10 de junho e sete perguntas para a marca Portugal

  • Rosália Amorim
  • 2 Junho 2025

Estará a marca Portugal a trabalhar para o seu povo? Ou apenas ocupada com a espuma dos dias, as eleições que se tornaram um ato banal e os sound bites para as televisões e redes sociais?

A palavra “Portugal” remete-nos para um dos países mais antigos do continente europeu, com as suas raízes na história e geografia. A etimologia (estudo da origem das palavras) associa-a à expressão “Portus Cale”, nome de uma antiga cidade na foz do Douro, onde hoje é o Porto. O termo “Portus” significa porto em latim, enquanto “Cale” é um nome celta, equivalente a um lugar ou fortificação. Será a marca Portugal uma fortificação, mas de portas abertas ao mundo e a novas ideias ou cada vez mais confinada ao seu cantinho?

A palavra expressa não só a geografia, mas a história de comércio marítimo, dos grandes feitos e a identidade de um povo. Nação independente desde o século XII, acumula um pote de riqueza cultural de diversas civilizações o que dá às suas pessoas um ADN único.

Em boa parte devido aos Descobrimentos, quando Vasco da Gama e Fernão de Magalhães levaram Portugal ao mundo, o significado da palavra passou evocar também aventura, risco e intercâmbio. Hoje a marca Portugal é tudo isso?

Na atualidade, o significado da palavra Portugal é associado a Cristiano Ronaldo e a um destino turístico popular e acessível. A atividade turística tornou-se vital para a economia e Portugal passou a rimar com ‘saber receber’. Saberá a marca do país dar sustentabilidade a esse significado?

Portugal significa ainda CPLP — Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Guiné Equatorial e Portugal são os membros desta ‘família’, que poderia entreajudar-se muito mais, sem toques de colonialismo e fortalecendo as pontes e as relações que o idioma ainda permite. Estará a marca Portugal a aproveitar bem este mar de oportunidades que é a CPLP?

Portugal significa ainda Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Florbela Espanca, Eugénio de Andrade, José Saramago. A literatura, a arquitetura e as artes são expressões vivas da alma portuguesa com potencial de abrir portas nos cinco continentes. Estará Portugal a abrir essas portas e janelas, tornando a cultura um eixo de aproximação entre os povos e uma forma de ‘vender’ o país lá fora?

Portugal é habitado por um povo resiliente e adaptável — ou melhor dizendo, que sabe ‘desenrascar’ mesmo perante as piores adversidades. Superação é o apelido de muitos ‘Zés e Marias’ pelo país fora, que não desistem, mesmo quando o Estado lhes falta na saúde, nas pensões, na educação dos filhos ou na justiça nos tribunais. Estará a marca Portugal a trabalhar para o seu povo com o intuito de lhes permitir melhoria dos seus rendimentos e uma melhor qualidade de vida? Ou estará a marca Portugal apenas ocupada com a espuma dos dias, as eleições que se tornaram um ato banal e os sound bites para as televisões e as redes sociais?

No 10 de Junho façamos todos o exercício de tentar encontrar respostas para estas perguntas.

  • Rosália Amorim
  • brand, marketing & communication director do portuguese cluster da EY

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