Liderar uma equipa em crescimento é como jogar o antigo tetris

  • Catarina Oliveira
  • 15 Maio 2023

Ser um adulto no mundo do trabalho não significa que estejamos estáveis e plenos. Pelo contrário, é como se fosse um jogo constante de níveis por desbloquear.

Muito tem sido escrito sobre liderança e existem, sem dúvida, livros que dão uma visão crucial sobre o assunto. No entanto, a verdade é que o maior exercício de liderança é (sem surpresas)… ser um líder. E, quando nos deparamos com uma situação de rápido crescimento, o que já era complexo atinge agora um novo grau de complexidade.

Para se ser um líder é necessário um trabalho interno profundo, que envolve questionar crenças internas e a capacidade de se desenvolver pessoalmente ao mesmo tempo. Exige uma grande capacidade de observar e trabalhar com a equipa tendo em mente os seus próprios valores, desafios e personalidades. Podemos dizer que é como jogar tetris (millennials, ainda se lembram daquela música irritante?): temos de conhecer todas as peças e dominar todas as combinações num tempo limitado enquanto irmãos, primos e amigos fazem o seu melhor para nos distrair. Não é uma tarefa fácil, mas se conseguimos antes, não há maneira de não conseguirmos agora!

  • Seja o líder que gostaria de ter. Independentemente de ter pessoas inspiradoras em posições de liderança, é crucial que cada líder invista tempo para que possa ser a sua melhor versão possível. Isto irá inspirar em termos de resiliência, autoestima e empoderamento. Há dois pilares fundamentais quando se trata de liderar pelo exemplo. O primeiro é comunicar de uma forma assertiva e clara para que todos compreendam a cultura e os objetivos da empresa, bem como o que é esperado de cada um. Isto é particularmente importante quando se tem como objetivo a retenção de talento, pois muitas vezes as pessoas demitem-se porque não se sentem comprometidas nem envolvidas com a empresa. A segunda é estar sempre aberto a dar e receber feedback. Todos nós cometemos erros e ver o nosso chefe reconhecer um fracasso e partilhar o que aprendemos com ele é inestimável.
  • Desenvolva inteligência emocional. Ser um adulto no mundo do trabalho não significa que estejamos estáveis e plenos. Pelo contrário, é como se fosse um jogo constante de níveis por desbloquear. Todos carregamos uma bagagem emocional, quer da nossa infância, quer do nosso dia-a-dia, que transparece quando gerimos pessoas. Pode acontecer quando observamos confrontos dentro da equipa (que por vezes não nos sentimos à altura para resolver) ou quando lidamos com o facto de recrutarmos a pessoa errada tendo em conta os valores da empresa. Também é importante aceitar que pode ser, por vezes, um trabalho muito solitário, especialmente quando precisamos de tomar decisões que vão contra os valores e expectativas dos outros. Conhecer-se muito bem a si próprio e trabalhar a sua flexibilidade mental é fundamental para o sucesso.
  • A síndrome do Impostor é-lhe familiar? Em especial para as mulheres. Já alguma vez sentiu que não é tão competente ou inteligente como os outros possam pensar e que em breve as pessoas descobrirão a verdade a seu respeito? Os últimos estudos mostram uma realidade muito preocupante: 75% das executivas inquiridas relataram ter sentido o Síndrome de Impostor e 53% das inquiridas entre os 25-34 anos de idade estão atualmente a ter essa experiência. 85% das mulheres não falaram com alguém no trabalho sobre as suas lutas, por medo de serem vistas como fracas. Vamos deixar claro: você não é uma fraude! Há algumas estratégias eficazes para lidar com o problema, tais como falar abertamente sobre o mesmo nos seus círculos pessoais e profissionais, assim como partilhar os seus conhecimentos com outros, dando palestras ou aulas. Por mais assustador que seja no início, com o tempo todo o feedback positivo recebido irá diminuir a ansiedade. Mais importante ainda, impedi-la-á de se auto sabotar de todo o sucesso e realização que merece. À medida que a equipa cresce, este sentimento pode aparecer, crescer ou tornar-se num enorme monstro. É essencial enfrentá-lo e criar um espaço seguro no trabalho para partilhar lutas e superá-las em grupo.
  • Aprenda a ser um essencialista. No seu livro Essencialismo, Greg McKeown salienta alguns passos simples, mas incríveis, para desenvolver uma nova mentalidade que o ajudará a trabalhar melhor, mais eficientemente e, por fim, a ser mais feliz na vida. Especialmente quando há um crescimento exponencial dentro das empresas, é necessária uma nova disciplina sistemática. Torna-se fulcral aprender a investir tempo e energia de maneira sábia, para que se possa dar o maior contributo possível, fazendo apenas o que é essencial. Estabelecer e comunicar limites, dedicar tempo não negociável ao trabalho profundo e aprender a dizer não são algumas das estratégias que todos podemos implementar e inspirar os membros da equipa a seguir também.

Ser um líder e dominar o tetris pode ser espantoso e assustador ao mesmo tempo. Quanto mais pessoas tivermos de gerir, mais altos serão os níveis do jogo. É definitivamente um grande desafio com inúmeros momentos de teste e erro, lágrimas e vitórias ao longo do caminho, e essa é a magia de estar vivo!

  • Catarina Oliveira
  • Diretora da Canela Portugal

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