão tem sido provocada pelo PS, que lhe tomou as populosas Alcochete, Almada, Barreiro e Loures, entre outras, este ano há uma nova dor de cabeça, o Chega. A 18 de maio, o partido de Ventura obteve oito vezes mais votos que os comunistas e venceu bastiões comunistas como Seixal, 12.º maior município português, e Setúbal, 22.º mais populoso no país.

Entre os concelhos onde o PCP tem de trocar de candidato por o seu autarca atingir limite de mandatos constam as duas únicas capitais de distrito onde é poder, Évora e Setúbal. Bastará perder uma delas para se falar de forte derrota, e se ambas caírem haverá uma noite soturna na sede da Soeiro Pereira Gomes.

Na primeira, João Oliveira foi chamado de Bruxelas para segurar o lugar conquistado por Carlos Pinto de Sá desde 2013. Pela frente tem uma figura de proa do Partido Socialista eborense, o ex-deputado em São Bento e ex-secretário-de-Estado Carlos Zorrinho.

Setúbal parece ainda mais complexo: o incumbente, André Martins, tem pela frente a sua anterior presidente, Maria das Dores Meira, independente apoiada pelo PSD, e vê o antecessor desta, o também ex-comunista Fernando José, aparecer como mandatário do PS. Se parte relevante dos eleitores se dispersar, André Martins, que em 2021 ganhou ao PS por 2.000 votos num total de 44.500, ficará em apuros.

Um dado adicional é a manutenção de vereadores nas cidades mais influentes. Se em Lisboa a questão será se João Ferreira tem companhia, no Porto o PCP poderá ficar reduzido a zero, segundo mostram as sondagens, o que seria inédito no partido que já somou dois mandatos.

Voltando a Lisboa, um dos temas quentes da campanha terá a prova dos nove nesta noite: será um bom resultado de João Ferreira – às custas da candidatura de Alexandra Leitão – decisivo para deixar Carlos Moedas como o mais votado?

Além de Évora, também Alcácer do Sal, Arraiolos, Avis, Benavente, Cuba, Grândola, Monforte, Portel, Silves e Sobral de Monte Agraço terão novo candidato comunista. E no Seixal o Chega lançou uma das suas mais conhecidas deputadas para a presidência.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

CDS

O CDS é o maior dos pequenos partidos. Não só está em coligações com o PSD pelo país fora, incluindo na capital, como detém seis maiorias absolutas. EPA/TIAGO PETINGAMIGUEL A. LOPES/LUSA

Nuno Melo vai ter um teste de fogo à sua liderança neste domingo, não podendo fazer pior que o seu antecessor, Francisco Rodrigues dos Santos, de quem foi forte opositor.

Há quatro anos, o partido formou coligações com o PSD em 135 autarquias e venceu nelas mais de 40. Ao todo, contabilizava oito capitais de distrito com o PSD, nas quais necessita de trocar de candidatos em Aveiro e Faro, entre outras cidades do país.

“Somos o único partido que participa em simultâneo na governação de Lisboa, Porto, Coimbra e Funchal”, dizia então Rodrigues dos Santos, salientando ainda as seis maiorias absolutas obtidas a solo. Agora, Melo não tem a “vitória cantada” no Porto como “Chicão” teve – o CDS apoiava Rui Moreira -, nem pode festejar uma vitória inesperada em Lisboa, onde ganhar é “obrigação” de incumbente. Adicionalmente, na capital não terá a vice-presidência e perdeu espaço para a Iniciativa Liberal.

Na campanha, Nuno Melo picou o ponto nas suas seis câmaras no continente, Açores e Madeira. Há candidato novo em Albergaria, Vale de Cambra e no concelho açoriano de Velas.

“Eu sei como o CDS estava em 2022 quando fui eleito presidente num congresso”, dizia Melo esta semana. Mas “Chicão” também sabe como deixou o partido em 26 de setembro de 2021.

Chega

Cara omnipresente nos cartazes espalhados pelos municípios portugueses, André Ventura quer e precisa de fazer desta eleição um momento de verdade para o seu partido. O PCP mostra que, mesmo com votações a um dígito em legislativas, é na força autárquica que se forja um partido nacional. MIGUEL A. LOPES/LUSAMIGUEL A. LOPES/LUSA

Alcançar uma Câmara já permite clamar vitória, como afirmou Pedro Pinto ao ECO/Local Online? Exige-se, no mínimo, superar as seis do CDS? Não pode ficar abaixo das atuais 19 do PCP? Ou, perante a dimensão atingida a nível nacional no dia 18 de maio, com 1,44 milhões de votos a 18 de maio, tem mesmo de arrecadar as 55 câmaras que o PCP já chegou a ter e afirmar-se finalmente como o terceiro partido autárquico português?

André Ventura fechou a campanha a dizer que quer vencer o PSD no Norte e o PS no Sul. Na grande vitória nas legislativas, foram amealhados primeiros lugares em 60 concelhos, 21 dos quais onde ocorre limite de mandatos dos atuais presidentes. Entre eles, os algarvios Castro Marim, Olhão, Portimão e Silves, três terras onde superou 35% nas legislativas.

Mas a questão numérica não será obrigatoriamente a mais relevante. O partido pode conquistar um concelho em cada um dos quatro distritos do Alentejo e Algarve e isso valer menos que uma só conquista ocorrida num grande concelho.

Explicamos: Vila do Bispo (Faro), Barrancos (Beja), Viana do Alentejo (Évora) e Alter do Chão (Portalegre) são quatro dos concelhos vitoriosos para o Chega a 18 de maio, e onde, por isso, terá hipóteses teóricas de vitória a 12 de outubro. No somatório dos quatro concelhos, votaram no partido 2296 pessoas, quantidade suficiente para o partido reclamar vitória nesse quarteto.

Contudo, sendo matematicamente exato que quatro é maior que um, a vitória de Rita Matias em Sintra, município com 400 mil pessoas, teria impacto nacional, ao passo que a conquista de quatro pequenas autarquias não dará grande lastro ao novo departamento de controlo autárquico centralizado em Lisboa, prometido esta semana por Ventura.

No domingo se saberá se o socialista Francisco Assis estava certo, quando esta semana vaticinou “o primeiro grande apagão eleitoral do Chega”.

É este o dilema da análise ao Chega: por um lado, vem de uma base autárquica praticamente inexistente; por outro, o grande resultado das legislativas aumenta a pressão para ver, também a nível local, o que vale afinal o Chega.

Juntos Pelo Povo

O partido dos irmãos Élvio (à direita) e Filipe Sousa tem, no mínimo, de segurar a Câmara onde nasceu como movimento de cidadãos em 2013. Mas se, além de Santa Cruz, conquistarem o vizinho Funchal, têm uma vitória inquestionável.

Nascido como movimento de cidadãos pela mão de dois irmãos do município de Santa Cruz, o JPP só se transformou em partido para poder candidatar-se à Assembleia Regional da Madeira. Este ano chegou ao Parlamento nacional.

Governada pelo JPP desde 2013, Santa Cruz é a grande aposta do partido de Élio e Filipe Sousa. Este, após 12 anos de governação em Santa Cruz, apanhou o avião no aeroporto do seu concelho e entregou, em junho, a Câmara à sua vice-presidente.

Uma não vitória de Élia Ascensão na autarquia tomada ao PSD em 2013 é a maior derrota que o JPP pode enfrentar. A maior vitória seria tomar a capital, Funchal, onde candidata Fátima Aveiro contra candidatos novos no PSD e PS.

Iniciativa Liberal

Rui Rocha é o único que permite, de forma racional, ambicionar uma presidência de Câmara para a IL. ANTONIO PEDRO SANTOS/LUSAANTONIO PEDRO SANTOS/LUSA

Parceira em várias coligações de diferentes alinhamentos com partidos da direita, a Iniciativa Liberal (IL) não deverá conseguir melhor que eleger vereadores nas potenciais vitórias de Carlos Moedas, em Lisboa, e Pedro Duarte, no Porto.

Na capital, o lugar de destaque dado à IL até provocou uma “crise de ciúmes” no CDS, com Nuno Melo a chegar a ameaçar ir a votos a solo, como vai acontecer em Sintra. No segundo maior município do país, a IL alia-se também ao PSD, na candidatura de Marco Almeida, mais um potencial ponto para Mariana Leitão reclamar uma grande vitória nas primeiras eleições onde aparece como presidente do partido.

No campo da razoabilidade, a conquista de uma presidência de Câmara a solo só poderá ser ambição com o bracarense Rui Rocha, até há pouco líder do partido e um dos 10 candidatos a Braga.

Ricardo Rio está em limite de mandatos e a força eleitoral de João Rodrigues, candidato do PSD, não foi testada. O PS tem um ex-autarca da equipa do polémico Mesquita Machado. Rocha apareceu esta semana ao lado do presidente do Sporting Clube de Braga a falar de um tema querido para os bracarenses, a aquisição do Estádio Municipal (“pedreira”) pelo clube, tema que tem motivado tensões entre António Salvador e Ricardo Rio.

Bloco de Esquerda/Livre

Rui Tavares e Mariana Mortágua ao lado da única vereadora da Câmara de Oeiras não alinhada com Isaltino Morais no mandato que agora termina. Livre e BE uniram esforços, mas será que Tavares dá o “abraço de urso” ao partido com o qual chegou ao Parlamento Europeu? ANTÓNIO COTRIM/LUSAANTÓNIO COTRIM/LUSA

A colocação aqui dos dois partidos em par resulta da estratégia de candidaturas em coligações a dois, ou mais alargadas, como a verificada em Lisboa, onde ambos apoiam Alexandra Leitão.

Há quatro anos, no balanço das autárquicas, uma das alas do Bloco de Esquerda destacava a “pesada derrota”, após perder dois terços dos vereadores, de 12 para quatro – Lisboa, Porto, Almada e Salvaterra de Magos.

Nestes quatro anos em que os portugueses foram chamados três vezes a legislativas, o Bloco encolheu e ao seu lado ganhou dimensão o Livre, fundado por um ex-independente eleito pelo Bloco para Bruxelas.

Almada é exemplo do desinvestimento do Bloco nas autárquicas: na terra onde Joana Mortágua era eleita há duas autárquicas seguidas, é o Livre que indica o cabeça de lista.

O Livre tem atualmente uma Câmara presidida com o PS, Felgueiras. Já o Bloco continua arredado da liderança de autarquias desde a fugaz presidência de Salvaterra de Magos. Na candidatura a Lisboa, o Livre tem, à luz do resultado de 2021, dois vereadores em lugar elegível e o Bloco um.

Perante o risco de “abraço do urso” dado pelo PS, Rui Tavares alivia a pressão e até pode anular o partido de Mariana Mortágua.

PAN

O partido de Inês Sousa Real tem a geometria mais variável destas eleições, firmando coligações ao longo do país com BE, PS, PSD, MPT, CDS, IL e independentes.

As candidaturas aos dois maiores municípios, Lisboa e Sintra, são exemplo da amplitude de movimentos do PAN: no primeiro está com a socialista Alexandra Leitão ao lado do BE e Livre; em Sintra está com o social-democrata Marco Almeida e a Iniciativa Liberal. No Porto apoia o independente Filipe Araújo e em Faro está com PSD, IL, CDS e MPT.

Sem qualquer vereador eleito em 2021, o partido de Sousa Real até poderá eleger em Lisboa, onde o seu oitavo lugar na lista de Alexandra Leitão corresponde ao último vereador eleito em 2017.

Independentes

Intitulam-se “o terceiro partido” em Portugal, com o mesmo número de câmaras que a CDU. Este ano perdem Rui Moreira no Porto – Filipe Araújo, que reclama para si o legado de Moreira, está em risco de nem sequer se eleger para vereador, apontam as sondagens – e Pedro Santana Lopes, o incumbente na Figueira da Foz, “realistou-se” no PSD. Em contraponto, afigura-se possível a conquista de Setúbal, com Maria das Dores Meira. Não é provável que percam Oeiras, com Isaltino Morais.

Entre os independentes que atingem limite de mandato, Rui Moreira é o grande desfalque.

 

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