Be like water

  • Edson Athayde
  • 10 Abril 2023

Advogamos que o modelo fluído tem tudo a ver com o conceito de criatividade, palavra que, não por acaso, rima com liberdade e flexibilidade.

Na mitologia grega, Panaceia, neta de Apolo, o deus da medicina, era a divindade que trazia a cura para todos os males. Desde então usamos o seu nome para representar as soluções perfeitas, para significar os remédios que funcionam para tudo.

O certo é que não há panaceias de verdade. O que serve de ajuda para um, pode ser um veneno para outro. É assim no mundo, como na vida empresarial.

Há um ano, a empresa na qual sou CEO, uma agência de publicidade, optou por um novo formato nas relações. Entre o modelo presencial e o remoto, criou um terceiro, o modo fluído.

Quando digo a empresa, não estão a usar uma figura de linguagem. Antes de optarmos por abrir mão do nosso confortável e bonito escritório, perguntamos aos colaboradores como queriam viver e trabalhar depois da pandemia.

Achávamos que haveria uma divisão de 30% e 70% entre os que gostariam de voltar à vida de antes e os que, pesadas bem as coisas, achavam que já não era necessário o encontro na empresa todos os dias.

Não foi bem assim. A totalidade dos colaboradores queria trabalhar a partir de onde bem entendesse. Argumentaram que não compensava as deslocações, o stress do trânsito, o tempo perdido. E foram atendidos.

O modelo fluído que adotámos transformou todos em nómadas digitais, mesmo que tenham contrato fixo. As nossas pessoas podem agora viajar, e passar longas temporadas em outros países, que está tudo bem. Se quiser trabalhar a partir da praia, do shopping, do café do museu, não é da minha conta também.

De vez em quando, até há algum trabalho presencial, nomeadamente quando queremos amplificar a troca de ideias ou para certas funções administrativas. Mas, isto já soa mais como um eco do passado do que uma necessidade real do presente.

Continuamos a ter uma cultura de empresa forte e nos divertimos muito quando nos encontramos em almoços ou atividades culturais que promovemos. Estamos felizes com a solução atual, sabendo que não é perfeita e que não será eterna.

Não temos nada contra com outras agências que preferem manter os seus escritórios e a promover o trabalho presencial. Cada um sabe do seu cada um.

Mas advogamos que o modelo fluído tem tudo a ver com o conceito de criatividade, palavra que, não por acaso, rima com liberdade e flexibilidade.

Ou como diria o meu Tio Olavo, a citar as palavras do ator Bruce Lee: “Se nada dentro de si for rígido, as coisas externas se revelarão. Esvazie sua mente, seja sem forma. Sem forma, como a água. Se coloca água num copo, ela se tornará o copo. Se coloca água numa garrafa e ela se torna a garrafa. Se coloca num bule, ele se torna o bule. A água pode fluir. Seja água, meu amigo”.

  • Edson Athayde
  • CEO e CCO da FCB Lisboa

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