Em matéria de resultados eleitorais tudo está em aberto

Que tipo de comunicação política e que ferramentas podem sair vencedoras ou obter ganhos eleitorais? O papão da ida do Chega para o Governo funcionou uma vez e deu o voto útil ao PS e a António Costa.

As campanhas eleitorais estão aí. O Governo capitaliza a obra feita e os resultados da governação. O PS apoderou-se do discurso das contas certas. O Congresso do Partido Socialista sagrou Pedro Nuno Santos e, na linha a que nos habituou, teve uma grande produção, sofisticada e bem concretizada. Algum excesso de grafismo. Pedro Nuno Santos pretendeu passar uma imagem de união, de político descontraído, moderno, humilde, que dá a mão à palmatória perante erros do passado recente, capaz de fazer pontes entre passado, presente e futuro.

O PSD protagonizou o arranque da nova Aliança Democrática, aparecendo com figuras políticas que não têm militância partidária a quem juntou os logos do CDS e do PPM e os seus líderes atuais. A imagem transmitida foi pouco produzida, austera, diria menos atraente. Montenegro procura recriar a dinâmica AD.

O PS de Pedro Nuno Santos pecou por excesso de produção, o que pode deixar uma perceção de artificialismo e pode ter retirado força à substância das mensagens. E este é o perigo que deve ser acautelado pelo PS até ao dia das eleições.

O PSD, a AD de Montenegro, corre o risco de não ter passado a dinâmica de um novo ciclo. As suas equipas devem encontrar o ponto certo para equilibrar as exigências de forma com as de substância das propostas.

O Bloco de Esquerda e a Iniciativa Liberal vão lutar para manter a representação. Serão iguais a eles mesmos. O PAN e o LIVRE vão fazer campanhas de nicho para ganharem um grupo parlamentar.

Já o Chega de André Ventura não tem visto a suas propostas e afirmações devidamente examinadas e tem sido prendado com acusações de antidemocrático, de racismo, de ser de extrema-direita populista, e com outros epítetos que permitem continuar com o seu discurso de capitalização de legítimos descontentamentos populares.

Quanto a resultados eleitorais para dia 10 de março, está tudo em aberto: tanto pode ser mais votado o PS, como pode a AD. A tripla PS/Pedro Nuno Santos e Governo aparentam vantagem. Mas Luís Montenegro percorreu o país profundo e se reunir uma equipa credível, como as expectativas são baixas, pode surpreender.

O PCP está a fazer um esforço para recuperar eleitorado, com a ultra coerência que mantém na forma e na substância do discurso político. O que o prejudica, por ir contra a corrente.

Que tipo de comunicação política e que ferramentas podem sair vencedoras ou obter ganhos eleitorais?

As que permitam conhecer as razões do afastamento entre cidadãos e partidos e as causas do descontentamento, medos e anseios dos cidadãos. As que permitam conhecer o que atrai o voto nas forças populistas. O papão da ida do Chega para o Governo funcionou uma vez e deu o voto útil ao PS e a António Costa. Será que vai funcionar de novo?… O desperdício de uma maioria inesperada retirou-lhe o argumento da estabilidade e pode aumentar a abstenção do eleitor PS.

Mas, salvo os sabichões do dia seguinte, ainda é cedo para ter certezas.

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