A marca

  • Vitor Cunha
  • 4 Março 2024

Na política partidária espera-se do líder o que se espera do grande empresário: confiança, objetivos, proposta, liderança, valor. Se calhar Mariana Mortágua é mais parecida com Trump do que imagina.

No domingo à noite veremos o valor que o mercado atribuiu às marcas, propostas e lideranças. Os partidos não são empresas, nem devem ser, mas há alguns pontos de contacto que merecem ser cotados.

O valor de uma marca obtém-se considerando um conjunto de fatores qualitativos e quantitativos, tangíveis e intangíveis. Por vezes diz-se que “uma empresa cotada vai todos os dias a votos”; um partido submete-se à vontade das pessoas em eleições e assume o risco: se tem uma boa proposta de valor, tem mais votos.

O papel do CEO é determinante numa grande empresa ou num partido. Elon Musk, Jeff Bezos, Bill Gates ou Donald Trump são marcas dentro de marcas e o sucesso de um anda, normalmente, associado ao da empresa que lideram.

Na política partidária espera-se do líder o que se espera do grande empresário: confiança, objetivos, proposta, liderança, valor. Se calhar Mariana Mortágua é mais parecida com Trump do que imagina, ou quer fazer crer.

O Partido Conservador inglês é a agremiação mais antiga do mundo, mas está longe de ser o maior. Aliás, os maiores partidos estão na Índia e na China, como seria de esperar.

Ao longo da sua história (nascidos em 1934) os valores e propostas dos conservadores ingleses foram mudando, o que é natural e até desejável. Ainda recentemente vimos como num absolutamente definidor, o Brexit, o partido ziguezagueou face à necessidade de ir ao encontro do mercado eleitoral (ou das pessoas votantes). E esse é, no fim do dia, o objetivo de qualquer partido: servir as pessoas. Não se serve as pessoas se não houver capacidade de as entender. Muitas empresas e partidos perdem (perdem-se) porque são demasiadamente arrogantes e não querem ver os seus preconceitos face ao mercado e ao mundo que os circunda.

Por cá veremos o que o nosso povo de Portugal inteiro dirá de Pedro Nuno Santos e de Luís Montenegro. São líderes que vão a votos pela primeira vez e não vão ser avaliados pelo que já fizeram, mas pelo que prometem vir a fazer. Embora Pedro Nuno Santos tenha sido ministro há relativamente pouco tempo, no deve e haver da sua governação somam-se ações e algumas confusões que anulam efeitos, ou não são suficientes para gerar uma convicção. Montenegro tem experiência parlamentar, mas não tem governativa. Já tivemos muitos governantes sem essa experiência (Passos Coelho), e outros com muita (José Sócrates) e há muitas dúvidas de que tanto traquejo tenha sido bom para o país. Diria que não.

Há métodos diversos de avaliação das marcas – da sua capacidade para gerar valor – mas só há uma forma de medir a relevância de um político ou de um partido. Na assembleia geral de domingo ver-se-á se os acionistas preferem o homem que não quer “arrastar os pés”, ou o homem mais tranquilo; o voluntarista energético ou o ponderado.

  • Vitor Cunha
  • CEO da JLM & Associados

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